sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Sapos pretos mostram a seleção natural em ação em Chernobyl

Na madrugada de 26 de abril de 1986, o reator 4 da usina nuclear de Chernobyl explodiu, o que é lembrado até hoje como o maior acidente nuclear da história. A região permanece inabitada, com níveis de radiação ainda anormais, mesmo passados mais de 35 anos do desastre.

A exposição a altas doses de radiação teve consequências severas não só para as pessoas da região – muitas morreram ou desenvolveram problemas graves de saúde para o resto da vida – mas também para o meio ambiente. Entre fauna e flora contaminada e devastada pela radiação, alguns cientistas se dedicam a pesquisar como esses organismos se adaptaram para continuar vivendo na zona.

Pesquisadores identificaram na região, em 2016, a presença de rãs Hyla orientalis um pouco diferentes. Em vez do verde brilhante costumeiro para a espécie, aquelas rãs tinham uma cor preta incomum. Agora, a dupla de cientistas publicou um estudo, em que descreve como a pigmentação dessas pererecas reflete a ação da seleção natural.

Depois de encontrar os primeiros animais, eles decidiram se aprofundar no papel da melanina na vida selvagem de Chernobyl. Entre 2017 e 2019, examinaram em detalhes as cores de mais de 200 rãs machos, capturadas em 12 diferentes áreas do norte da Ucrânia. Esses pontos estavam distribuídos ao longo de um amplo gradiente de contaminação, incluindo, claro, algumas das áreas mais radioativas do planeta – mas os pesquisadores também usaram quatro locais de fora da Zona de Exclusão de Chernobyl como grupo de controle.

Melanina é a substância responsável pela cor escura de muitos organismos – inclusive as variações de tons de pele em humanos. Outra função importantíssima dela é reduzir os efeitos negativos da radiação ultravioleta. Estudos anteriores mostraram que, além dos raios UV, a melanina também pode atenuar os efeitos da radiação ionizante – o tipo de radiação que tem energia suficiente para tirar um elétron de um átomo ou molécula, e causar mutações genéticas.

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A melanina absorve e dissipa parte da energia dessa radiação, e pode eliminar e neutralizar moléculas ionizadas que já estejam dentro das células graças às suas propriedades antioxidantes. Esses mecanismos tornam menos provável que indivíduos expostos à radiação sofram danos celulares, o que aumenta suas chances de sobrevivência.

A análise dos pesquisadores revelou que os sapos de Chernobyl tinham uma coloração muito mais próxima do preto do que aqueles capturados fora da área. No geral, as que viviam dentro da Zona de Exclusão eram percebidas com peles 43,6% mais escuras, em média, do que as rãs estrangeiras.

As rãs das áreas mais próximas à usina eram consideravelmente mais escuras do que as do grupo controle.Germán Orizaola/Pablo Burraco/Creative Commons

Esta coloração não está relacionada com os níveis de radiação que as rãs experimentam atualmente. Os cientistas apontam que a cor escura é proveniente de rãs que estavam dentro ou perto das áreas mais contaminadas na ocasião do acidente.

“Os resultados do nosso estudo sugerem que as rãs de Chernobyl podem ter sofrido uma rápida evolução em resposta à radiação. Nesse cenário, aquelas rãs com coloração mais escura no momento do acidente, que normalmente representam uma minoria em suas populações, teriam sido favorecidas pela ação protetora da melanina,” escrevem para o site de divulgação científica The Conversation.

É exatamente assim que funciona a seleção natural: mais aptos a sobreviver à radiação, os sapos mais escuros se reproduziram com mais sucesso e passaram seus genes para frente. Mais de dez gerações se passaram desde o acidente e esse rápido processo evolutivo pode explicar o motivo dos sapos escuros, antes uma minoria, serem agora o tipo dominante na Zona de Exclusão de Chernobyl.

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Nasa e SpaceX estudam missão para prolongar a vida útil do telescópio Hubble

O Hubble está perdendo altitude, e o fim de suas atividades se aproxima – a menos que alguém dê um empurrãozinho no telescópio espacial da Nasa. E esse é o plano da SpaceX, empresa do bilionário americano Elon Musk. Ele fechou um acordo com a agência espacial para estudar a possibilidade de corrigir a órbita do Hubble e prolongar sua vida útil.

A SpaceX já transporta astronautas e cargas para a Estação Espacial Internacional (ISS), a serviço da Nasa, com sua cápsula Dragon. Agora, deve coletar dados para determinar se conseguiria encontrar, ancorar e mover o telescópio. O estudo será financiado pela empresa. A Nasa divulgou a parceria na última quinta (29).

O lançamento do Telescópio Espacial Hubble aconteceu em 1990, quando a Nasa o posicionou a 600 quilômetros de altitude. Desde então, a agência espacial realizou cinco missões de reparo durante o Programa Space Shuttle, que aconteceu de 1981 a 2011.

A última missão de reparo, em 1993, deixou o Hubble a 560 quilômetros de altitude. Nos últimos 13 anos, ele caiu até os 540 quilômetros. O telescópio não está em perigo imediato. Mas, nesse ritmo, é provável que ele caia o suficiente até o fim da década para que a Nasa tenha que planejar sua reentrada na atmosfera.

