sexta-feira, 30 de junho de 2023

Ganho muscular é igual em treinos com carga alta ou mais repetições

Estudo realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) constatou que fazer exercícios resistidos (musculação) com carga mais pesada ou fazer um maior número de repetições promovem o mesmo ganho de massa muscular após o mesmo período de acompanhamento.

Outra constatação da pesquisa é que a resposta metabólica do organismo após os dois tipos de treino também é semelhante, ou seja, qualquer modelo que a pessoa escolher terá um resultado similar. Os resultados foram publicados na revista científica Metabolites

O estudo foi conduzido com 18 voluntários que foram acompanhados pelos pesquisadores durante oito semanas com protocolos de treinos diferentes para os membros inferiores: leg-press e cadeira extensora.

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Parte dos voluntários fez os exercícios com carga mais alta (até 80% do máximo de peso que a pessoa conseguia levantar) e menor número de repetições (de 8 a 12, até chegar na falha, quando o músculo não responde mais) e outro grupo fez séries com menos carga (até 30% do máximo de peso), porém com mais repetições (de 30 a 40 vezes, até a exaustão).

Segundo o professor Renato Barroso, da Faculdade de Educação Física da Unicamp e orientador do estudo, os treinos aconteciam duas vezes por semana, durante cerca de 30 minutos.

O volume de massa muscular foi medido na primeira e na última sessão de exercícios por meio de um ultrassom na parte anterior da coxa.

A ativação muscular foi avaliada por meio de um exame chamado eletromiografia, com eletrodos que monitoram a atividade elétrica dos músculos

“O treino resistido, de força, é reconhecido para promover a hipertrofia muscular, mas não está totalmente claro se o mais eficiente para ganho de massa é valorizar o peso da carga ou o número de repetições. Com os nossos resultados chegamos à conclusão de que os dois treinos chegaram a resultados muito semelhantes, com hipertrofia igual”, afirmou o professor Barroso.

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O ganho médio de massa muscular no fim do período de avaliação foi de 6% nos dois grupos avaliados. 

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Mas como o objetivo principal era saber se havia alterações metabólicas diferentes no organismo dependendo do tipo de treino, os pesquisadores precisavam avaliar o estresse metabólico – que são as substâncias liberadas na circulação sanguínea após o esforço físico.

Para isso, eles coletavam amostras de sangue dos participantes em três momentos: em jejum (antes do treino); cinco minutos depois do treino e uma hora depois do fim dos exercícios. 

Essa ação – chamada análise metabolômica – detectou a variação de 50 metabólitos (produtos do metabolismo) no sangue quando ocorria a ativação dos músculos em ambos os treinos, com pouca variação entre eles.

Apenas seis deles estavam mais alterados e os pesquisadores foram avaliar a sua relação com a hipertrofia.

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“O objetivo da pesquisa era entender se havia uma diferença de resposta metabólica [diferenças na forma como o músculo produz energia] de acordo com o treino realizado. O esperado era encontrar vias energéticas diferentes associadas à hipertrofia, mas não foi isso que encontramos. Concluímos então que não há diferença nem em termos de ganho de massa muscular e nem de estresse metabólico nesses dois tipos de treino. O importante é treinar”, afirmou. 

Segundo Barroso, uma questão importante a ser levada em consideração é que quando a pessoa treina com carga muito leve, a tendência é ela interromper a realização da série mais rápido, antes de alcançar a falha.

“Ela até conseguiria fazer mais repetições na série, mas já para o exercício quando começa a sentir o cansaço. A pessoa que treina com carga mais pesada normalmente chega mais próximo à falha”, finalizou.

*Esse conteúdo foi originalmente publicado na Agência Einstein 

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Acompanhamento nutricional vai muito além do emagrecimento

A alimentação saudável, atrelada à prática de exercícios físicos, aparece como recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) como forma de minimizar riscos de contrair diversas doenças, como meio de melhorar condições de saúde e até mesmo para garantir um envelhecimento mais saudável. Fazer boas escolhas alimentares é primordial para ter mais qualidade e saúde em todas as etapas da vida.

De acordo com a nutricionista Raiane Moura, do Grupo Fleury, de fato, o perfil das pessoas que procuram os profissionais de nutrição é bastante variado. “A maior parte dos pacientes que nos procuram busca o emagrecimento, porém, é crescente a demanda de pessoas que buscam qualidade de vida, acompanhamento gestacional, melhora da alimentação para prevenção e/ou tratamento de doenças crônicas e melhora do desempenho esportivo”, aponta.

Atendimento individualizado

Assim como é cada vez mais usual em todas as vertentes médicas, a individualização do atendimento e dos tratamentos é também prática corriqueira da nutrição. Ou seja, mesmo que mais de um paciente chegue ao consultório com o mesmo objetivo, as metas devem sempre ser estipuladas em conjunto com o nutricionista.

“A nossa consulta engloba, além de uma análise detalhada do perfil do paciente e seu histórico de saúde, uma avaliação de composição corporal com bioimpedância, análise de exames bioquímicos e, a partir disso, a elaboração de um plano alimentar”, afirma Moura.

É justamente por isso que uma dieta padronizada para todos, possível de ser encontrada na internet, por exemplo, ou já pré-programada pensando em finalidades de emagrecimento ou de ganho de massa muscular de forma generalizada, não funciona. “Para se ter uma ideia, visando que uma mudança alimentar efetiva aconteça, consideramos a rotina do paciente e suas preferências alimentares, além do contexto social em que ele está inserido, para que seja um processo natural”, diz.

Também o acompanhamento desses pacientes vai muito além de uma única consulta. Afinal, é fundamental que sejam feitos ajustes ao longo do tempo. A proposta é educar a pessoa para que ela possa ter autonomia para fazer escolhas alimentares melhores ao longo de toda a sua vida.

Um processo de reeducação alimentar

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Com conhecimento e confiança, a reeducação alimentar se torna prazerosa e mais fácil de lidar. E assim, até mesmo o processo de emagrecimento deixa de ser sofrido. Segundo a nutricionista, há muito ainda a ser desmistificado sobre dietas e emagrecimento. Um conceito que, na visão dela, deve ser abolido, por exemplo, é o “dia do lixo” ou a “refeição lixo”, justamente porque não existem alimentos certos ou errados, mas sim os exageros que precisam ser controlados.

“A proposta é que a pessoa mude seus hábitos alimentares no longo prazo, para tanto é importante considerar o equilíbrio. Na maior parte do tempo, é ideal que você coma de maneira adequada, porém, é importante considerar as questões socioculturais que envolvem as escolhas alimentares, como aniversários, comemorações e outras situações especiais, nas quais você não irá seguir uma dieta. E isso não é um problema, pois essas situações não acontecem todos os dias e, portanto, não podemos considerar que seja um hábito e não influenciará os seus resultados de forma negativa.”

Outro mito que precisa ser derrubado é a necessidade de produtos caros ou muito elaborados na dieta. Moura conta que o próprio Ministério da Saúde incentiva uma alimentação saudável com alimentos naturais e baseada em combinações como o arroz e feijão, fontes de nutrientes e vitaminas fundamentais.

“Ter uma alimentação saudável não é tão difícil como as pessoas imaginam, é apenas comer comida de verdade e desembalar menos. É o básico que funciona. A partir do momento que o paciente entende isso, ele consegue ter uma vida plena e saudável.”

