Em 1900, um arqueólogo chamado Paul du Chatellier estava escavando um cemitério pré-histórico em Finistère, região da Bretanha (França), quando encontrou uma grande chapa de pedra com a superfície repleta de marcas em baixo relevo. Chatellier guardou o artefato em sua coleção particular, mas seus filhos resolveram que não precisavam mais daquilo quando o pai faleceu.
A pedra foi vendida pelos herdeiros ao Museu de Arqueologia Nacional da França, que a manteve guardada por décadas no fosso do Castelo de Saint-Germain-en-Laye. Por sorte, outro grupo de arqueólogos reencontrou a peça em 2014 e resolveu, enfim, estudá-la. Os cientistas descobriram que as marcações na rocha na verdade não tem função estética, e sim prática: forma um mapa. O estudo foi publicado no periódico especializado Bulletin of the French Prehistoric Society (“Boletim da Sociedade da Pré-História Francesa”).
O mapa em questão remonta à Idade do Bronze e tem por volta de 4 mil anos – idade que dá a ele o título de mapa mais antigo conhecido na Europa. Ele parece representar o território pertencente a um antigo príncipe ou rei, tendo como base o vale do rio Odet, em Finistère. De acordo com os pesquisadores, a pedra mostra um trecho de 29 km distribuído ao longo das margens do rio, e representa a geografia local com 80% de precisão. Os cientistas imaginam que as marcações representem locais de túmulos ou assentamentos da época.
A pedra ficou conhecida como laje de Saint-Bélec, em referência ao nome do cemitério em que foi encontrada pela primeira vez. Os pesquisadores explicam que há vários mapas esculpidos em pedra em todo o mundo, mas nenhum representa um território com esse grau de zoom e precisão. Ele também não parece ter sido utilizado para navegação ou outras atividades práticas, mas sim como expressão de poder político – governante usava do mapa para se mostrar, exibindo a extensão de seu domínio.
Como o mapa de um rei foi parar no cemitério? A laje de 2 metros por 1,5 metros parece ter sido reaproveitada como parte de um túmulo no final da Idade do Bronze, entre 1900 e 1640 a.C. Se, no início, a placa representava o surgimento de alta hierarquia nas sociedades, no fim do período ela seria usada na sepultura com indiferença – ou até, especulam os pesquisadores, como sinal de rejeição àquela elite governante. A superfície esculpida ficou, inclusive, voltada para a parte de dentro, escondida – o que ajudou a manter as marcações praticamente intactas durante todo esse tempo.
Esta pedra de 4 mil anos pode ser o mapa mais antigo encontrado na Europa Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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