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A SpaceX poderia enviar uma espaçonave na direção do Hubble e agarrar o telescópio de 12 toneladas usando um “anel de captura” que a última missão do Space Shuttle deixou anexado a ele. Mas não existe uma data para a missão acontecer – ou sequer a garantia de que ela de fato vai acontecer. 

Seria uma tarefa com um nível de complexidade mais alto do que as atuais missões da SpaceX para a ISS. Por enquanto, está tudo em aberto. “Queremos fazer o estudo para ver o que é realmente viável”, disse Thomas Zurbuchen, diretor de ciência da Nasa.

Além de Elon Musk, outro bilionário e empresário americano envolvido no estudo é Jared Isaacman, que comandou a missão Inspiration 4, lançada em setembro de 2021 pela SpaceX. Ele tem um programa chamado Polaris, que visa a impulsionar tecnologias espaciais comerciais.

O Hubble já fez mais de 1,5 milhão de observações desde seu lançamento, e gerou dados para mais de 19 mil artigos científicos. A Nasa lançou o sucessor do Hubble, o Telescópio Espacial James Webb, em dezembro de 2021, mas a esperança é de que os dois telescópios ainda possam trabalhar juntos pelos próximos anos.

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Transplante em crianças: mais conscientização em meio aos desafios

Setembro é o mês de conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos, e o Brasil é considerado um dos países que mais realizam transplantes. Infelizmente, com a pandemia, o número de procedimentos diminuiu por aqui e no resto do mundo.

De acordo com os dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), vinculado à Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), em 2020, o país registrou apenas 3 323 doadores efetivos de órgãos. No entanto, o número de pacientes em fila de espera ainda é muito maior que a demanda por doações.

A recusa familiar na hora da doação ainda é um grande fator limitante para o avanço do número dos transplantes e, segundo estimativas do Ministério da Saúde, em torno de 38% das famílias ainda são contrárias a ela. Quando a doação envolve crianças, então, a situação fica mais complicada.

Para esclarecer um pouco mais sobre esse tema, que precisa ser discutido por toda a sociedade, convidei para um bate-papo a Dra. Luiza do Nascimento Ghizoni Pereira, especialista em transplante renal do Sabará Hospital Infantil.

+ LEIA TAMBÉM: Sepse é um problema de saúde pública entre crianças brasileiras

Felipe Monti Lora: Qual é a maior dúvida dos familiares na hora de autorizar a doação de órgãos ?
Luiza Pereira: Os motivos são diversos, mas o principal ainda envolve a confirmação da morte encefálica do paciente, conhecida popularmente por morte cerebral. Muitas pessoas ainda esperam por um milagre, principalmente quando falamos sobre crianças. Mas, quando se chega a esse diagnóstico e a família é abordada, vários testes já foram realizados e a irreversibilidade do quadro está confirmada, caracterizando a morte do paciente. Então, diante da fatalidade irreversível, a doação de órgão poderá ser a forma de ressignificar aquela dor e salvar outras vidas.

Mas também tem os órgãos que podem ser doados em vida. Quais seriam eles, Dra. Luiza?
Alguns órgãos e tecidos realmente podem ser doados em vida, tais como rim, parte do fígado e medula óssea. No caso dos doadores com morte encefálica, isso passa a abranger, além de rins e fígado, órgãos como coração, pulmão e pâncreas, e tecidos como córnea, pele, ossos, cartilagem, válvulas cardíacas etc. Inclusive, uma única pessoa pode ajudar vários pacientes.

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Para as crianças na fila de espera para o transplante de rim, como é realizada a distribuição dos órgãos doados ?
Há uma série de políticas que priorizam as crianças na fila, e a principal delas é que rins de doador pediátrico, aqueles menores que 18 anos, vão sempre para a lista de receptores menores de 18 anos. Isso faz com que as crianças fiquem menos tempo na fila e também recebam órgãos com maior qualidade e compatibilidade de tamanho. Quanto ao transplante, existem muitos outros critérios que precisam ser observados, já que a criança, como dizemos aqui no hospital, não é um adulto pequeno.

Qual é a maior fila de transplante pediátrico hoje?
O transplante renal é o mais realizado no Brasil, e também o responsável por 35% das crianças que estão na fila aguardando por um órgão. A principal causa de doença renal crônica na infância são as malformações renais, e no Brasil vivemos a triste realidade do atraso no diagnóstico.

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E qualquer pessoa pode realizar essa doação, Dra. Luiza?
Doar um órgão em vida é algo muito sério, exige muita responsabilidade por parte da equipe que determina a factibilidade da doação. É importante que, além da compatibilidade, o doador tenha excelentes condições de saúde, seja adulto e juridicamente capaz. Se o doador for um parente de até quarto grau não há necessidade de autorização judicial. Para doar órgãos após morte encefálica, além da autorização familiar obrigatória, o doador não poderá ter nenhuma contraindicação, como infecção grave ou contagiosa ou câncer, por exemplo.