Acompanhamento nutricional

A partir de agora, quatro unidades do Fleury – Alphaville, Itaim, Ponte Estaiada e Rochaverá – oferecem consultas nutricionais. Os profissionais da área são divididos em especialidades de acordo com o objetivo dos pacientes, como esportes, doenças crônicas e área clínica, para atender às necessidades de cada um que procurar por esse serviço de forma assertiva.

Raiane Moura explica que o Fleury já contava com nutricionistas dentro de seus laboratórios, que faziam os atendimentos de check-up, mas com a alta procura por essa ajuda especializada, o Grupo sentiu a necessidade de oferecer uma orientação mais próxima e de longo prazo.

“As consultas nutricionais no check-up têm o caráter orientativo. Felizmente, observamos que a preocupação com a alimentação saudável está cada vez maior, principalmente depois da pandemia, porque as pessoas buscam mais saúde e qualidade de vida, o que é uma mudança muito positiva”, diz.

No Fleury, o paciente também conta com um aplicativo que dá acesso ao plano alimentar e mostra toda a sua evolução, do início ao fim. “É gratificante ver a evolução dos pacientes que fazem o acompanhamento nutricional, a felicidade deles em atingir seus objetivos, ganhando qualidade de vida, melhorando de parâmetros, é contagiante. E saber que participamos desse processo nos faz entender que estamos no caminho certo”, conclui.

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App para quem tem Parkinson (e um novo marcador da doença)

O argentino Sebastian Porta foi diagnosticado com Parkinson aos 41 anos. Logo começou a perceber que havia algo estranho com suas expressões faciais. “Minha esposa perguntava com frequência se eu estava me sentindo mal ou incomodado com algo”, conta.

Ele, assim como muitas pessoas que convivem com a doença, sofre com a chamada face em máscara, que causa a diminuição das expressões faciais.

“O Parkinson é mais conhecido pelos tremores, mas essa é uma queixa bem comum, que pode surgir ainda no estágio inicial dos sintomas”, aponta a fisioterapeuta Erika Tardelli, presidente da Associação Brasil Parkinson.

Pode ser um sorriso que não aparece, a dificuldade em expressar raiva ou tristeza… Fato é que a condição atrapalha, e muito, o convívio social e a qualidade de vida.

Para contornar, são prescritos exercícios para a musculatura do rosto — nem sempre fáceis de seguir. Daí a ideia de Porta, que atua na agência de comunicação Dentsu, de criar, junto a colegas, o aplicativo de celular Scrolling Therapy (“terapia de rolagem”, em português).

Com esse recurso, a pessoa controla as redes sociais usando movimentos básicos da face, como sorrir ou fechar a cara. “Queria fazer algo prático, que realmente melhorasse a vida de pessoas como eu”, relata Porta.

O app, desenvolvido em parceria com a Eurofarma, indústria brasileira de medicamentos, já pode ser baixado gratuitamente na App Store e na Play Store.

Ginástica facial

Veja como funciona o aparelho:

A musculatura: Para demonstrar sentimentos, precisamos acionar diversos músculos que recobrem a face. Isso acontece a todo momento.

No Parkinson: Uma das principais consequências da doença é a rigidez muscular, que também atinge o rosto. A pessoa nem percebe que está mais inexpressiva.

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A solução: No app, o usuário controla as redes sociais se expressando: põe a língua pra fora, sorri, faz cara de brava ou triste. A meta é 45 minutos diários de treino.

+ Leia também: Como trazer mais qualidade de vida e autonomia a quem tem Parkinson

Para bater o martelo na doença

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<span class="hidden">–</span>Ilustração: Editoria de arte/Veja Saúde/SAÚDE é Vital

O diagnóstico do Parkinson hoje é essencialmente clínico: o médico observa os sintomas e pede exames de imagem só para diferenciar o quadro de outras doenças neurológicas.

Pois um novo estudo, publicado no Lancet Neurology, indica que pode ser viável dosar uma substância no líquor para cravar a presença do problema. Trata-se de uma proteína conhecida como alfa-sinucleína, que costuma estar alterada nos pacientes.

Antes, ela era investigada no cérebro de pessoas que já tinham falecido.

Agora, cientistas conseguiram avaliá-la no líquido cefalorraquidiano extraído por meio de punção lombar, diferenciando quem apresentava Parkinson das pessoas livres da enfermidade neurodegenerativa.

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7 questões urgentes para debater o envelhecimento no Brasil

A expectativa de vida do brasileiro aumentou nos últimos anos, mas alguns obstáculos de ordem física, mental e social reduzem as chances de a população ter anos mais saudáveis pela frente. O avanço das doenças crônicas, o risco de novas e velhas infecções e a persistência (ou agravamento) de problemas socioeconômicos são alguns dos principais.

É por essas e outras que VEJA SAÚDE e a farmacêutica GSK se uniram para criar e realizar o fórum Longevidade 360º: um olhar atual sobre a revolução do envelhecimento saudável. 

O evento, que será realizado no dia 18 de agosto a partir das 19h em São Paulo e transmitido pelo YouTube e as redes sociais, reunirá nomes das áreas da saúde, ciências humanas e economia para debater tópicos que, direta ou indiretamente, impactam o envelhecimento no país.

VEJA SAÚDE antecipa alguns deles. É urgente colocá-los na pauta dos cidadãos e das políticas públicas.

1. Vacinação

A pandemia de Covid-19 deixou explícita a necessidade de o público acima de 60 anos se proteger ainda mais de doenças infecciosas. Sabe-se que, com o avançar da idade, a imunidade pode perder seu potencial de reação a vírus e bactérias, reforçando a importância da vacinação.

Fora a gripe e a própria Covid-19, existem imunizantes particularmente críticos para os idosos, caso da vacina contra doenças pneumocócicas (por trás de pneumonia) e contra herpes-zóster (infecção dolorosa que afeta a pele e os nervos).

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) propõe um calendário de vacinação para esse público, mas as taxas de cobertura vacinal indicam que a meta para a maioria das doenças não tem sido atingida. Isso é um perigo porque pode levar ao recrudescimento de moléstias ou a volta daquelas aparentemente controladas.

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2. Desigualdade social e racial

É inevitável falar no Brasil sobre as diferenças de acesso à saúde e às condições para um envelhecimento ativo do ponto de vista socioeconômico, geográfico e racial. Enquanto uma pequena parcela da população desfruta de orientação especializada para prevenir doenças e de medicamentos e procedimentos de ponta, um número expressivo sofre para conseguir o básico, muitas vezes ficando sem diagnóstico e tratamento adequados.

Há que se louvar o papel do Sistema Único de Saúde (SUS), mas não se pode esconder as deficiências em termos de financiamento e ações que repercutem nos cuidados com o público acima de 60 anos, sobretudo em regiões mais carentes economicamente.

Além disso, como revela estudo recente do Cebrap, a desigualdade entre negros e brancos afeta o envelhecimento do maior percentual da sociedade, diminuindo suas chances de uma boa expectativa e qualidade de vida.

3. Inclusão digital e educacional

Em um mundo em que grande parte das transações e informações circulam pela internet, os idosos têm o direito e a necessidade de se alfabetizarem digitalmente a fim de usufruir de serviços e comodidades. Embora existam iniciativas pontuais, especialistas advogam um plano maior para que essa capacitação possa acontecer, o que teria impactos inclusive no acesso à saúde.

