terça-feira, 14 de dezembro de 2021

O que rolou na COP26: um resumo do evento climático mais importante do ano

A COP é um evento anual. Mas a 26ª edição foi particularmente relevante porque marcou os cinco anos desde a assinatura do Acordo de Paris, em 2015. Ele visa manter o aumento da temperatura da Terra abaixo de 2 ºC (e idealmente até 1,5 ºC) em relação aos níveis pré-industriais até 2100. Ele também prevê que, a cada cinco anos, as nações signatárias reafirmem o seu compromisso e apresentem novos planos para frear a crise climática.

A 26ª Conferência da ONU para Mudanças Climáticas ocorreu em Glasgow, na Escócia, entre os dias 31 de outubro e 13 de novembro de 2021. A sigla “COP” vem de “Conferência das Partes”, em inglês. As “partes” são os países que, há quase 30 anos,  firmaram um pacto ambiental durante a Eco-92, no Rio de Janeiro. Em 2021, chefes de Estado e representantes de 197 países – incluindo Joe Biden (EUA), Boris Johnson (Reino Unido) e Angela Merkel (Alemanha) –  estiveram presentes na reunião climática mais importante dos últimos anos.

Alguns estudos divulgados na COP26 pautaram o debate das reuniões. O Instituto de Política Ambiental Europeia, por exemplo, mostrou que o 1% mais rico da população global (independentemente do país onde cada uma dessas pessoas viva) emite 30 vezes mais gases do efeito estufa do que deveria – levando em conta o teto das emissões por habitante necessário para conter o aquecimento global.

Outra análise mostrou a urgência em cortar o uso de combustíveis fósseis: se os países não se comprometerem com as metas a longo prazo, o mundo deve enfrentar um aumento de 2,4 ºC na temperatura global até o fim do século. Bem mais do que o 1,5 ºC considerado seguro.

Daí a importância dos acordos para reduzir as emissões o quanto antes. Confira as principais resoluções da COP26.

Acordo florestal

<span class="hidden">–</span>João Montanaro/Superinteressante

O Forest Deal (“Acordo Florestal”) foi assinado por 105 países e visa zerar o desmatamento global até 2030. Um fundo de US$ 19,2 bilhões será criado para ações de preservação, combate a incêndios e reflorestamento. A adesão do Brasil, que receberá parte do dinheiro, foi cercada de expectativas. O país, lar de 60% da Amazônia, anda na contramão: em 2020, as emissões globais de gases do efeito estufa caíram 7% devido à pandemia. Por aqui, elas cresceram 9,5%, impulsionadas pelo desmatamento.

Adeus, carvão

<span class="hidden">–</span>João Montanaro/Superinteressante
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O carvão é o combustível fóssil que mais contribui para o efeito estufa – e ainda é a maior fonte de energia elétrica do planeta, responsável por 33% da geração global. Há dez anos, eram 40%, mas a redução precisa acelerar. Por isso, 40 países assinaram um acordo se comprometendo a eliminar o uso de carvão mineral entre as décadas de 2030 e 2040. A maior parte dos signatários é composta por países desenvolvidos: Coreia do Sul, Canadá, Polônia, entre outros. Estados Unidos e China, os dois maiores poluidores do mundo, ficaram de fora do acordo – o Brasil também.

Plano bilateral

<span class="hidden">–</span>João Montanaro/Superinteressante

China e EUA se comprometeram a cooperar em projetos para reduzir as emissões de metano (que retém 28 vezes mais calor que o CO2), além daquelas vindas dos setores industrial, de energia e de transportes. Foi uma surpresa positiva, já que  Joe Biden criticou a ausência de Xi Jinping na conferência. Os dois países, juntos, respondem por 38% dos gases do efeito estufa lançados, e a promessa vai ao encontro da meta de ambos de neutralizar suas emissões de carbono: a China quer fazer isso até 2060; os EUA, até 2050.

Quem paga a conta

<span class="hidden">–</span>João Montanaro/Superinteressante

Para frear o aquecimento global, todas as nações devem utilizar fontes de energia renováveis. Só que os combustíveis fósseis ainda são mais baratos a curto prazo. Países desenvolvidos têm mais condições de adaptar sua matriz energética do que as nações em desenvolvimento. Na COP15, em 2009, os países ricos se comprometeram a pagar US$ 100 bilhões por ano para financiar a adoção de fontes renováveis nas nações pobres. Era para a meta ter sido atingida em 2020, mas o investimento permanece na média dos US$ 80 bilhões por ano. Ficou decidido que deveria haver um “aumento significativo” do financiamento aos países em desenvolvimento até 2025.

Lado B

<span class="hidden">–</span>João Montanaro/Superinteressante

Em Glasgow, rolou também o Encontro das Pessoas por Justiça Climática, evento alternativo com painéis e discussões sobre temas que o grupo organizador (chamado Coalizão COP26) julgou estarem ausentes na conferência principal, como formas de mitigar o impacto do aquecimento global sobre as populações mais pobres – gente que perde a casa por conta de intempéries, por exemplo. A Coalizão esteve por trás também dos protestos que reuniram mais de 200 mil pessoas na cidade, pedindo decisões mais agudas no combate à crise climática. Houve ainda o Fóssil do Dia, “prêmio” entregue por uma rede de ONGs para quem empacou as negociações durante a COP. O Brasil levou a láurea ingrata duas vezes ao longo dos 14 dias de conferência.

A palavra final

<span class="hidden">–</span>João Montanaro/Superinteressante

No encerramento de cada edição da COP, os países assinam um documento que oficializa as novas metas. Pela primeira vez, o texto final deu nome aos bois: pediu a diminuição do uso de carvão mineral e a redução de subsídios a combustíveis fósseis. Parece pouco, mas é que todos os relatórios das outras 25 edições eram bem mais vagos. O texto ainda estabelece reuniões anuais para rever as metas climáticas dos países.

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