Qual é a principal particularidade do transplante pediátrico?
As crianças são seres em evolução, crescimento e desenvolvimento. Além de uma cirurgia delicada, tem aspectos imunológicos específicos, questões nutricionais envolvidas, risco de infecções, além de uma longa trajetória a percorrer junto com o órgão recebido. Portanto, elas devem ser acompanhadas por uma equipe multidisciplinar altamente especializada e receber atendimento humanizado e planejado para que possam compreender o processo pelo qual estão passando, além do acolhimento e o apoio dos seus pais e família, com o objetivo de minimizar as dificuldades, manter a clareza, a tranquilidade e a segurança necessária no percurso.

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Clássicos em prol da tolerância

Em tempos de polarização ideológica e discurso de ódio nas redes sociais, convém pedir emprestada a sabedoria dos clássicos e ler dois ensaios que viraram referência sobre o que é ser tolerante.

No livro que reúne essas peças, Sobre a Tolerância (Penguin Companhia), temos a oportunidade de acompanhar as reflexões do filósofo inglês John Locke e do francês Voltaire, ambos escrevendo com o pano de fundo da intolerância religiosa.

Descontando certas preferências espirituais e políticas dos autores, seus insights não se restringem à liberdade de crença nem caducaram.

Pelo contrário, nos instigam a usar a razão para respeitar os outros, ainda que não compartilhemos do seu ponto de vista. Uma questão inclusive de saúde mental!

+ LEIA TAMBÉM: Psicólogo analisa efeitos do ódio político no bem-estar emocional

<span class="hidden">–</span>Capa: Penguin/Divulgação

Sobre a Tolerância
Autores: John Locke e Voltaire
Editora: Penguin Companhia
Páginas: 280

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quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Vírus corrige um gene no cérebro – e pode curar doença infantil rara

Novo tratamento reverte a deficiência de AADC, uma condição em que o corpo não consegue produzir dopamina; vírus carrega um gene humano e é injetado diretamente no cérebro; aplicação deverá custar milhões de dólares

A deficiência de AADC (descarboxilase de L-aminoácidos aromáticos) é uma doença genética rara, na qual o corpo não fabrica corretamente essa enzima – e, por causa disso, o cérebro não consegue produzir o neurotransmissor dopamina. As consequências são devastadoras: a criança não consegue andar, falar ou mesmo mexer a cabeça, tem dificuldades respiratórias. Na forma mais severa da doença, ela geralmente morre antes de completar 7 anos.

A doença, que afeta 1 em cada 32 mil bebês, é causada por mutações no gene DDC, que é o responsável pela produção da enzima. Não há cura. O tratamento consiste em tentar substituir parcialmente a dopamina (isso é feito usando os mesmos remédios usados contra o Parkinson, que também é causado pela falta de dopamina). 

Mas um tratamento radical promete reverter a doença. Ele usa uma versão modificada do vírus adeno-associado 2 (AAV2), que foi acoplado a uma cópia “boa” do gene humano DDC. O vírus é introduzido diretamente no putâmen, uma região cerebral relacionada ao controle dos movimentos – o que requer a abertura de incisões no crânio. 

Procedimento para injeção do vírus geneticamente modificado no putâmen, região cerebral relacionada ao controle dos movimentos.European Medicines Agency/Reprodução
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Usando uma cânula, o cirurgião faz quatro infusões, de 0,08 mL cada uma, da solução contendo o vírus. Ele infecta as células do putâmen, e transfere a elas o gene humano corrigido.

Com isso, o cérebro se torna capaz de produzir a enzima AADC – e passa a fabricar dopamina, reduzindo ou eliminando os sintomas da doença. Segundo cientistas do National Taiwan University Hospital, que testaram o vírus em 30 crianças, elas se tornaram capazes de andar, falar e brincar normalmente

O efeito colateral mais frequente foi discinesia (movimentos involuntários), que afetou 85% dos pacientes. Em 90% dos casos, ela foi leve ou moderada e cessou após dois meses.

O vírus modificado foi desenvolvido pela empresa americana PTC Therapeutics, que pretende comercializá-lo com o nome de Upstaza. Ele não é capaz de se replicar, não se reproduz no organismo (e não é contagioso). Mas seu efeito pode ser perene. Em um dos testes clínicos, que acompanhou oito crianças ao longo de cinco anos, todas se mantiveram livres da doença.

O produto foi aprovado pelas autoridades regulatórias da Europa em julho. Seu preço ainda não foi divulgado, mas deve ficar na casa dos milhões – no mesmo patamar de outros medicamentos genéticos ultra caros, como o Zolgensma (do laboratório Novartis), que cura a atrofia muscular espinhal e custa US$ 2,1 milhões, e o Zynteglo, da empresa americana Bluebird Bio, que trata a talassemia beta (falta de hemoglobina no sangue) e custa US$ 2,8 milhões. O fabricante do Upstaza pretende submetê-lo à FDA americana nos próximos meses.

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Diabetes tipo 1: a vida de milhares de brasileiros está em risco

Cerca de 3,9 milhões de pessoas no mundo que perderam suas vidas por causa do diabetes tipo 1 poderiam estar vivas. Isso se houvesse mais informação e acesso a tratamentos e insumos. Esse é um dos prognósticos trazidos pelo Índice de Diabetes Tipo 1, documento que reuniu dados do mundo inteiro para avaliar o impacto dessa doença na saúde pública.