Fora o universo de sites, redes sociais e serviços online, entidades públicas e privadas podem e devem oferecer cursos e oportunidades de educação continuada a pessoas acima dos 60 anos ou que se aposentaram. Diversos projetos de universidade aberta à terceira idade têm cumprido esse papel, mas há espaço para mais iniciativas, sobretudo em cidades de menor porte.

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4. Doenças crônicas

Mais da metade da população brasileira está acima do peso. Três em cada dez cidadãos têm pressão alta. E pelo menos 10% deles possuem diagnóstico de diabetes. As doenças crônicas não transmissíveis, cuja prevalência se eleva com a idade, são um dos grandes problemas de saúde pública deste século.

Não bastassem os danos diretos que provocam, estão por trás das duas principais causas de morte no planeta, a doença cardiovascular e o câncer. Sendo assim, é impossível falar de envelhecimento saudável sem considerar a necessidade de prevenir, detectar e tratar corretamente tais condições.

Um dos grandes dilemas nesse sentido envolve a conscientização da população e a adesão ao tratamento prescrito. Isso porque são doenças que, durante anos, podem ser assintomáticas, manifestando-se tão somente quando prejuízos mais sérios ocorrem no organismo. É fundamental revisar a aplicação das políticas públicas de contenção a essa “pandemia”.

Algo que passa inclusive pelo incentivo a uma alimentação equilibrada e à prática regular de atividade física.

5. As heranças da Covid-19

Por falar em pandemia, no sentido literal, a Covid-19 deixou marcas sanitárias e sociais profundas na sociedade brasileira. Ainda que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha retirado o status de emergência internacional e a situação esteja controlada, certos cuidados deverão ser mantidos, especialmente para grupos com maior risco de complicações pelo vírus, caso dos próprios idosos.

Nesse contexto, eles não só precisam continuar sendo bem instruídos sobre a prevenção e a vacinação como é fundamental dar a devida atenção àqueles que sofrem com a chamada Covid longa, as sequelas da infecção em si. Trata-se de uma gama extensa de manifestações clínicas, com destaque para as respiratórias e as neurológicas, que carecem de atendimento e reabilitação.

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6. Saúde mental

Estudos atestam que, com o envelhecimento, estamos mais expostos a alguns transtornos mentais como a depressão e às doenças neurodegenerativas, caso do Alzheimer. Os efeitos da idade no cérebro, e como podemos atenuá-los, é, portanto, outro assunto de saúde pública.

Aperfeiçoar estratégias em larga escala de prevenção, diagnóstico e acesso a tratamento é vital e desafiador. Primeiro porque ainda existem tabus em relação à procura de profissionais quando há sofrimento emocional. Segundo porque alguns indícios de distúrbios psíquicos ou cognitivos são atribuídos a consequências naturais da idade, o que não é completamente verdadeiro.

Endereçar essas questões, que refletem no bem-estar psicológico, físico e social, não pode ser tratado como prioridade menor dentro do consultório médico e das políticas públicas de saúde.

7. Preconceito contra o idoso

Felizmente a sociedade, que vive uma mudança no perfil demográfico, está acordando e se sensibilizando para a importância de respeitar mais o público maduro. Como defendem estudiosos, ele representa cada vez mais uma força ativa e produtiva qualificada mundo afora.

A discriminação, que atende pelo nome de etarismo, é uma chaga antiga que maltrata os idosos e poda oportunidades para eles. Durante a pandemia, o fenômeno ficou evidente nos memes gozando das pessoas mais velhas e do seu risco em relação ao vírus.

O cenário está se transformando, contudo. E prova disso não são só campanhas de esclarecimento e movimentos puxados por influencers acima dos 60 anos como o aumento na oferta de serviços e produtos pensados para essa fatia significativa e relevante da população.

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Doenças inflamatórias intestinais: uma nova era de tratamentos

Diarreias que podem exigir dez ou mais idas ao banheiro ao dia, às vezes de maneira urgente e incontrolável; dores abdominais; anemia e perda de peso. Esses são alguns sintomas das doenças inflamatórias intestinais (DII).

Embora não sejam as enfermidades gastrointestinais mais prevalentes no Brasil (estima-se que atinjam cerca de 300 mil pessoas), estão entre as que mais severamente impactam a qualidade de vida das pessoas, impondo limitações significativas às atividades profissionais, escolares, sociais e de lazer.

Os mais afetados são os jovens, com idades entre 15 e 40 anos. Casos em idosos são mais raros.

As DII são condições imunomediadas, ou seja, decorrem de uma hiperatividade do sistema imunológico, que agride indevidamente as células do sistema gastrointestinal, provocando inflamações de forma crônica e progressiva, com períodos de exacerbação e de remissão.

Sem tratamento, há chance de essas enfermidades evoluírem para complicações graves, como perfuração, hemorragias, estreitamentos que podem levar até a obstrução intestinal, necessidade de realização de ostomia (bolsa externa para coleta de fezes) e câncer de intestino.

Tipos e causas das DII

As DII são representadas pela doença de Crohn, que pode acometer todo o trato digestivo desde a boca até o ânus, e pela retocolite ulcerativa, que afeta apenas o intestino grosso e o reto.

+ Leia também: Fique atento aos sintomas das doenças inflamatórias intestinais

A causa das DII é complexa e vem sendo extensivamente estudada nas duas últimas décadas, o que a torna desafiadora.

Fatores genéticos, imunológicos e alterações na microbiota intestinal são os principais mediadores para que as doenças se manifestem.

Além disso, outros fatores de risco modificáveis têm sido estudados, como tabagismo, consumo de alimentos ultraprocessados ou gordurosos, uso excessivo de antibióticos e anti-inflamatórios na infância.

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Tratamento se modernizou

As doenças inflamatórias intestinais ainda não têm cura, mas os medicamentos imunobiológicos revolucionaram a forma de tratá-las.

Funcionando como moduladores que agem sobre alvos específicos para bloquear a inflamação, esses medicamentos permitem um bom controle do processo inflamatório, devolvendo aos pacientes uma vida normal e com qualidade.

Desde que surgiram, os imunobiológicos têm diminuído o número de hospitalizações e cirurgias associadas às DII, assim como o uso crônico de corticoides ou imunossupressores.

O primeiro imunobiológico para DII foi aprovado nos Estados Unidos em 1998. Hoje, segundo a Dra. Luisa Leite Barros, gastroenterologista e hepatologista do Einstein, especializada em doenças inflamatórias intestinais, existe mais de uma dezena de medicamentos do tipo, sete deles disponíveis no mercado brasileiro (alguns oferecidos no sistema público de saúde).

Como qualquer doença, o diagnóstico e tratamento precoces fazem toda a diferença.

Sintomas persistentes de diarreia indicam necessidade de atendimento médico especializado para avaliação clínica e realização de exames para o correto diagnóstico e diferenciação de outras causas de diarreia. A atenção deve ser redobrada por parte de quem tem casos de DII na família.

A medicina de precisão é uma realidade cada vez mais próxima e deve ganhar força nas DII, assim como aconteceu com a oncologia.

Já em andamento, novos estudos com biomarcadores genéticos e de microbiota identificam pessoas mais suscetíveis, pacientes que respondem melhor a cada tipo de tratamento e como é possível prevenir danos intestinais irreversíveis.

O tratamento atual das DII é eficaz, mas no futuro será ainda mais promissor.

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quinta-feira, 29 de junho de 2023

Os adoçantes seriam o vilão da vez?

