sábado, 13 de agosto de 2022

Odontologia digital: onde estamos e para onde podemos ir?

A tecnologia tornou-se uma grande aliada da área da saúde, trazendo inovações em exames, procedimentos e tratamentos. Na odontologia não é diferente. Cada vez mais dispositivos e softwares estão presentes nos consultórios e clínicas. As tecnologias são reais, prontas para serem utilizadas por profissionais treinados. No entanto, o acesso a elas ainda lembra uma ficção no Brasil.

Radiografia e anestesia digitais, escâneres e exames de tomografia de alta definição garantem hoje melhores diagnósticos e planejamentos mais previsíveis e assertivos no tratamento. A habilidade do cirurgião-dentista sempre será o guia do acompanhamento e dos procedimentos, mas é inegável que, nas últimas duas décadas, vivenciamos uma mudança enorme na odontologia.

Conseguimos ser menos invasivos e mais conservadores, isto é, preservar o natural ao invés de substituí-lo, tornando as intervenções mais duradouras. Esse viés de conservação mantém a dentição mais longeva e saudável, com menores desgastes. As cirurgias guiadas pela tecnologia também são mais precisas e rápidas, com o pós-operatório muito mais satisfatório do que 20 anos atrás.

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A fotografia digital permite uma análise facial completa e os escâneres modernos melhoram a captura de imagem e substituem os materiais de moldagem, aquela “massinha” utilizada pelo cirurgião-dentista para fazer o molde da boca do paciente. Isso propicia uma imagem mais fidedigna da cavidade bucal.

O escaneamento é uma tecnologia nova no Brasil. Ele produz uma imagem digital, que nos orienta em diversos procedimentos, como elaboração de facetas de porcelana ou placas de mordida para quem tem bruxismo. Com a massa de moldagem convencional, levamos em torno de 10 minutos para obter esse “quadro”. Com o escâner apenas 2 minutos.

Outro benefício para o paciente é que o escâner possui um sistema que identifica, com a ajuda do infravermelho, a cárie entre os dentes, o que normalmente só era identificado por meio de radiografia.

Aliado à tomografia, esse equipamento permite que se faça um guia da boca em acrílico, materializado com uma impressora 3D para nortear cirurgias e zerar a margem de erro nos procedimentos. Acredito que num futuro próximo todas as cirurgias serão guiadas assim.

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Nesse contexto, temos ainda a anestesia digital computadorizada, em que o próprio sistema dosa a quantidade de anestésico que será administrada de forma estratégica e indolor.

Além disso, o próprio aparelho de raio-x evoluiu com o processo digital. Com uma máquina convencional, precisa-se de meio segundo a 1 minuto para fazer a radiografia, o que é pouco tempo. Mas, com a nova tecnologia, são só 0,08 segundos, possibilitando que o exame seja feito em gestantes (depois do terceiro mês de gravidez) e crianças, por exemplo.

Por fim, o prontuário eletrônico permite que todos os dados do paciente sejam armazenados em nuvem. Com isso, podemos acessar essas informações ao longo de toda a jornada de cuidados dentais, em qualquer lugar do mundo, e compartilhá-las com outros colegas e com as equipes multidisciplinares.

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Porém, como estamos em um processo de evolução, essas tecnologias ainda são uma realidade cara e exigem investimentos e treinamentos pelo país. É o que discuti na palestra “Odontologia digital: realidade ou ficção? Onde estamos agora”, ministrada no último Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo (CIOSP).

Levando em consideração a questão social, em que grande parte da população depende de atendimento público ou de clínicas mais baratas, sabemos que existem limitações de acesso e os investimentos se refletirão no bolso do cidadão. Mas acreditamos e trabalhamos para que, nos próximos anos, essas inovações estejam disponíveis a todos.

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* Fernando Pereira Pastor é cirurgião-dentista, mestre em Implantodontia e especialista em Prótese Dentária

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Odontologia digital: onde estamos e para onde podemos ir? Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br

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