O estudo foi liderado pela JDRF, organização global de pesquisa e defesa do diabetes tipo 1, e envolveu mais de 500 endocrinologistas e 400 publicações.

Sobre a falta de informação, a confusão já começa ao falarmos sobre os tipos de diabetes. Tanto o tipo 1 como o 2 são caracterizados por um excesso crônico de açúcar no sangue.

Só que o diabetes do tipo 1 é uma doença autoimune. Ou seja, as próprias unidades de defesa do corpo passam a destruir o pâncreas, responsável pela produção de insulina. O tratamento, portanto, envolve a reposição desse hormônio, que permite o aproveitamento do açúcar pelas células.

Cegueira, risco de infarto, AVC e amputações estão entre as possíveis complicações da doença e, segundo esse estudo, fazem um indivíduo perder, em média, 33 anos de vida saudável.

No diabetes do tipo 2, só para esclarecer, a causa da glicemia alta vem de um fenômeno conhecido como resistência à insulina. Em resumo, o hormônio até é produzido, mas não consegue atuar direito. E os sintomas aparecem anos depois da instalação da doença. Saiba mais sobre esse quadro aqui.

+ Leia também: Diabetes em transformação: o que está mudando no tratamento

Voltando ao estudo sobre o diabetes do tipo 1: além de fazer um retrato do que ocorre no mundo, o documento traz previsões preocupantes, inclusive para o Brasil. O país é o terceiro no mundo com mais casos da doença, e tende a chegar em primeiro lugar nos próximos anos.

Pelos dados atuais, estima-se que 235 mil mortes em decorrência do quadro poderiam ter sido evitadas por aqui. Se nada for feito, esse número pode chegar a cerca de 465 mil em 2040.

Como evitar esse cenário?

“O importante é sabermos utilizar esses dados para mudar a perspectiva”, afirma Mark Barone, fundador e gerente-geral do Fórum Intersetorial de Combate às DCNTs no Brasil e vice-presidente da Federação Internacional de Diabetes (IDF). Ele atua em algumas instituições parceiras desse estudo.

O relatório aponta para soluções globais nesse sentido. É preciso, por exemplo, melhorar o diagnóstico e garantir o acesso a medicamentos e novas tecnologias – como os diversos tipos de insulina e as tiras de reagentes e os monitores utilizados no controle da glicemia. Áreas como prevenção e pesquisa também carecem de investimento, claro.

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Por aqui, algumas conquistas até chegaram ao Sistema Único de Saúde (SUS), mas muitas vezes o paciente sofre com a falta do básico.

“Conseguimos incorporar muitas medicações nos últimos anos, mas ouvimos relatos, por exemplo, de falta de insulina e tiras de glicemia em postos. Quem convive com a doença precisa desses itens diariamente, não é algo que possa aguardar um mês”, relata Barone. “Saber que isso é um direito empodera as pessoas, que passam a exigi-los”, completa o médico.

O estudo, por exemplo, calcula que a cada tira de insulina a que uma pessoa tem acesso, sua expectativa de vida aumenta algumas horas.

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Outra questão urgente diz respeito à desinformação. Para resolvê-la, esclarece Barone, é importante batalhar por uma melhor formação dos profissionais de saúde.

“Quem tem diabetes tipo 1 precisa tomar decisões o tempo todo, como escolher o alimento certo após verificar se a glicemia está baixa ou alta. Muitos associam o diabetes à proibição de doces, por exemplo. Mas, na doença do tipo 1, há o risco de hipoglicemia, quando a pessoa precisa de açúcar”, exemplifica o médico.

+ Leia também: Covid-19 é associada a aumento de diabetes infantil

Um outro engano frequente é de que a identificação do diabetes tipo 1 só ocorre entre crianças e adolescentes. O relatório da JDRF aponta que 50% dos diagnósticos estão concentrados nos mais velhos.

“Quando o adulto descobre a doença, ele associa ao tipo 2, que remete a obesidade e má alimentação, quando, na verdade, ela tem base genética. A partir daí, ele comete erros ao praticar atividade física, montar a dieta, etc.”, ensina Barone.

Vale lembrar que associações também fazem o papel de disseminar informações sobre a doença e seus tipos, como a Sociedade Brasileira de Diabetes. Quanto mais conhecimento, menor o risco de números tão desastrosos, como os levantados pelo estudo, se confirmarem.

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Você cuida bem do seu coração?