Ovo, carne de porco e óleo de soja têm algo em comum: já foram considerados inimigos da nossa saúde e, depois, redimidos e recolocados em seu devido lugar, o de alimentos importantes e saudáveis dentro de um cardápio equilibrado.

Essa situação ocorre várias vezes pela compreensão equivocada de pesquisas científicas ou pelo que se tem chamado de pseudociência, aquela que se intitula ciência, mas não trabalha com evidências ou comprovações.

Pelo que percebo, o vilão da vez é, ou estão tentando fazer ser, o adoçante. Talvez isso aconteça para perdermos o foco das questões realmente importantes quando se fala de alimentação e nutrição.

O fato é que, até o momento, desconheço estudos científicos sérios, bem-feitos e confiáveis que concluam que os adoçantes são um risco à saúde. Ao contrário, todos indicam que ele é um eficaz substituto do açúcar na dieta de pessoas que querem perder ou controlar peso ou ainda precisam controlar os níveis de glicemia.

Uma recente publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS), baseada na revisão de diversos estudos publicados anteriormente, gerou comoção ao ser interpretada como uma recomendação efetiva para as pessoas em geral pararem de consumir adoçantes.

Ao se analisar o apanhado de pesquisas com atenção, percebemos que não há nada de novo e, ao contrário do que se alardeou, o documento mostra que eles são seguros e podem ser uma estratégia complementar para redução de peso.

Além disso, os trabalhos que tentaram demonstrar alguma insegurança no uso do produto apresentavam baixo rigor científico. Assim como nunca se provou que adoçantes causam aumento de peso, celulite, problemas intestinais, aumento da fome ou da vontade comer doce, em seres humanos.

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Nesse contexto, tampouco existem pesquisas que apontem que haja um adoçante melhor do que o outro. O que recomendo é utilizar aquele que mais lhe agrada o paladar, na mínima quantidade possível. Afinal, de doce já basta a vida.

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O ponto é que, mesmo se consumidos em excesso, os adoçantes tendem a ficar dentro da margem de NOAEL (No adverse effect level).

Pelos estudos, a margem de segurança para a sucralose, por exemplo, é a de que um adulto poderia ingerir mais de 75 sachês por dia, diariamente, ao longo da vida. Nem isso representaria danos à saúde, embora saibamos que é praticamente impossível alguém realizá-lo de verdade.

Há pessoas que defendem que o ideal é simplesmente excluir o açúcar de nossa alimentação. Eu discordo por alguns motivos. Primeiro, porque nutrição é contexto. Ninguém come açúcar puro com a colher ou só açúcares… e há diversas estratégias simples de redução de danos num cardápio.

Segundo, do ponto de vista técnico, a mesma OMS, em sua diretriz mundial de ingestão de açúcares para crianças e adolescentes, diz que não há vantagem em reduzi-la a quase zero. Ou seja, a nutrição não precisa ser 8 ou 80.

Concluindo, reforço que o adoçante não é um vilão. Ao contrário, tem agido muito bem no apoio a tantas pessoas que buscam alternativas ao açúcar e aos profissionais de nutrição para formular dietas e recomendações que consigam ter a devida adesão na vida real.

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* Thiago Barros é nutricionista, especialista em nutrição aplicada ao exercício físico pela USP e mestre em ciências pela Unifesp

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Empresa global de biotecnologia BeiGene chega ao Brasil

A companhia acaba de anunciar a inauguração formal de seu escritório na cidade brasileira. A sede paulista abrigará colaboradores das equipes administrativa, comercial e de pesquisa clínica e é o primeiro passo na ampliação regional da empresa global de biotecnologia especializada no desenvolvimento de medicamentos para o tratamento de câncer.

O Brasil foi escolhido por possuir uma grande densidade populacional, com vários tipos de etnias, abrigar o maior mercado da América Latina e, geograficamente, permitir fácil acesso a muitos países da região. Além de ter um sistema de saúde pública e uma agência regulatória com excelente reputação, representa uma base crucial na luta global contra o câncer por ser o maior mercado de oncologia da América Latina, com aproximadamente 53% de todos os pacientes. “Essa ampliação reforça nosso compromisso de fornecer medicamentos acessíveis ao maior número possível de pacientes no mundo todo”, diz Alex Carvalho, presidente BeiGene Brasil. 

Além de marcar sua presença em um país que é ponto estratégico no mercado da Latam, a empresa tem escritórios administrativos na Suíça, nos Estados Unidos e na China, além de escritórios em 40 países. A companhia possui um portfólio diversificado, com 16 produtos aprovados, e segue sendo ampliado com rapidez graças ao trabalho de seus mais de 9 400 colaboradores nos cinco continentes. 

Alex Carvalho, presidente BeiGene Brasil
Alex Carvalho, presidente BeiGene BrasilBeiGene/Divulgação

No início deste ano, a BeiGene submeteu o tislelizumabe, imunoterapia anti-PD-1 potencialmente diferenciada, ou seja, ajuda o sistema imune a identificar e combater a doença, para análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para tratar câncer de pulmão de células não pequenas e câncer de esôfago.

A empresa também está desenvolvendo uma unidade de pesquisa científica no Brasil que faz parte do seu programa global de desenvolvimento clínico, e o fato de todo o processo ser feito dentro da companhia ajuda, inclusive, a reduzir o custo de seus remédios. “Já são mais de 500 000 pacientes utilizando nossos produtos no mundo e 20 000 envolvidos em nossos estudos até agora em mais de 45 mercados”, diz Carvalho. No momento, a farmacêutica está submetendo à aprovação local a inclusão de pacientes brasileiros em 12 ensaios clínicos globais em andamento. A empresa já conta com o inibidor de BTK BRUKINSA®, indicado para o tratamento de pacientes adultos com um tipo de câncer no sangue chamado linfoma de células do manto, que já foi aprovado em mais de 65 mercados, entre outras terapias.

E os planos da empresa de biotecnologia na América Latina vão além do Brasil, seus próximos destinos são Argentina, México, Chile, Colômbia, Uruguai, entre outros países.

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A história da BeiGene

A empresa foi fundada em 2010 por Xiaodong Wang, cientista sino-americano, e John V. Oyler, empreendedor americano, que até hoje dirigem a empresa com o objetivo de descobrir e fornecer medicamentos inovadores contra o câncer que sejam mais acessíveis às pessoas ao redor do mundo. 

John Oyler, CEO, e Xiaodong Wang, fundador e cientista.
John Oyler, CEO, e Xiaodong Wang, fundador e cientista.Beigene/Divulgação

A BeiGene se concentra em pesquisa científica interna e desenvolvimento de produtos, o que ajuda a alcançar resultados inovadores e tornar seus produtos mais acessíveis. Nos últimos 13 anos, a BeiGene construiu uma das maiores e mais eficientes equipes de pesquisa em oncologia do mundo, resultando em um portfólio de 16 medicamentos aprovados e um amplo e profundo pipeline com o potencial de tratar 80% dos casos de câncer do mundo por incidência. 

A BeiGene, em seus 13 anos de existência, conta com parcerias com empresas renomadas na área, como Merck & Co., Celgene, Amgen Inc., Bristol Myers Squibb e Novartis. Além de trazer mais conhecimento e robustez ao seu trabalho, isso possibilitou que a BeiGene pudesse obter os direitos de pesquisar medicamentos que estavam arquivados por seus parceiros, obtendo bons resultados e a licença para comercializá-los. 

