Texto Salvador Nogueira
E lá vamos nós de novo. O verão de 2022 no hemisfério Norte registrou recordes e mais recordes, com ondas de calor que apavoraram muitos europeus. No Reino Unido, pela primeira vez foram registradas temperaturas acima de 40°C, batendo o recorde para aquele país (era 38,7°C, estabelecido em 2019).
Recordes também foram quebrados na França, onde a temperatura superou os 42°C. Na Alemanha, em junho, chegou a 39,2°C. E o auge do continente ficou com Pinhão, em Portugal, que marcou 47°C em 14 de julho. Quarenta. E. Sete. Graus. Tudo isso vem acompanhado por incêndios, evacuações e mais de 5.000 mortes por calor extremo.
Não se iluda, a humanidade não está pronta para o que está vindo. E é assustador pensar que 2022 não é apenas um dos anos mais quentes já registrados. Vai piorar.
Temperaturas extremas vão atingir populações que não estão prontas para lidar com elas. E deve ser ainda pior do que projetam os modelos de aquecimento global: as temperaturas deste verão europeu eram esperadas para 2050, não para agora.
A reflexão óbvia é: precisamos fazer alguma coisa. E podemos. Mudar hábitos é uma contribuição que cada um de nós pode dar. Há ferramentas para calcular qual é nossa pegada individual nas emissões de carbono e nos guiam para reduzi-la.
Vale, por exemplo, dar uma passada em seeg.eco.br/calculadora-de-emissoes-de-pessoas e conferir a ferramenta, desenvolvida em parceria pelo Seeg (Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa) e pelo G1.
Esse exercício vai ilustrar duas coisas: sim, é possível agir no sentido de reduzir nossa influência pessoal e intransferível sobre o clima. E não, não é possível resolver o problema simplesmente mudando hábitos da população.
A maior parte das nossas emissões vem do consumo de eletricidade e dos transportes, duas áreas em que dependemos basicamente da matriz energética e dos veículos que há à disposição. É assunto de governo.
Para que possamos de fato enfrentar as mudanças climáticas, precisamos chamar os governantes à ação. Nos países democráticos, como é o caso do Brasil, escolhendo representantes comprometidos com a causa e com planos para agir sobre ela.
Já com as ditaduras espalhadas pelo mundo, a única alternativa é a pressão econômica. Em ambos os casos, é preciso cobrar que compromissos políticos assumidos sejam cumpridos. Nossa janela está cada vez mais estreita. Não dá para esperar mais dez anos. Nem mais cinco. Precisamos começar agora. Já. Ontem.
Coluna Carbono Zero: o que as ondas de calor na Europa significam para o planeta Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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