Da formação silenciosa de placas de gordura nas artérias aos efeitos do estresse na pressão arterial, não são poucas as ameaças capazes de resultar em desfechos cardiovasculares graves nas salas de emergência dos hospitais. Uma das estratégias para conter esse perigo é a informação. Isso porque, com ajustes no estilo de vida, boa parte dos eventos do coração e do cérebro pode ser evitada.1 “O principal pilar para a prevenção de doenças cardiovasculares é a adoção de  determinados princípios, como evitar o sedentarismo, ter uma dieta saudável, evitar fumar e controlar a pressão arterial e os níveis de colesterol e de glicose”, informa o dr. Ronaldo Leão, cardiologista do CDPI, marca de diagnósticos da Dasa, maior rede de saúde integrada do Brasil, no Rio de Janeiro, que conta com o espaço CDPI Cardio para a realização de exames específicos dessa área. Essas premissas, bem conhecidas dos profissionais de saúde e um verdadeiro mantra entre os cardiologistas, têm potencial para reduzir significativamente os riscos de infarto ou acidente vascular cerebral, o AVC.2

Trabalhar por políticas de saúde para motivar as pessoas a adotar e manter comportamentos saudáveis, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é o caminho para reduzir a mortalidade por doenças cardiovasculares, que hoje chega a cerca de 18 milhões por ano no mundo.3

“Somente no Brasil, como se observa no Cardiômetro, ferramenta desenvolvida pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) que registra as mortes por doenças cardíacas, alcançaremos aproximadamente 400 000 mortes este ano relacionadas a esse motivo”,4 lamenta o dr. Rafael Vilanova, gerente médico de cardiologia do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), referência em atendimentos cardiológicos de emergência no Rio de Janeiro e também pertencente à Dasa. “Uma boa parte dessas mortes seria evitável. Por isso é tão importante que circulem informações a esse respeito não apenas em datas como o Dia Mundial do Coração, mas ao longo de todo o ano”, completa.

Dr. Rafael Vilanova, gerente médico de cardiologia do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), da rede DasaDasa/Divulgação

“As principais doenças cardiovasculares são infarto agudo do miocárdio e AVC e suas consequências, como insuficiência  cardíaca”, continua o cardiologista do CHN. “E a mortalidade é alta, sobretudo, porque as condições que favorecem a ocorrência desses eventos, a exemplo da pressão arterial não controlada e o diabetes, não são adequadamente observadas”, pontua o dr. Rafael.

De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 50% das pessoas com pressão alta nem sabem que têm o problema,5 um dos grandes responsáveis por ataques cardíacos, além de AVC e insuficiência renal.6

Para reverter esse panorama de subdiagnóstico, segundo a dra. Núbia Welerson Vieira, cardiologista e diretora médica do Hospital Brasília Unidade Águas Claras, que faz parte da Dasa no Distrito Federal, o recomendado é medir a pressão como parte do check-up de rotina, feito pelo menos uma vez ao ano. “Também é importante consultar um médico sempre que alguma medição fora do consultório indicar 14 por 9 ou mais, pois isso pode significar tanto hipertensão, que deve ser tratada, quanto uma elevação isolada”, observa a médica.

Dra. Núbia Welerson Vieira, cardiologista e diretora médica do Hospital Brasília, que faz parte da DasaDasa/Divulgação

Ajustes no estilo de vida diminuem os riscos

Alimentação saudável é a chave quando se trata de proteger o coração. “Nossa dieta está cada vez mais industrializada, com maior consumo de sódio”, avalia o dr. Rafael Vilanova. Atentar para essa questão não significa dizer que a pessoa tem que se privar de tudo, e sim fazer mudanças em prol do equilíbrio à mesa. As Diretrizes Brasileiras de Hipertensão mencionam os benefícios de seguir a DASH (do inglês, Dietary Approaches to Stop Hypertension, ou dieta para combater a hipertensão), que prega um cardápio baseado em mais frutas, verduras e legumes, com pouco sal e menos gordura de origem animal.7

Sair do sedentarismo é outra atitude cada vez mais encorajada pelos profissionais de saúde. E o dr. Rafael Vilanova acrescenta: “Isso inclui as crianças, que hoje estão muito ligadas às telas de eletrônicos, o que leva ao sedentarismo e ao aumento do estresse”.8

O controle do estresse é sempre lembrado pelos especialistas como mecanismo de proteção. Isso porque uma condição de tensão permanente contribui para a liberação de hormônios relacionados à elevação da pressão, como adrenalina e noradrenalina.9

“Um aspecto cada vez mais valorizado é o sono, que deve seguir um padrão regular e uma quantidade adequada de horas para prevenir doenças cardiovasculares”, lembra o dr. Ronaldo Leão, do CDPI. A atenção deve ser redobrada em casos de apneia do sono, aqueles roncos e engasgos que interrompem a respiração e acabam diminuindo a oxigenação, propiciando alterações de pressão e frequência cardíaca.10

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Para contribuir no esclarecimento da população sobre a importância de monitorar a saúde cardiovascular, o Hospital Brasília Unidade Águas Claras produziu a websérie Cardiologia – Ouça seu coração. Em cinco episódios, especialistas alertam sobre as principais doenças e como manter as artérias em dia. A série pode ser vista no canal do YouTube do hospital (https://bityli.com/CwlzcPP), bem como nas redes sociais Instagram (@hospitalbrasilia) e Facebook

Check-up deve fazer parte da agenda

“Para pessoas sem histórico familiar que nunca sofreram eventos cardiovasculares, a recomendação é realizar uma avaliação médica periódica, com exame clínico e testes complementares, que vão depender da faixa etária e da presença de fatores de risco, como hipertensão, obesidade, sedentarismo, tabagismo e diabetes”,2 pondera o dr. Jadelson Andrade, diretor de cardiologia da Dasa.