Beigene
Jurij Petrin, presidente de novos mercados.Beigene/Divulgação

Graças a todo esse trabalho, a companhia conseguiu aumentar seu alcance no mundo, chegando a mais de 40 países, e levar opções de tratamentos mais eficazes e acessíveis ao maior número possível de pacientes, o que é um dos principais propósitos da empresa. 

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Ondas gravitacionais graves de buracos negros levam 30 anos para cruzar a Terra

Todo interessado em astronomia já leu a expressão “tecido do cosmos” – seja aqui na Super, seja em algum livro do Carl Sagan. A metáfora é boa: embora o espaço seja, obviamente, um vazio tridimensional, é mais fácil explicar algumas coisas quando partimos do pressuposto de que o Universo é um mapa, uma representação achatada de si mesmo.

Uma dessas coisas é a gravitação de Einstein. O bigodudo concebeu o espaço e o tempo não como um oco infindável, mas como um tabuleiro em que se apoia a realidade. A massa de corpos como estrelas e planetas deforma o espaço-tempo, da mesma forma que seus pés deformam a superfície de uma cama elástica.

Quando isso acontece, a trajetória dos corpos ao redor se altera – afinal, as coisas se movem no espaço, e se o espaço muda, o movimento muda também. Essa é a gravidade. A Terra se move no espaço-tempo deformado pela presença do Sol. E você se move na deformação menor causada pela presença da Terra.

Alguns eventos cósmicos, como a colisão de buracos negros, são tão cataclísmicos que fazem o espaço-tempo oscilar, como se você estivesse sacudindo um lençol para cima e para baixo. Tudo que está apoiado no Universo (como a Terra) sofre uma ligeira sacudida conforme esse soluço no tecido da realidade se propaga.

Essas são as ondas gravitacionais. Einstein previu sua existência no comecinho do século 20 um século depois, em 2015, elas foram detectadas pelo observatório americano Ligo (um par de gigantescos sensores chamados interferômetros, que usam cada um dois raios laser com 4 km de comprimento dispostos em “L”).

Se pudéssemos ouvi-las, elas seriam mais graves ou mais agudas, exatamente como notas musicais. Essa é uma característica que depende da frequência e do comprimento de uma onda: as mais longas e lentas são graves, as mais curtas e rápidas são agudas.

Até hoje, o Ligo e um observatório-irmão europeu chamado Virgo haviam detectado apenas colisões entre buracos negros pequenos, com menos de duas vezes a massa do Sol. Elas geram ondas agudas, de frequência mais alta.

Agora, os astrônomos detectaram, pela primeira vez, ondas mais graves e dispersas. Elas provavelmente resultam da colisão de buracos negros supermassivos, com milhões ou bilhões de vezes a massa do Sol (a mesma lógica por trás do fato de que baixos são maiores que guitarras). São tão longas que um único pulso demora 30 anos para atravessar a Terra.

Esses monstros funcionam como âncoras gravitacionais localizadas no centro de galáxias, e esse grunhido cósmico não é oriundo de uma única colisão, e sim o resultado difuso da combinação de incontáveis colisões rolando no Universo ao longo de 8 bilhões de anos. Algo como estar em um estúdio, com várias bandas tocando em salas diferentes, ouvindo apenas um resquício abafado do som de cada uma delas.

O resultado foi possível graças a uma coleta de dados que durou quinze anos e envolveu 190 cientistas de várias universidades mundo afora, bem como três telescópios que captam ondas de rádio, ou seja: ondas de luz compridas demais para serem vistas por nossos olhos.

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Não, o Ligo e o Virgo não participaram: a detecção, desta vez, foi feita de maneira indireta. Em vez de coletar diretamente a perturbação causada pela passagem das ondas gravitacionais, que seria virtualmente imperceptível, os pesquisadores mediram a maneira como elas interferem com os pulsos de luz emitidos por 67 estrelas de nêutrons distantes.

A colaboração se chama Observatório Norte-Americano de Detecção de Ondas Gravitacionais em Nanohertz, conhecida pela sigla em inglês NANOGrav. Os resultados foram publicados hoje no periódico especializado Astrophysical Journal Letters e não têm paywall: você pode ler o artigo aqui gratuitamente se quiser (e conseguir, rs).

Os astrônomos avaliam que a chance do fenômeno ser uma flutuação aleatória nos dados é de apenas uma em dez mil (o que já é espetacular, mas ainda não alcança o padrão-ouro para decretar uma observação entre físicos, que é de uma em um milhão).

Ou seja: é bem provável que o Universo não seja um palco estático para nossa existência, e sim algo mais próximo de um gigantesco gatinho ronronando um cenário provavelmente infinito que vem reverberando, há bilhões de anos, o rumor grave e discreto dos atores que estão interagindo lá em cima.

Para agradecer aos leitores que chegaram ao fim do texto, eis o gato:

Cat Purr GIFs | Tenor

 

 

 

 

 

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Inédito: primeira terapia celular para diabetes da história é aprovada

28 de junho de 2023. Uma data histórica para quem estuda o diabetes ou convive com a doença. A FDA, agência que regula tratamentos médicos nos Estados Unidos, acaba de aprovar a primeira terapia celular para pessoas com diabetes tipo 1.

Trata-se de algo inédito. O procedimento em questão, chamado donislecel, consiste no implante de grupos de células maduras do pâncreas, extraídos de cadáveres, na veia porta do fígado dos pacientes. Como se fizessem um puxadinho para ter uma fábrica alternativa de insulina, o hormônio que faz o açúcar ser utilizado pelo corpo.

A tecnologia criada pela empresa Cell Trans Inc. torna as ilhotas (o grupo de células produtoras de insulina) mais purificadas, permitindo que sejam usadas menos unidades do que fora testado em outras pesquisas e garantindo maior segurança ao método.

No principal estudo clínico pré-aprovação, foram incluídas 30 pessoas adultas com diabetes tipo 1 que tinham grande descontrole da glicose e recorrentes hipoglicemias graves. Os cientistas fizeram ao menos um e no máximo três implantes de ilhotas no experimento, que não teve grupo controle pela sua natureza.

Segundo a empresa responsável pelo donislecel (cujo nome comercial é Lantidra), das 30 pessoas estudadas, 25 pararam de utilizar insulina em algum momento, variando de um a mais de cinco anos sem o medicamento. Apenas cinco pessoas não suspenderam o uso do hormônio. Resultados significativos.

O diabetes tipo 1, que corresponde a até 10% dos casos de diabetes, é uma doença autoimune, ou seja, o sistema imunológico destrói as células produtoras de insulina, e o paciente fica dependente de injeções do hormônio.

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Desse modo, é de esperar que, nesses indivíduos que receberam ilhotas de doadores mortos, a imunidade possa tentar atacar as células recém-transplantadas. Por essa razão, é necessário um esquema com remédios imunossupressores no momento da infusão e também no longo prazo para impedir a rejeição das novas ilhotas implantadas.

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Felizmente, a grande maioria dos voluntários conseguiu ficar livre dos eventos trágicos de hipoglicemia ao longo do estudo, e exames mostram que as ilhotas transplantadas conseguiram fabricar mais insulina com o tempo. Bom sinal!

Nos Estados Unidos, a indicação da terapia celular será, a princípio, para pessoas adultas, com diabetes tipo 1 e que estão com descontrole glicêmico e, ao mesmo tempo, apresentam vários episódios de hipoglicemia valendo-se do tratamento convencional.

