quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Urbanização pode estar influenciado o tamanho de mamíferos, sugere estudo

Ainda no século 19, um biólogo alemão chamado Carl Bergmann observou que animais da mesma espécie tinham tamanhos diferentes dependendo do local em que viviam. De acordo com ele, indivíduos que habitam regiões mais frias tendem a ser maiores do que aqueles encontrados em climas quentes. Os pinguins da Antártida, por exemplo, são maiores que os das Ilhas Galápagos.

Esse princípio ficou conhecido como Regra de Bergmann. Segundo o biólogo, animais maiores liberam menos calor para o ambiente – o que faz com eles aguentem melhor o frio. Em locais de clima quente, acontece o contrário: é preciso liberar rapidamente calor (gerado pelo metabolismo) para equilibrar a temperatura corporal. Nesse caso, ser pequeno ajuda. A regra, contudo, não pode ser generalizada para outros tipos de seres vivos, como répteis e plantas.

Até então, os cientistas acreditavam que, com as mudanças climáticas, a tendência seria de que mamíferos que vivem em áreas quentes ficariam menores com o tempo. Mas uma nova análise sugere que a história, em alguns casos, pode não ser exatamente assim.

O estudo foi feito por pesquisadores no Museu de História Natural da Flórida e publicado na revista Communications Biology. De acordo com ele, apesar da formação de ilhas de calor em centros urbanos, os mamíferos que vivem nestas áreas estão aumentando (e não diminuindo) em comprimento e massa corporal. 

Para chegar a esta conclusão, os cientistas analisaram dados de mais de 100 espécies de mamíferos norte-americanos coletadas ao longo de 80 anos. Entre os animais estavam lobos, coiotes, veados, roedores e até morcegos. Ao todo, mais de 140 mil medições de comprimento e massa foram consideradas.

Em ambientes em que a temperatura estava mais baixa, foram noticiados mamíferos maiores, o que confirmava a Regra de Bergmann. Por outro lado, os bichos que viviam em grandes cidades cresceram independentemente da temperatura. A hipótese dos pesquisadores é que os centros urbanos proporcionam abundância de comida e água, diversos abrigos e uma menor taxa de predadores – e isso estaria contribuindo para que os animais urbanos prosperem.

 

Ainda não se sabe as consequências da mudança de tamanho do corpo para os animais, mas os cientistas acreditam que haverá um desequilíbrio ecológico. Mamíferos menores, afinal, significam presas menores para os animais caçadores, que podem acabar tendo que buscar por outros recursos para complementar sua alimentação. Também será preciso ficar atento nos efeitos à longo prazo que os mamíferos urbanos podem enfrentar devido à dieta baseada em restos de comida feita para humanos. 

De toda forma, os pesquisadores esperam que o estudo sirva de guia para análises futuras: a medição de animais não deve se basear apenas na Regra de Bergmann, e sim ser somada a outros fatores contemporâneos, como a urbanização. Eles sugerem, como continuação para o estudo, comparar o tamanho de espécies urbanas com o de espécies rurais que vivem em áreas habitadas. A ideia é ver até que ponto a oferta de alimento está influenciando nas mudanças de proporção dos animais – ou se há outros fatores em jogo.


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