No caso de histórico familiar de doenças cardiovasculares, uma consulta, no mínimo, anual é requisito básico. “Nela, o médico orientará sobre os exames mais importantes, entre eles o escore de cálcio e o ultrassom das carótidas para pesquisa de aterosclerose”, exemplifica o dr. Ronaldo Leão, que é também coordenador de medicina nuclear do CDPI, no Rio de Janeiro. “O CDPI dispõe de todo o arsenal de exames cardiovasculares, com os equipamentos mais modernos e médicos competentes e multidisciplinares para fazer avaliações, desde as mais simples, como ecocardiograma, até as mais complexas, como cintilografia miocárdica, angiotomografia coronariana e ressonância magnética do coração”, enumera.

A dra. Núbia aponta, ainda, alguns sinais da existência de doença cardiovascular, sobretudo em fase mais avançada, como dor no peito ou falta de ar, especialmente depois de realizar esforço físico ou em momentos de maior tensão. “Os sintomas também podem incluir tontura, vertigem, náusea, fraqueza, sensação de cansaço e desconforto no peito, que pode, inclusive, irradiar para outras partes do corpo”,11 pontua a médica.

Tratamentos cada vez mais promissores

A assistência de uma equipe multidisciplinar é um diferencial nos centros de referência da Dasa. “Esse acompanhamento é fundamental tanto nas estratégias de prevenção, com a participação de nutricionistas, profissionais de educação física e psicólogos, quanto na tomada de decisão da melhor conduta para o tratamento, feita pelo heart team, formado por diferentes especialistas da cardiologia”, ressalta o dr. Jadelson Andrade. O heart team se reúne em torno do programa Segunda Opinião, em que cardiologistas clínicos, hemodinamicistas e cirurgiões cardíacos discutem e dão assessoria inclusive para médicos de outras instituições a respeito de casos mais complexos.

“No campo terapêutico, um número expressivo de medicamentos de última geração vem sendo continuamente desenvolvido, com eficácia comprovada para controle da hipertensão, colesterol, diabetes, insuficiência cardíaca, arritmias, fenômenos trombóticos e infarto”, afirma o dr. Jadelson Andrade. Soma-se a isso, continua o médico, a evolução do manejo percutâneo, por cateteres, com implante de stents, válvulas e próteses sem a necessidade de cirurgias abertas, o que representa um avanço considerável no enfrentamento dessas doenças.

O dr. Rafael Vilanova, do CHN, lembra, ainda, o recurso das terapias genéticas e os avanços em transplantes cardíacos, realizados na instituição desde 2020. “Os tratamentos hoje estão em outro patamar, incluindo os dispositivos de assistência circulatória, ou corações artificiais, que são uma realidade, embora ainda haja uma limitação de acesso em razão de custos”, completa.

Na emergência, cada minuto conta

Em episódios cardiovasculares graves, assegurar a agilidade no atendimento deve ser parte do protocolo. “O infarto do miocárdio, por exemplo, é uma das doenças mais tempo-dependentes, porque estamos falando de uma patologia com interrupção de sangue na artéria. Então, toda a musculatura que seria nutrida por ela está sob risco. Quanto mais tempo demora, mais células vão morrendo e é maior a probabilidade de evoluir para uma insuficiência cardíaca ou morte”, diz o dr. Rafael Vilanova. 

“Hoje, há uma série de indicadores hospitalares de qualidade de assistência de acordo com o tempo. No caso de infarto, tem que ser feito eletrocardiograma em até 10 minutos, analisado por um especialista. Em, no máximo, 90 minutos o paciente tem que estar na hemodinâmica, setor em que é feito o cateterismo quando indicado. O desfecho depende muito desse tempo”, destaca. Por isso, instituições como o CHN contam com pelo menos dois cardiologistas na emergência, além de garantia de acesso rápido a outros especialistas necessários em cada caso.

“Os centros de cardiologia precisam estar qualificados para oferecer um cuidado integral. A partir do atendimento ambulatorial, a oferta ampla de exames de diagnóstico, programas de prevenção cardiovascular consistentes e, quando indicados, os tratamentos de excelência baseados em guias de condutas dentro das melhores evidências científicas nacionais e internacionais”, resume o dr. Jadelson Andrade. “É requisito também estarem estruturados para o seguimento e orientações após a alta hospitalar. Esse é o conceito de ecossistema de saúde que estamos implementando nos centros de excelência e referência em cardiologia dos hospitais da Dasa”, conclui.

  1.  https://www.health.harvard.edu/blog/lifestyle-changes-to-lower-heart-disease-risk-2019110218125.
  2. http://publicacoes.cardiol.br/portal/abc/portugues/2019/v11304/pdf/11304022.pdf.
  3. https://www.who.int/health-topics/cardiovascular-diseases/#tab=tab_1.
  4. http://www.cardiometro.com.br/.
  5. https://abccardiol.org/wp-content/uploads/articles_xml/0066-782X-abc-116-03-0516/0066-782X-abc-116-03-0516.x55156.pdf.
  6.  https://www.sbh.org.br/sobre-a-hipertensao/.
  7.  http://departamentos.cardiol.br/sbc-dha/profissional/revista/28-2/diretrizes-2020.pdf.
  8. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2211335518301827?via%3Dihub.
  9. https://www.portal.cardiol.br/post/entenda-como-o-estresse-prejudica-o-cora%C3%A7%C3%A3o.
  10. http://publicacoes.cardiol.br/portal/abc/portugues/2019/v11304/pdf/11304022.pdf.
  11. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/cardiovascular-diseases-(cvds).
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Para abrir caminhos nas artérias

Médicos do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, dispõem de uma novíssima arma para lidar com a calcificação que trava o fluxo sanguíneo nas artérias e ameaça o coração.

