O que é a doença de Crohn
A doença de Crohn é uma inflamação grave no trato gastrointestinal – que vai da boca até o ânus –, mas afeta com mais frequência o íleo terminal (parte inferior do intestino delgado) e o cólon (parte central do intestino grosso). A síndrome está no grupo das doenças inflamatórias intestinais (DII) junto com a retocolite ulcerativa.
“Ela é capaz de acometer qualquer órgão do corpo por causa das manifestações extra-intestinais, como dores articulares, artrite, feridas na pele, além de lesões oculares, no fígado, no pâncreas e até no pulmão. Trombose e anemia também podem ocorrer”, descreve o coloproctologista Carlos Sobrado, membro titular e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBPC). Segundo o médico, inclusive há a possibilidade de essas inflamações migrarem de região do corpo.
“Cerca de 30% a 40% dos pacientes possuem algumas dessas queixas. Então, é importante buscar o tratamento para melhorar os sintomas de Chron e também das outras enfermidades”, esclarece o coloproctologista.
Principais sintomas da doença de Crohn
Diarreia, cólica abdominal, perda de apetite e emagrecimento são os mais comuns. Às vezes, há febre e sangramento retal. Aftas frequentes, flatulência excessiva, dores articulares e manchas vermelhas na pele podem ter conexão com a doença.
As causas do problema
Acredita-se que a síndrome seja decorrente de uma desregulação do sistema imunológico. Outros fatores, como genética, condições da microbiota intestinal, qualidade da dieta e infecções prévias, também podem dar sua contribuição.
“Quem tem histórico de Crohn na família possui maior risco de desenvolver o quadro. Trata-se de uma doença poligenética, ou seja, vários genes estão envolvidos”, informa Sobrado. “A verdade é que existem muitos estudos, mas estamos longe de boas explicações sobre as causas exatas”, completa.
A síndrome também é mais comum em quem tem disbiose, que é um desequilíbrio na flora intestinal, e entre tabagistas.
Cerca de 60% a 70% dos diagnosticados estão entre os 20 e 40 anos de idade. No Brasil, não há dados que consigam mensurar a incidência de Crohn de forma homogênea. Em geral, os números são restritos a determinadas regiões do país. A prevalência da DII no Estado de São Paulo, por exemplo, é de 52,5 casos a cada 100 mil habitantes, sendo que 53,8% são portadores de retocolite e 46,2%, de Crohn.
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O diagnóstico
Detectar a doença depende de uma avaliação complexa. Além de listar os sintomas, a pessoa pode passar por uma gama de exames clínicos e laboratoriais. Antes de chegar a uma resposta concreta, é preciso descartar outros males semelhantes.
“Um processo inflamatório pode levar a outras enfermidades, como a colite nervosa. Em caso de fístolas no ânus, há probabilidade de ser Chron, mas não exclui a chance de se tratar de tuberculose, micose ou qualquer outra doença inflamatória do intestino, por exemplo”, conta Sobrado.
O tratamento
Ter uma visão holística do paciente é o mais importante no tratamento da doença de Crohn, segundo Sobrado. Como não há cura, é preciso aliviar todos os sintomas, inclusive as manifestações extra-intestinais.
“É um paciente que precisa passar por uma consulta demorada e contar com o auxílio de psquiatra, nutricionista e dermatologista. A abordagem deve ser multidisciplinar”, resume o coloproctologista.
Com o diagnóstico em mãos e a indicação certeira de medicamentos, é possível ter uma vida normal. Na alimentação, é recomendado evitar comidas gordurosas, leite e glúten durante as crises, além de mastigar bem os alimentos.
“Hoje, há boas drogas que ajudam o indivíduo a ter qualidade de vida e uma dieta menos restritiva”, avisa o médico.
Seguir uma rotina saudável, recomendação feita a todos, é a basicamente a mesma filosofia passada a uma pessoa diagnosticada com Crohn. “Comer e dormir bem, não ingerir álcool nem fumar, praticar exercícios físicos e evitar a obesidade fazem parte da lista de hábitos importantes”, elenca Sobrado.
Doença de Crohn: o que é, o diagnóstico, os sintomas e o tratamento Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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