No próximo dia 31, chega ao Brasil (mais) um serviço de streaming: o Star Plus (ou Star+), uma nova plataforma da Disney para os países da América Latina.
O objetivo do Star+ é reunir outros conteúdos distribuídos pela empresa para além dos que já existem no Disney+ (Marvel, Star Wars, Pixar, National Geographic e, claro, Disney), que estreou por aqui em novembro de 2020. A plataforma contará, por exemplo, com programação esportiva da ESPN, filmes e séries do Star (a antiga Fox), produções exclusivas e parte do catálogo do Hulu – outro streaming da empresa do Mickey, disponível apenas nos EUA.
O Star+ foi anunciado em agosto de 2020 pelo CEO da Disney, Bob Chapek; meses depois, em dezembro, o serviço foi confirmado, com mais detalhes sobre o seu funcionamento. Mas para entender essa história (e por que a Disney resolveu lançar outro streaming), é preciso voltar alguns anos, quando a empresa deu início a um dos maiores acordos da história da indústria do entretenimento.
Da Fox ao Star
No dia 14 de dezembro de 2017, a Disney anunciou a compra da 21st Century Fox por US$ 52 bilhões. A aquisição englobou toda a divisão de entretenimento da Fox (estúdios de TV e cinema, canais a cabo, etc.); outros setores da empresa, como o canal de notícias Fox News, permaneceram sob comando do bilionário Rupert Murdoch.
O acordo chamou a atenção pela quantidade de novas marcas e franquias que ficariam sob o guarda-chuva da Disney: Os Simpsons, X-Men, Avatar e Planeta dos Macacos, só para citar algumas. Foi a quarta maior transação do setor, atrás apenas de alguns acordos entre a Time Warner e empresas de telecomunicações, como a americana At&T.
Aquisições do tipo, claro, não acontecem da noite para o dia. Depois da notícia, a empresa de telecomunicações americana Comcast ofereceu US$ 65 bilhões pela 21st Century Fox (a companhia já era dona desde 2011 de outro conglomerado de mídia, a NBCUniversal). A proposta obrigou a Disney a subir o valor para US$71,3 bilhões, preço final do negócio com a Fox.
Além disso, foi preciso também adequar a compra nos mercados de cada país, para evitar qualquer entrave legal. No Brasil e no México, por exemplo, a Disney foi notificada de que precisaria se desfazer do canal Fox Sports. Por aqui, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) apontou a possibilidade de um duopólio nos canais esportivos da TV a cabo: de um lado, a Disney, dona da ESPN e do Fox Sports; do outro, a Globo com o SporTV. Meses depois, contudo, o Cade voltou atrás e a venda não aconteceu.
A compra foi concluída em março de 2019; em 2020, a Disney começou a mudar o nome de suas novas aquisições para limar a marca “Fox”. O estúdio 20th Century Fox, por exemplo, virou 20th Century Studios.
Foi um período conturbado para alguns filmes da Fox que ainda não haviam sido lançados – em muitos casos, a transição para a Disney fez com que a data de estreia fosse adiada. Os Novos Mutantes, da franquia X-Men, estava prometido para 2018, mas só chegou aos cinemas no final de 2020. Já A Mulher na Janela foi parar na Netflix, que adquiriu os seus direitos de distribuição.
Outra mudança, mais recente, aconteceu em fevereiro deste ano, quando os canais Fox mudaram para “Star”. O nome veio de uma emissora da Ásia com sede em Hong Kong, comprada pela Fox nos anos 1990.
No Brasil, a troca motivou outro imbróglio jurídico. O canal Starz entrou com um processo contra a Disney, alegando que o nome “Star” era praticamente idêntico ao seu e ao de seu streaming, o Starzplay. Convenhamos: eles tinham um ponto.
Em agosto, as duas empresas chegaram a um acordo: o processo não foi para frente, e a Disney pagará R$ 50 milhões ao Starz por possíveis danos que ela poderá causar no mercado brasileiro.
Quais serão os conteúdos do Star+?
O Star+ reunirá séries como Grey`s Anatomy, The Walking Dead e This Is Us – produções que já fazem sucesso em outras plataformas, como Netflix, Globoplay e Amazon Prime Video. Ainda não se sabe se elas se tornarão exclusivas da nova plataforma da Disney.
Além disso, haverá também conteúdos originais. Até agora, há 66 produções da América Latina confirmadas, como O Rei da TV, série brasileira que contará a história de Silvio Santos. Outro destaque é Y: O Último Homem, série do canal FX inspirada no quadrinho pós-apocalíptico de Brian K. Vaughan, roteirista de alguns episódios de Lost.
A Disney confirmou também, sem entrar em detalhes, que alguns títulos presentes no Hulu estarão disponíveis por aqui. Dentre eles estão o drama Pam & Tommy, estrelado por Lily James e Sebastian Stan e que narra a vida de casal da atriz Pamela Anderson e Tommy Lee, baterista do Mötley Crüe, e M.O.D.O.K., animação sobre o vilão da Marvel que dá nome ao programa.
Outra novidade do Star+ é a presença do conteúdo esportivo da ESPN, como transmissões de campeonatos e programas jornalísticos. Até então, a programação do canal só estava disponível via streaming nos EUA, onde o ESPN+ opera desde 2018. Por lá, a plataforma possui quase 15 milhões de usuários.
Mas, afinal: por que a Disney vai criar mais um serviço de streaming? Não seria o caso de incluir os novos conteúdos no Disney+?
À Super, a Disney explicou que a decisão levou em conta a segmentação e as preferências do seu público na América Latina, além do conteúdo esportivo da ESPN, que difere da proposta do Disney+. “Acreditamos que nossa proposta geral de entretenimento e esportes justifica ter uma plataforma separada”, disse a empresa.
O que vai acontecer com os antigos conteúdos da Fox que estão no Disney+?
Atualmente, é possível encontrar no Disney+ sete filmes da franquia X-Men e as temporadas 29 e 30 de Os Simpsons, além de algumas outras produções que pertenciam à Fox, como A Era do Gelo, Esqueceram de Mim e Percy Jackson.
Desde o lançamento do streaming no Brasil, o catálogo incompleto gerou reclamações por parte de alguns usuários – fãs dos Simpsons, por exemplo, não encontraram todas as temporadas da família amarela. Deadpool e Logan, filmes do universo X-Men com classificação indicativa mais alta, também ficaram de fora.
De acordo com a Disney, os conteúdos que já estão no Disney+ continuarão por lá, mas é o catálogo do Star+ que reunirá o acervo completo da antiga Fox – incluindo, claro, produções mais recentes do Star, como a 32ª temporada de Os Simpsons, que terminou em maio.
Qual é o preço da assinatura?
No Brasil, a mensalidade do Star+ custará R$32,90. O plano único oferece ao usuário a possibilidade de usar a plataforma simultaneamente em até quatro dispositivos. É um preço mais barato que Netflix (R$55,90 por mês no plano de quatro telas), mas mais salgado que outras concorrentes, como Amazon Prime Video e Apple TV+ (R$9,90 por mês).
Mas haverá alguns meios de baratear a assinatura, como pagar pelo plano anual ou adquirir o combo com o irmão Disney+ (veja a tabela abaixo). Outras empresas que colocarem o streaming em pacotes de TV e internet também poderão alterar o preço da mensalidade.
Star+: o que você precisa saber sobre o novo streaming da Disney Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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