quarta-feira, 2 de junho de 2021

Você já ouviu falar sobre miastenia gravis?

Doenças autoimunes são aquelas desencadeadas pelo próprio sistema imunológico, que começa a confundir determinadas proteínas do corpo com agentes invasores, atacando-as. No caso da miastenia gravis, o organismo produz anticorpos que bloqueiam os receptores de acetilcolina nos nervos responsáveis por estimular a contração dos músculos, causando fraqueza muscular.

“Os mais suscetíveis costumam ser os músculos da região dos olhos, levando a pálpebras caídas e visão dupla. Também pode haver dificuldade para realizar tarefas simples do dia a dia, como estender roupa no varal, lavar os cabelos e até na deglutição”, explica Eduardo Estephan, neurologista especialista em doenças neuromusculares e diretor científico da Associação Brasileira de Miastenia (Abrami). Caso identifique alguns desses sintomas, a indicação do especialista é consultar imediatamente um neurologista.

De acordo com o Ministério da Saúde, a incidência da condição varia de 1 a 9 por milhão de habitantes, e a prevalência de 25 a 142 por milhão de habitantes, havendo um discreto predomínio em mulheres. Já os picos de ocorrência variam entre 20 e 34 anos para a população feminina, e 70 a 75 anos para homens.

Apesar de ser a forma mais comum, além da autoimune, há a miastenia congênita. “Nesse caso, não se trata de um ataque imunológico, mas sim de uma mutação que o paciente carrega desde o nascimento”, diz o médico.

Tratável, a miastenia gravis pode levar a quadros mais complexos durante os chamados momentos de descompensação ou crises miastênicas. Durante esse período, o paciente pode apresentar insuficiência respiratória ou impossibilidade de deglutir.

Desafio no diagnóstico

As sensações de fadiga e cansaço relatadas pelos pacientes combinadas à flutuação dos sintomas tendem a dificultar o diagnóstico da miastenia gravis, uma vez que muitos demoram para relacionar a condição a um problema neuromuscular. Daí a importância do Dia Mundial da Miastenia. Celebrada no dia 2 de junho, a data coloca a doença em pauta e conta com o apoio de organizações como a Cellera Farma e a Abrami.

“Dois exames podem contribuir para a confirmação do quadro: a eletroneuromiografia e a pesquisa de anticorpos”, explica o neurologista. No primeiro, sensores e eletrodos estimulam a atividade dos músculos, revelando se existe ou não fadiga. Já a análise laboratorial testa a resposta dos anticorpos à acetilcolina. Uma análise clínica bem detalhada, com atenção ao histórico dos sintomas de fraqueza muscular, também é essencial para o sucesso do diagnóstico.

Tratamento e qualidade de vida dos pacientes

“Apesar de não ter cura e ser uma doença complexa, a miastenia gravis é tratável e controlável. Quem recebe o diagnóstico positivo pode levar uma vida normal”, pondera Estephan.

O tratamento prevê ações em diferentes frentes. Medicamentos específicos que ajudam a melhorar os sintomas podem ser associados ao uso de corticoide e imunossupressores. Também há a possibilidade de os pacientes com alteração no timo, glândula localizada entre os pulmões e o coração e que atua no sistema imunológico, serem encaminhados para uma cirurgia de retirada.

Quando o assunto é novidades para o controle da miastenia gravis, o futuro é promissor. “Há diversas pesquisas e testes em andamento para corrigir ou substituir os genes defeituosos”, finaliza o especialista.


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