Quem carrega livros pra lá e pra cá sabe bem o que é ficar sem um marca páginas. Nesses casos, vale usar um papel improvisado para não esquecer onde parou na leitura: uma nota fiscal, a lista do mercado, um panfleto. Também sabe o que é perder para sempre esse papel, às vezes importante. (Um certificado de vacinação, no meu caso.)
Agora, imagine quantos pequenos esquecimentos os livros que retornam às bibliotecas podem guardar. São centenas de itens inusitados, como descobriu Sharon McKellar em seu quase 20 anos trabalhando como bibliotecária na Oakland Public Library (OPL, Estados Unidos).
Fotografias, cartões postais, rabiscos de crianças e cartas de amor: ela coleciona tudo o que encontra entre páginas dos livros. São objetos ordinários e anônimos, vestígios acidentalmente deixados por estranhos que, algum dia, fizeram empréstimos na biblioteca. Mas são também pequenos tesouros para os curiosos. Por isso, Sharon reuniu todos eles em um arquivo digital.
“Found in a Library Book” (“Achados em um livro de biblioteca”, em tradução livre) é o nome da coleção, disponível no site da OPL. São cerca de 350 objetos encontrados por Sharon e colegas bibliotecários de filiais próximas. Ela dá um título, digitaliza e categoriza cada item.
Dá para ficar um tempão vasculhando o “achados e perdidos” online. (E é mais divertido que rolar o feed do Instagram.) Há uma página só para itens esquecidos por crianças, por exemplo, e outra para artefatos diversos: agulha de crochê, rótulo antigo de refrigerante e cartão de telefone pré-pago do Vietnã.
Confira abaixo alguns objetos da coleção:
– Um cartão postal da Cidade Maravilhosa.
– Um post-it colado na página de um livro, no qual se registrou a surpresa diante das ilustrações: “O esquilo pode digitar!!!”.
– Um desenho de criança com um “papai robô” que diz “Calculando… Eu amo cerveja!”.
– Um recado romântico, também em inglês.
Em tradução livre: “Lembre-se, eu te amo, querida. O passado é o passado, então não vamos levá-lo para casa conosco. Eu só quero te amar e ser feliz. :)”
– Um papel que registra intrigas entre crianças (junto a um desenho do sapo Keroppi, personagem da Sanrio).
Em tradução livre:
“— Cheyenne é malvada.
— Não, ela não é, Serena.
— Ela é malvada comigo. Você me odeia?
— Não, de verdade.”
– Um marca página (!) dos Simpsons, que diz “Leia, cara”.
Sharon não tem muitos critérios para decidir o que entra ou não na coleção – afinal, todos os objetos poderiam ser interessantes para alguém. Mas ela impõe alguns limites: não inclui fotos que pareçam recentes, e também censura informações privadas, como nomes completos e endereços de papéis digitalizados.
Listas e cartas de amor: papéis esquecidos dentro de livros viram um arquivo digital Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
Nenhum comentário:
Postar um comentário