quinta-feira, 12 de agosto de 2021

UFRJ passa a abrigar o terceiro maior meteorito do Brasil

Em 1992, um pedregulho curioso foi encontrado em uma fazenda no município de Campinorte, a 300 quilômetros de Goiás. Após algumas análises, a teoria foi confirmada: o objeto não era deste planeta. A rocha gigante era, na verdade, um meteorito de 4,5 bilhões de anos, que parece ter caído na Terra há mais de um milênio. 

As proporções também impressionaram. O meteorito Campinorte, como ficou conhecido, tem 1,5 metro de largura, 76 centímetros de altura e pesa 1,4 tonelada. O tamanho significativo o leva ao terceiro lugar do pódio de maiores meteoritos do Brasil – e a partir desta quinta-feira (12), ele ficará exposto no Museu de Geodiversidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Até então, o meteorito estava nas mãos do garimpeiro José Braz de Oliveira, irmão de Eli Oliveira, o fazendeiro que encontrou o pedregulho. A aquisição do Campinorte pela UFRJ – que já abriga os outros dois maiores meteoritos do país – custou R$ 365 mil, considerando a logística de transporte e a preparação do espaço no museu.

O valor foi obtido através de uma campanha de arrecadação virtual, que teve como principal contribuinte a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Sem verba pública para a aquisição, a “vaquinha” serviu para que os cientistas não corressem o risco de deixar o objeto ser adquirido por uma instituição internacional – o que inviabilizaria a pesquisa brasileira. 

Outro interessado em adquirir o meteorito era o Museu Nacional do Rio de Janeiro, referência no país em história natural. A instituição busca investir em novas coleções, já que perdeu parte de seu acervo durante o incêndio de 2018 (a coleção de meteoritos, contudo, não sofreu danos). Mas, no fim, foram os planos de levar a peça para o Museu de Geodiversidade que tomaram frente.

A importância do Campinorte

O estudo do meteorito pode ajudar cientistas a entender a formação e a evolução do Sistema Solar. Maria Elizabeth Zucolotto, astrônoma do Museu Nacional do Rio de Janeiro, explicou que, a partir da análise dos meteoritos, torna-se também possível o estudo da composição de “outros corpos do Sistema Solar, como os planetas terrestres, que teriam um núcleo semelhante a esse meteorito”. Os planetas terrestres, também chamados de telúricos, são Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, formados principalmente por rochas e metais. 

O Campinorte, composto por ferro e níquel, guarda ainda outra particularidade: ele é classificado como “não grupado”, ou seja, não se encaixa em nenhum grupo de meteoritos já conhecidos – o que significa que sua análise pode trazer informações únicas. Até agora, 20 gramas de material foram enviados para investigação na UFRJ, enquanto outra porção de 80 gramas foi cedida à Universidade de Alberta, no Canadá. 

<span class="hidden">–</span>Moisés Pimentel/UFRJ/Divulgação

Edson Farias Mello, diretor do Instituto de Geociências da UFRJ, explicou em nota que “os meteoritos guardam a memória dos instantes iniciais da formação da Terra. Isso porque são materiais originados no mesmo instante em que o planeta surgiu; ao contrário dos materiais terrestres, que sofreram muitas transformações ao longo de bilhões de anos, eles se mantêm inalterados”.


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