segunda-feira, 3 de julho de 2023

Moscas envelhecem mais rápido quando encontram colegas mortas

Ver um cadáver pode ser traumático. Para uma mosca, significa que ela também está com os dias contados. Um grupo de pesquisadores identificou uma relação curiosa entre a experiência e o tempo de vida do inseto: ver uma colega morta faz o indivíduo morrer mais rápido.

Os cientistas estavam conduzindo outro tipo de teste. Eles queriam saber se as moscas mudavam seu comportamento ou tinham uma resposta fisiológica diferente se estivessem em contato com moscas doentes. O resultado não foi positivo, as diferenças só vieram com a morte – mas isso gerou uma nova dúvida.

Seguindo por esse caminho, eles perceberam que as moscas que viram o cadáver eram evitadas pelas demais. Além disso, as testemunhas também perdiam suas reservas de gordura rapidamente e morriam mais cedo.

Em seu estudo, publicado no periódico PLOS Biology, os cientistas detalham o processo da descoberta. Primeiro, eles injetaram uma proteína fluorescente para registrar a atividade cerebral das moscas. Depois, colocaram as marcadas em um pote junto de outra mosca morta. Analisando as cobaias, eles identificaram atividade em uma parte específica do cérebro, responsável por integrar informações dos sentidos.

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Ligando e desligando conjuntos de neurônios em moscas novas, eles conseguiram identificar os responsáveis por essa relação. Quando desativados, ver um cadáver não significou nada; mas, ao ligá-los, não foi necessário nenhum defunto para causar os mesmos efeitos nos insetos.

O motivo da aceleração do envelhecimento ser induzida com a exposição a uma colega morta é desconhecido. Contudo, existem hipóteses: a morte pode despertar um sinal de alerta para a mosca, que se vê em uma “pressa reprodutiva” para tentar manter a população viva, em detrimento de sua própria sobrevivência. Encontrar um membro de sua espécie morto causaria estresse em qualquer indivíduo, e outra teoria afirma que o declínio de saúde da testemunha é consequência de uma resposta negativa a essa visão perturbadora.

O cérebro de uma mosca não é comparável ao humano, então a pesquisa não é diretamente aplicável para nós – pelo menos, por agora. No futuro, os pesquisadores esperam que a descoberta com insetos possa ser útil para entender como pessoas lidam com a morte.

“Ao contribuir para a compreensão dos efeitos fisiológicos da exposição à morte e dos mecanismos biológicos que os conduzem, nossos resultados podem fornecer informações para o tratamento de indivíduos que são rotineiramente expostos a situações estressantes em torno da morte, incluindo soldados e socorristas”, escrevem em seu artigo.

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