Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. Calcula-se que 17,9 milhões de pessoas perderam a vida por essas enfermidades apenas em 2016, representando 31% de todas as mortes em nível global. Desses óbitos, 85% ocorreram devido a ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVC).
Das 17 milhões de mortes prematuras envolvendo pessoas com menos de 70 anos por doenças crônicas não transmissíveis, 37% são causadas por problemas cardiovasculares. No Brasil, 10% da população acima de 60 anos apresenta obstruções arteriais sintomáticas em membros inferiores, fator que aumenta o risco de morrer e de ter complicações graves que vão de amputações a consequências cardíacas.
Estamos vivendo um momento inusitado e triste por conta de uma pandemia com proporções inimagináveis. As pessoas estão assustadas, preocupadas, estressadas e com medo de procurar auxílio médico. Por outro lado, as doenças vasculares — que abrangem aneurismas, varizes, insuficiência venosa, trombose venosa e entupimentos de artérias pelo corpo — continuam existindo e necessitando de monitoramento constante. Quando negligenciamos essas condições, elas podem evoluir para um desfecho potencialmente fatal ou com sequelas.
Precisamos levar em consideração, ainda, o alto custo que essas doenças apresentam para o sistema de saúde, devido à internação prolongada e aos procedimentos e materiais utilizados, quando não é feito um tratamento preventivo e precoce.
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A prevenção passa pela detecção dos fatores de risco para as doenças vasculares. Caso do diabetes. O Brasil é o país com o maior número de pessoas com a doença e se estima que metade delas não sabe que possui o problema. De acordo com o Ministério da Saúde, 20% das internações de brasileiros com diabetes se devem a complicações por lesões nos membros inferiores. Na rede pública, 85% das amputações não traumáticas são precedidas de feridas que costumam ter, entre suas causas, o diabetes.
Curiosamente, apesar das altas taxas de mortalidade e de incapacitação laboral definitiva, doenças como o diabetes podem ser muito bem controladas quando se faz um diagnóstico precoce e se realiza o tratamento junto às mudanças de hábito.
O diabetes é um dos fatores de risco. Precisamos cuidar de outros. Resumindo, e pensando no bem de nossas veias e artérias, devemos:
- Combater o tabagismo
- Praticar uma atividade física regularmente
- Manter uma alimentação balanceada, evitando excesso de sal, açúcar, farinha branca e gorduras de origem animal
- Conservar um peso compatível com a altura
- Evitar a imobilização prolongada
- Fazer o controle médico periodicamente
É diante desse panorama que criamos o Agosto Azul e Vermelho, representando, como mostram todos os livros médicos, as veias (azul) e as artérias (vermelho). No mesmo mês em que se comemora o Dia do Cirurgião Vascular (15 de agosto), queremos motivar as pessoas a cuidarem melhor de si mesmas e a prevenir tantas complicações decorrentes de doenças vasculares.
Do ponto de vista da saúde pública, e seguindo as orientações da OMS, precisamos não só sensibilizar a população mas também indicar políticas ao poder público que terão grande alcance sanitário e social. Por exemplo:
- Expandir políticas de controle ao tabaco
- Criar impostos para reduzir a ingestão de alimentos ricos em gordura, açúcar e sódio
- Construir mais vias adequadas à prática de caminhada e ciclismo
- Adotar estratégias para minimizar o consumo abusivo de álcool
- Montar campanhas permanentes de atendimento médico à população
As doenças vasculares estão aí e não podemos aguardar a pandemia passar para agir!
* Bruno Naves é presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV)
A hora é agora: precisamos cuidar das doenças vasculares Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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