Trata-se de um tipo de ultrassom aplicado para dilatar os vasos que precisam receber um stent mas estão enrijecidos demais para isso. “Imagine um cano que está mais grosso e entupido por dentro. O que o procedimento faz é amolecer essa peça para restabelecer a circulação”, compara o cardiologista Pedro Lemos.

Com um dispositivo de menos de 3 milímetros, os especialistas liberam ondas de som que enfraquecem as placas. Em dez dias, foram oito procedimentos realizados. A técnica promete.

Como é feito o procedimento

A entrada: Uma pequena incisão na pele é usada para colocar um cateter, espécie de tubo que é usado como canal de passagem, na artéria.

O ultrassom: Pelo cateter, o médico insere um equipamento minúsculo, que concentra ondas de ultrassom capazes de quebrar o cálcio dos vasos.

Dilatação: Com essas quebras, é possível dilatar o espaço e inserir um stent, dispositivo que mantém a abertura e restabelece a passagem de sangue.

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O que é a calcificação?

Não é só a gordura que atrapalha a circulação nos vasos. Com o tempo, eles endurecem também porque acumulam cálcio.

É normal, mas, em alguns casos, a calcificação contribui para a interrupção total do fluxo nas artérias do coração, o que leva ao infarto.

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Outros usos da tecnologia

A capacidade de gerar microlesões do ultrassom pode ajudar a tratar outros problemas cardíacos. Atualmente, ele está em testes contra arritmias e hipertensão resistente, para citar dois exemplos.

Mais estudos devem explorar esse potencial e trazer respostas.

 

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Para abrir caminhos nas artérias Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br

Datacenters submersos prometem emitir 40% menos CO2

Texto Sílvia Lisboa e Bruno Garattoni

Os datacenters que fazem a internet funcionar consomem 1% a 2% de toda a eletricidade gerada no mundo. E essa energia muitas vezes provém de fontes poluentes, como as usinas termelétricas. Por isso, os datacenters são responsáveis por 0,3% de todas as emissões globais de CO2, segundo a International Energy Agency (IEA).

Pode até parecer pouco, mas não é: dá 150 milhões de toneladas de CO2 por ano, o equivalente às emissões geradas por 35 milhões de carros. E, com o tráfego de informações na rede dobrando a cada quatro anos, o problema só cresce.

Os datacenters gastam toda essa energia por dois motivos: têm muitas CPUs (um datacenter de grande porte chega a reunir mais de 100 mil servidores, com vários processadores cada um), e também é preciso refrigerar todas essas máquinas. O primeiro problema vem sendo atacado pela indústria de chips, que a cada ano lança CPUs mais eficientes. Mas o segundo requer soluções mais radicais – como construir datacenters debaixo d’água. 

Até o final deste ano, a empresa britânica Subsea Cloud pretende inaugurar o primeiro: um contêiner selado, com 6 metros de comprimento, que será afundado na costa de Port Angeles, em Washington. Dentro dele, estarão 800 servidores. Não à toa, o datacenter foi batizado de Julio Verne, autor do clássico de ficção científica “20 mil léguas submarinas”. Se der certo, a Subsea pretende colocar datacenters submersos no Golfo do México e no Mar do Norte, entre as costas da Noruega e da Dinamarca. 

A estratégia pode parecer arriscada e contraintuitiva (afinal, água e equipamentos eletrônicos não combinam), mas vem sendo considerada uma das mais promissoras para reduzir as emissões de CO2 do setor de tecnologia. Segundo a Subsea, os datacenters submersos consomem 40% menos eletricidade – porque a água do mar resfria o contêiner, dissipando o calor gerado pelos servidores. 

Os contêineres da Subsea têm as mesmas dimensões dos usados no transporte de mercadorias, e são lacrados para que a água não entre. Mas eles são feitos de outro tipo de aço, com menor teor de carbono – e, por isso, mais resistente à corrosão. 

Também são preenchidos com um líquido especial à base de flúor, que conduz calor, mas não eletricidade (evitando que os computadores entrem em curto-circuito, o que aconteceria se eles entrassem em contato com água). Esse líquido absorve o calor gerado pelos servidores e o carrega até as paredes do contêiner – que são resfriadas pelo contato com a água do mar. 

O datacenter submerso é conectado à superfície por uma malha de cabos de cobre e fibras ópticas, que recebem e enviam dados para ele – bem como a eletricidade de que os servidores precisam. O contêiner fica no fundo do mar. Mas em áreas costeiras, onde a profundidade não é tão grande. 

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Por isso, a Subsea diz que é relativamente fácil trazê-lo de volta à superfície para fazer a manutenção dos servidores: segundo ela, o processo leva 4 a 16 horas. Mas a empresa afirma que a necessidade de manutenção será reduzida, pelo fato de não haver poeira no mar e do baixo risco de rompimento da estrutura metálica.

