Os algoritmos de inteligência artificial, capazes de apontar soluções para nós, seres humanos, nas mais diversas áreas, são o tema do momento. Especialmente o assistente virtual ChatGPT, plataforma que, com a inserção de algumas informações, produz respostas e relatórios às nossas demandas.
Cada vez mais requisitado, ele já começa a ser utilizado e testado no contexto médico. Mas será que é confiável? Pelo menos em relação à cirurgia plástica de nariz, a rinoplastia, a resposta parece ser “sim”.
Não é que a máquina vá substituir o profissional, longe disso. Mas, segundo um estudo recém-publicado por pesquisadores australianos, o programa pode realmente ajudar numa pré-consulta antes da operação.
A rinoplastia é um procedimento complexo destinado a melhorar os aspectos funcionais e estéticos do nariz. Como é uma das cirurgias mais procuradas em todo o mundo, os pacientes geralmente têm inúmeras dúvidas a respeito, podendo se esquecer de algo ou se sentir constrangidos demais para questionar o médico — às vezes, eles nem sabem o que deveriam perguntar.
Nos testes realizados com o ChatGPT, pacientes interagiam com o computador compartilhando suas inquietações com a indicação e a realização da cirurgia.
Antes disso, a plataforma foi municiada de informações confiáveis fornecidas por uma equipe médica. Ao final, a inteligência artificial ofereceu respostas cuidadosas, coerentes, compreensíveis e que enfatizaram a importância de uma abordagem sempre individualizada.
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Na prática, o novo recurso pode prestar apoio a muitos pacientes, principalmente naquelas situações em que eles hesitam procurar aconselhamento profissional ou o acesso ao especialista é bastante limitado.
Nesse sentido, o papel da inteligência artificial é benéfico, pois, ao levar informação e orientação de forma prática e rápida, permite que o paciente chegue à consulta com uma ideia mais clara do procedimento — e inclusive tire dúvidas mais específicas diretamente com o cirurgião.
O ChatGPT não faz uma avaliação médica completa nem bate o martelo sobre a indicação do procedimento. Mas o experimento demonstrou que os algoritmos observam vários pontos que devem ser considerados antes de alguém se submeter a uma rinoplastia — como estar com boa saúde geral, apresentar uma estrutura óssea nasal totalmente desenvolvida e ter expectativas realistas sobre o resultado.
A inteligência artificial também deu uma estimativa razoável do processo de recuperação, descrevendo reações comuns à operação, como inchaço e hematoma de semanas a meses na região da face, e aconselhando evitar certas atividades no pós-operatório. Os pacientes podem fazer perguntas em linguagem natural e receber respostas imediatas, o que ajuda a esclarecer mal-entendidos e definir expectativas.
Reforço: a ferramenta é bem-vinda, mas nunca irá substituir a consulta médica nem a competência e a empatia do profissional. Como qualquer tecnologia, precisamos saber usá-la para tirar vantagens sem riscos.
* Paolo Rubez é cirurgião plástico, mestre pela Unifesp e membro da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica
A inteligência artificial a serviço da cirurgia plástica Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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