Ainda é precoce afirmar que tais pacientes estão curados. E tampouco sabemos quando o novíssimo tratamento estará disponível em caráter comercial e seu custo. Também não temos informações sobre um pedido de submissão e aprovação pela Anvisa no Brasil.

De qualquer forma, é um avanço e tanto na história do diabetes.

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Entre a figura e o fundo: o que é Gestalt-terapia?

A Gestalt-terapia foi criada em 1951 por três psicoterapeutas, Perls, Hefferline e Goodman, com a publicação do livro Gestalt Therapy: Excitment and Growth in the Human Personality, título que já antecipa um dos objetivos da abordagem, restaurar os processos de crescimento e desenvolvimento humanos.

Trata-se de uma abordagem psicoterápica fenomenológica que visa conhecer a experiência do paciente tal como ela é percebida e compreendida pela pessoa, sem interpretações ou hipóteses, sem avaliações e julgamentos.

O acesso à experiência do paciente é dado através do que em Gestalt-terapia chamamos de awareness, que poderia ser traduzido por ‘ter consciência de’ ou ‘ter presente’.

Essa corrente da psicoterapia é também influenciada pelo existencialismo, que enfatiza questões como responsabilidade, individualidade e subjetividade.

O ser humano é livre e liberdade significa escolher (a não escolha é uma escolha), sendo que esse ato é limitado à situação. Sartre, um filósofo existencialista, diz que “o importante não é o que nos fazem, mas sim o que fazemos com o que nos fazem”.

A abordagem gestáltica tem uma visão holística de homem, o qual é considerado como uma totalidade indivisível, não havendo a dualidade entre mente e corpo.

Uma outra influência é a Psicologia da Gestalt, que estudou primordialmente os fenômenos da percepção, os quais são influenciados por fatores internos.

Postula-se também que não percebemos as coisas através da soma de suas partes, mas percebemos uma totalidade, uma Gestalt, que é constituída por figura e fundo, sendo que figura é aquilo que se destaca, o foco de nossa percepção, e fundo, todo o resto.

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Uma parte significativa de nosso sofrimento e de nossas dificuldades emocionais tem a ver com as Gestalten abertas ou situações inacabadas, às quais buscamos resolver a fim de nos livrarmos da tensão que ocupa muito de nossa energia.

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Visando atender nossas necessidades de acordo com nossas possibilidades e as possibilidades do meio, fazemos um ajustamento criativo que implica na capacidade de atender nossas necessidades de acordo simultaneamente com nossas possibilidades e as do meio.

No processo terapêutico em Gestalt-terapia, buscamos resgatar os processos de desenvolvimento e crescimento utilizando as possibilidades e potencialidades do paciente a quem acolhemos e compreendemos com respeito, aceitação e validação de sua experiencia e de sua singularidade existencial.

Trabalhamos fundamentalmente com contato: o processo através do qual uma figura de interesse sobressai de um fundo ou contexto do campo do organismo e do ambiente. Por meio do contato, ocorrem mudanças na pessoa e nas experiências que ela tem do mundo.

O self é concebido como um sistema de contatos, sendo responsável pelos ajustamentos criativos na fronteira de contato.

A Gestalt-terapia trabalha no aqui-e-agora, sendo que o passado se faz presente no presente através de lembranças e recordações e o futuro através de planos, projetos etc. Nesta abordagem, vamos além das palavras e prestamos atenção também à corporeidade do paciente.

Na medida em que há awareness, contato e suporte, é possível ao paciente responsabilizar-se pelos próprios sentimentos, sensações e ações, o que lhe propiciará fazer escolhas e ajustamentos criativos mais adequados às necessidades e possibilidades de sua vida.

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* Lilian Meyer Frazão é psicóloga, mestre em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP) e docente do Departamento de Gestalt-terapia do Instituto Sedes Sapientiae, além de co-organizadora da coleção Gestalt-terapia: fundamentos e práticas (Summus Editorial)

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quarta-feira, 28 de junho de 2023

Carmilla: conheça o romance lésbico que inspirou Drácula

Drácula (1897), escrito pelo irlandês Bram Stocker, é a pedra fundamental da mitologia dos vampiros. O protagonista do romance gótico é a referência-mor da criatura – mas Stocker, ao contrário do que muitos pensam, não inventou essa história do zero.

A lenda dos vampiros já eram comuns na época. E os relatos de pessoas que juravam ter visto um ser de dentes afiados alimentavam a literatura. O livro The Vampyre, escrito pelo britânico John William Polidori em 1819, é considerado uma das primeiras obras modernas sobre o assunto.

Não vamos falar sobre ela aqui – mas sim de outra obra vampiresca (e uma das possíveis inspirações para Stoker): Carmilla, do (também) irlandês Sheridan Le Fanu, que ficou marcada não apenas pela trama fantástica – mas por abordar uma relação homoafetiva em pleno século 19.

A história

A história foi lançada em capítulos, que acompanhavam um periódico literário londrino – como os folhetins aqui no Brasil – entre 1871 e 1872. A trama é narrada por Laura, uma jovem inglesa que, depois de um estranho acidente na estrada, acaba abrigando uma mulher misteriosa em sua casa: Carmilla.

Laura, no começo, fica receosa com a estranha, que se parece muito com a mulher de um sonho que teve quando criança. Mas esses sentimentos são rapidamente substituídos por uma relação intensa e calorosa entre as duas.

Enquanto o romance floresce, o pânico se instaura na região: moças de várias cidades estão adoecendo, de forma súbita e grave – muitas acabam morrendo. Não demora muito para que Laura também fique doente.

(A partir daqui, vamos dar alguns spoilers da trama. Caso não queira saber, pule para o próximo intertítulo do texto.)

A jovem passa a ter várias vezes o mesmo sonho. Nele, ela recebe a visita de figura parecida com um gato gigante em seu quarto. Laura sente duas pontadas em seu pescoço e observa o monstro se transformar em uma mulher – que sai de seu quarto sem abrir a porta. Ela acorda – e vê duas marcas de mordida exatamente onde havia sido atacada.

Quando um general que perdeu sua sobrinha para a doença misteriosa visita o pai de Laura, ele reconhece Carmilla. A mulher, na verdade, era a vampira Mircalla. O encontro dos dois se desenrola em uma briga. Carmilla, descoberta, foge.

Após o incidente, o pai de Laura, junto ao general e um caçador de vampiros, vão atrás da tumba escondida de Carmilla. Eles enfiam uma estaca em seu coração, cortam sua cabeça e queimam seus restos. Laura volta a ficar saudável, mas nunca por completo – e a memória de Carmilla continua a assombrá-la pelo resto de sua vida.

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Precursora

A história de Carmilla saiu 26 anos antes de Drácula, e a maioria dos historiadores concordam que rolou uma inspiração.

A primeira semelhança é no título das histórias (ambas trazem apenas o primeiro nome do vampiro). As duas são narradas em primeira pessoa e têm personagens parecidos: um caçador de vampiros que aparece no final com o conhecimento oculto das criaturas e uma vampira descrita sensualmente.

Além disso, Carmilla e Drácula escondem sua identidade, afirmando serem “parentes” de figuras antigas – que, na verdade, são eles mesmos.

Contudo, vale reforçar que nenhum dos dois inventou o gênero vampiresco. A ficção gótica do século 19 já tinha algumas histórias de vampiros em poemas. O próprio Le Fanu pode ter, por sua vez, se inspirado em um poema do escritor romântico S. T. Coleridge. A história, escrita na virada do século, mas publicada mais tarde, conta da vampira Geraldine, que seduz a heroína Christabel, que dá o título ao poema. Essa história, porém, ficou inacabada.

Vampiras lésbicas na Era Vitoriana

Grande parte do que torna Carmilla tão relevante é o fato da obra girar em torno de duas protagonistas femininas – e que vivem uma relação homossexual.

A Era Vitoriana britânica (1837-1901) foi marcada por códigos morais rígidos e forte repressão sexual. O relacionamento entre homens era proibido por lei. A legislação não falava nada sobre casais lésbicos. Mas eles existiam, claro – e eram tão mal vistos quanto os casais gays.

A repreensão serviu de fonte para várias histórias do gênero. Os contos de vampiros viraram um escape para desejos reprimidos – mas, em muitos casos, ensinavam uma lição sobre o perigo de sucumbir a tais paixões.

Laura experimenta essa moral vitoriana, já que sente tanto repulsa quanto atração pela criatura. Essa dualidade, comum em contos vampirescos, é exacerbada pelo fato do tal vampiro ser uma mulher. Conforme Carmilla a seduz, os sentimentos da protagonista ficam mais e mais confusos.

A relação entre as duas não é velada ou representada por metáforas. As trocas de carícias são narradas sem rodeios, e a proximidade romântica delas é incontestável. Para uma época em que a sensualidade deveria ser reprimida, a sensualidade entre duas mulheres era um escândalo.

Carmilla, infelizmente, por décadas permaneceu em esquecimento (é de se esperar que, em uma sociedade com morais tão rígidas, ela não tenha recebido a atenção devida). Quem sabe agora, mais de 150 anos depois, a história possa ser vista com outros olhos.

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Tchau papanicolau: por que é preciso ampliar o uso do teste de DNA do HPV

O câncer de colo do útero é uma preocupação global: afeta milhares de mulheres todos os anos. No Brasil, a doença é o terceiro tipo de tumor mais prevalente em mulheres, chegando a ser a segunda causa de morte por câncer nas regiões de baixo índice de desenvolvimento humano (IDH).

O rastreamento tradicional do problema é feito pelo papanicolau, um exame realizado em consultório médico que, infelizmente, não é acessível a boa parte das brasileiras.

No entanto, uma nova abordagem para flagrar a doença mais cedo poderá contribuir para revolucionar o diagnóstico e mudar esses dados. Falo da análise do DNA-HPV, método de coleta mais fácil cuja amostra é submetida à tecnologia de reação em cadeia da polimerase (PCR), que ficou mais famosa após os testes de Covid-19.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu o DNA-HPV por PCR como método de primeira escolha para o rastreamento do câncer de colo do útero. Não à toa, a técnica foi adotada de forma exclusiva como rastreamento por mais de 50 países e outros 60 estão em fase de substituição do  papanicolau.

Por exemplo, na Austrália, onde a incidência de câncer cervical tem diminuído significativamente, o DNA-HPV por PCR desempenhou um papel crucial.

Por meio da sua implementação junto à estratégia da autocoleta vaginal, houve redução expressiva nos casos de lesões pré-cancerosas e de câncer de colo do útero, levando a uma importante diminuição na mortalidade associada a essa doença.

Outro exemplo notável é o Reino Unido, onde a adoção do DNA-HPV por PCR também trouxe resultados animadores. Estima-se que a detecção precoce e o tratamento oportuno tenham evitado cerca de 5 mil casos de câncer cervical por ano, além de salvar inúmeras vidas.

Esses cases destacam a eficácia do método em diferentes contextos epidemiológicos e sociodemográficos.

Limitações do papanicolau

Atualmente, o rastreamento predominante no Brasil é por meio do papanicolau, que, apesar de ser amplamente utilizado, apresenta limitações devido à baixa adesão das pacientes e a seu nível de sensibilidade.

Isso significa que há risco de falsos negativos, quando mulheres com lesões precursoras ou infecção pelo HPV podem não ser detectadas, resultando em um diagnóstico tardio e tratamento pouco eficaz.

Enquanto o papanicolau possui taxa de acurácia em torno de 50 a 60% por ser examinador dependente (ou seja, depender da experiência do profissional que está coletando a amostra), o DNA-HPV é significativamente mais sensível, chegando a 98%. Colhe-se a amostra, e a própria mulher pode fazê-lo, e ela é enviada ao laboratório.

+ LEIA TAMBÉM: O papel da vacina do HPV na prevenção do câncer

A incorporação massiva dessa tecnologia seria especialmente bem-vinda ao Brasil, onde o câncer de colo do útero representa um problema de saúde pública. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), são previstos 17 010 novos casos em 2023, com taxa de mortalidade em torno de 18%.

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O impacto do HPV

Cerca de 80% das mulheres brasileiras com atividade sexual terão contato com o HPV durante a vida. São número impactantes, principalmente quando lembramos que se trata de uma doença com história natural crônica e altamente prevenível.

Aproximadamente 92% dos casos de câncer cervical são passíveis de cura se diagnosticados precocemente, e nada melhor do que detectar seu principal causador, o HPV.

Com mais de 200 tipos de HPV conhecidos na atualidade, os vírus de alto risco são responsáveis por mais de 90% dos casos de câncer cervical, 90% dos casos de câncer anal, e 70% dos casos de câncer de boca e garganta.

A vacinação contra o HPV tem caráter preventivo, e não curativo, e no território nacional encontramos o imunizante quadrivalente (cobertura para 4 tipos, oferecido pelo SUS) e o nonavalente (cobertura para 9 tipos, em clínicas privadas).

Ou seja, devemos, sim, investir em prevenção primária, com os métodos de barreira (preservativos) e a vacinação sendo estimulados, mas não isso não nos isenta de somar esforços à prevenção secundária, o rastreamento.

A implementação dos testes de DNA-HPV por PCR no Brasil tem o potencial de superar as limitações presentes na coleta do papanicolau, pois, além da maior sensibilidade, o método permite a prática de uma nova estratégia validada cientificamente para o rastreamento do câncer de colo do útero: a autocoleta vaginal.

Isso significa romper com um dos principais obstáculos ao controle da doença no país, a dificuldade de acesso e os desconfortos associados ao exame convencional, relatados por mais de 13% da população feminina.

Abordagens inovadoras como a análise do DNA-HPV são urgentes e necessárias para o Brasil e outros países da América Latina. Com elas poderemos ser mais assertivos e decisivos na erradicação do câncer cervical.

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* Stephani Caser é ginecologista, mestra e doutora pela Unifesp e fundadora da healthtech See Me

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Raio x da medicina no Brasil

Cada vez mais jovens e concentrados no Sul e no Sudeste. Eis algumas das conclusões da última Demografia Médica no Brasil 2023, elaborada em parceria entre a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Universidade de São Paulo (USP).

Em meio a uma discussão recente sobre a aprovação ou não de mais faculdades de medicina, o trabalho registra aumento significativo no número de médicos — 400 mil a mais do que nos anos 1980.

Porém, chama a atenção a desigualdade persistente na distribuição dos profissionais pelo território nacional. Há estados com proporção de médicos por habitante superior à de países europeus; já outros perdem para nações com históricas dificuldades.

Os resultados acusam ainda dificuldades financeiras no início da carreira: cerca de um terço dos residentes possui dívidas estudantis.

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<b>Clique para ampliar </b>Foto: Bruno Marçal / Gráficos: Editoria de arte/Veja Saúde/SAÚDE é Vital
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Mais que sorte: por que você deveria incluir a romã na rotina

Indispensável para muita gente na passagem de um ano para o outro, a romã sopra mesmo a favor do nosso sistema cardiovascular. Sim, a literatura científica desfila evidências sobre seus efeitos protetores no controle do colesterol e da pressão arterial e na defesa do endotélio, o tapete de células que recobre o interior dos vasos sanguíneos.

Pesquisadores associam tais benefícios aos compostos fenólicos e celebram um trio de ácidos: o gálico, o elágico e o protocatequínico. Outro amigo do peito vem da família das gorduras e atende pelo nome de ácido graxo punícico.

Toda essa riqueza está nas sementes translúcidas, aromáticas e de tons avermelhados, que, inclusive, têm essa cor pela alta concentração de antocianinas, grupo de pigmentos antioxidantes. Para muitos, esses grãos são quase que como pedras preciosas, pequenos rubis.

Já a casca e, logo abaixo, aquela camada branca que os especialistas chamam de mesocarpo, apresenta a punicalagina, de ação anti-inflamatória.

Embora a classificação seja encontrada nos livros de química, seus efeitos aparecem, há muito tempo, nas receitas populares de gargarejos, passadas boca a boca, de geração em geração.

O termo punicalagina, assim como punícico, dá a pista sobre o nome científico da romãzeira, que é Punica granatum. Acredita-se que o berço da espécie seja uma região árida do Mediterrâneo, entre a Europa e a Ásia. Justamente por ser originária de desertos, teve que se adaptar às mudanças bruscas de temperatura, acumulando tantas substâncias protetoras.

+ LEIA TAMBÉM: 70 frutos que fazem bem à saúde

Figura mitológica

Além de frequentar a mesa, a romã ganhou lugar de destaque na mitologia. Uma das histórias remete à criação das estações do ano. Diz a lenda que Perséfone, divindade de rara beleza, foi raptada por Hades, o senhor do submundo. Ao ser libertada, antes de voltar à Terra, comeu o fruto oferecido por seu algoz.

Assim se viu obrigada a passar três meses, ou o equivalente ao período do inverno, ao lado de Hades na Morada do Mortos. Já nos tempos de primavera, verão e outono, estaria livre.

Também existe o mito de que surgiu uma romãzeira no local onde Afrodite, a deusa do amor, teria pisado pela primeira vez, vinda do mar. A fruta passou a ser símbolo da fecundidade e, em algumas culturas, era utilizada em rituais para evocar fertilidade e fartura.

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Os antigos romanos preparavam uma bebida alcoólica, semelhante ao vinho, para algumas dessas ocasiões. Sementes do fruto também marcavam presença em festas de casamento.

A romã aparecia ainda em bordados dos mantos de sacerdotes, castelos, templos, taças e até nas coroas dos soberanos. É bastante mencionada em textos sagrados.

Em alguns países, inclusive por aqui, no Dia de Reis, que é celebrado em 6 de janeiro, existe a tradição de guardar caroços na carteira para que não falte dinheiro.

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Da entrada à sobremesa

Trazida pelos portugueses, a espécie se deu bem no Brasil. Cresce em muitos quintais, sobretudo o tipo de casca mais amarelada.

Versátil na cozinha, passeia pelas mais diversas preparações, desde copos de sucos até em receitas elaboradas, seja salgadas ou doces.

Salpicada em saladas, sobremesas, na versão xarope – a grenadine – e como ingrediente de molhos, faz bonito na culinária. Além de acrescentar sabor e aromas, enfeita qualquer prato.

Ainda sobre bonitezas, a música para esta coluna homenageia a belíssima cidade espanhola que leva o nome da fruta, Granada.

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terça-feira, 27 de junho de 2023

Pela primeira vez cientistas encontram molécula de carbono no espaço

O telescópio espacial James Webb ataca novamente. Por meio do equipamento, uma equipe internacional de cientistas foi capaz de detectar uma molécula de carbono no espaço. A descoberta foi publicada no início de junho na revista Nature.

É a primeira vez que o cátion metila (CH3+) é encontrado fora da Terra. Trata-se de um composto essencial para a formação de moléculas mais complexas de carbono – a base para a vida orgânica como a conhecemos. O achado pode ajudar pesquisadores a entenderem mais sobre a formação da vida na Terra – e como ela poderia se desenvolver em outros planetas.

O CH3+ foi encontrado em um jovem sistema estelar na nebulosa de Órion, a 1.350 anos-luz de distância de nós – mais especificamente, no disco protoplanetário d203-506. Discos protoplanetários são punhados de materiais sólidos que orbitam em torno de um estrela. No futuro, esses sólidos irão se aglutinar a ponto de formar um protoplaneta (que, por sua vez, ficará cada vez mais denso até que possa ser chamado, enfim, de planeta).

A estrela do sistema é uma anã-vermelha (uma classe modesta, com no máximo 50% da massa do Sol). Mas a região também é bombardeada pela forte luz ultravioleta vinda de estrelas mais jovens, maiores e mais quentes nas proximidades. A radiação UV normalmente destrói moléculas orgânicas complexas – o que faz a descoberta de CH3+ ser ainda mais surpreendente.

A hipótese dos cientistas é que a radiação também forneça a energia necessária para a formação da molécula. Uma vez completo, o cátion metila pode promover reações químicas adicionais para construir moléculas de carbono mais complexas. Ele reage bem com diversas moléculas, o que o torna uma peça central para a química orgânica no espaço.

A equipe também observou diferenças gerais nas moléculas encontradas em d203-506, que fogem do esperado em discos protoplanetários – como a falta de qualquer sinal de água, principalmente.

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“Isso mostra claramente que a radiação ultravioleta pode mudar completamente a química de um disco protoplanetário. Na verdade, pode desempenhar um papel crítico nos primeiros estágios químicos das origens da vida”, afirma Olivier Berné, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica em Toulouse, principal autor do estudo.

Obrigado de novo, Jaiminho

As capacidades singulares do James Webb (Jaiminho, pros íntimos) o tornaram ideal para procurar por moléculas como o CH3+. O telescópio é 100 vezes mais potente que o seu antecessor, o Hubble. Graças ao enorme tamanho de seu espelho (25 m2, contra 4,5 m2 do Hubble), o Webb pode coletar mais luz – e, assim, produzir imagens mais detalhadas.

O Webb detecta um espectro da luz diferente do que nossos olhos podem ver. A luz que nós enxergamos tem comprimento entre 380 e 700 nanômetros (a milionésima parte de um milímetro). As mais compridas são vermelhas; as mais curtas, violetas. Fora desses limites estão as faixas ultravioleta e o infravermelho, que já não conseguimos enxergar.

O trunfo do James Webb é captar com maestria ondas infravermelhas. O motivo? A luz dos corpos celeste mais afastados chega nessa faixa. Depois de percorrer vários anos-luz até nós, a luz perde força e sai do espectro visível (caindo no infravermelho).

É por causa disso que um dos objetivos do James Webb é ser uma espécie de arqueólogo espacial: enxergar estrelas e galáxias  de bilhões de anos atrás para entender a formação do Universo. Para saber mais sobre como ele funciona, confira esta reportagem da Super.

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