Um data center no Ártico

Em 2018, a Microsoft testou uma ideia similar à da Subsea: foi o Projeto Natick, em que um grande cilindro com servidores dentro foi afundado na costa da Escócia e operado à distância durante dois anos. Em 2020, ele foi içado – e os engenheiros da empresa constataram que a taxa de falhas nos servidores submersos foi quase 90% menor do que a média dos servidores em terra. 

Ou seja, a ideia funcionou. Agora, a Microsoft estuda dar o próximo passo, e instalar datacenters submersos perto de parques eólicos offshore (no mar), cujas turbinas forneceriam toda a energia necessária. 

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Outra ideia para reduzir as emissões de CO2 é levar os datacenters a países gelados. Essa foi a opção do Facebook, que construiu um deles no norte da Suécia, a apenas 100 km do Círculo Polar Ártico. O centro ocupa uma área do tamanho de seis campos de futebol, e fica no meio das gélidas florestas do Polo Norte.

As temperaturas do Ártico oscilam ao redor dos -50ºC a maior parte do tempo. Para aproveitar o ar refrigerado natural, a plataforma o puxa para dentro do prédio usando turbinas semelhantes a de aviões. A energia usada para movimentar as hélices vem de usinas hidrelétricas que operam em rios próximos. “O sistema utiliza quase 40% menos energia do que os datacenters tradicionais”, disse Mark Zuckerberg. Os números são semelhantes ao dos módulos subaquáticos em testes pela Subsea e pela Microsoft.

Já o Google emprega uma série de estratégias, incluindo refrigerar seus datacenters com água de esgoto tratada, para reduzir o consumo de energia e as emissões de CO2. A empresa pretende usar 100% de energia limpa, em todos os seus datacenters, a partir de 2030. 

Apesar de todas essas iniciativas, manter o mundo conectado ainda está longe de ser uma atividade sustentável. Um levantamento da consultoria Capgemini, que analisou 1000 empresas de TI, constatou que reduzir o impacto dele nas mudanças climáticas ainda não é uma prioridade: apenas 43% dos executivos do setor sabem quanto CO2 suas empresas emitem. Embora metade das companhias tenham planos de sustentabilidade, apenas 18% deles eram de fato estruturados, com objetivos e metas bem definidos.

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A negligência é um grande risco ao coração

A hipertensão arterial, o diabetes, o fumo e níveis elevados de colesterol são os principais fatores de risco que causam infartos e derrames. Entretanto, a falta de conhecimento sobre essas ameaças  pode ser ainda mais importante. 

Segundo pesquisa da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP, metade dos diabéticos não sabem que convivem com o problema e, portanto, não fazem nenhum tratamento, o que os predispõe aos riscos fatais das patologias cardíacas. Outro dado aponta que 23,2% dos entrevistados nunca foram ao cardiologista e 46,8% tinham feito a visita há mais de um ano. 

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“Mas eu não sentia nada” é a frase mais comum de se ouvir em uma consulta cardiológica pós-infarto. E o que não surpreende o médico igualmente não deveria surpreender o paciente: a maioria das doenças cardiovasculares são mesmo assintomáticas. Daí a necessidade de consultas e exames preventivos e regulares, que evitam ou ao menos detectam problemas de eles comprometerem órgãos-alvo como o coração, cérebro e rins. O Acidente Vascular Cerebral (AVC), a insuficiência cardíaca, o infarto e o acometimento dos rins estão entre os danos que a trilogia hipertensão, colesterol e diabetes acarretam.

A prevenção não só é o melhor caminho como é primordial: de acordo com a SOCESP, 32,3% dos brasileiros são hipertensos e, após os 60 anos, este percentual sobe para 65%. E ainda 40% da população adulta tem colesterol elevado. O resultado são 400 mil óbitos por ano em decorrência das doenças cardiovasculares, o que corresponde a 30% de todas as mortes no país.

Por isso, o Dia Mundial do Coração, em 29 de setembro, é uma boa deixa para que as sociedades médicas e os programas públicos de saúde trabalhem para alertar sobre a necessidade de controle de doenças que levam às cardiopatias.

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O que você come e o quanto se move?

Além de exigir uma agenda que inclua consultas médicas e exames periódicos, o coração tem fome de alimentação saudável e de atividade física regular. Manter uma dieta balanceada e o corpo em movimento – os exercícios aeróbicos são os mais indicados – minimiza a chance de sobrepeso e obesidade e, consequentemente, de desenvolver cardiopatias. A obesidade está associada a 45% das mortes cardíacas e a 51% dos óbitos por doenças como o AVC.

Há várias propostas de dietas que previnem as doenças cardiovasculares, como a DASH e suas variantes. Elas preconizam baixa ingestão de gordura e baixo teor de carboidratos. Também primam pelo uso comedido de sal, responsável pela elevação da pressão arterial. 

E aqui vale um novo alerta: enquanto a OMS recomenda que o uso máximo de sal por dia não ultrapasse 5 gramas (2 gramas de sódio), nós, os brasileiros, consumimos o dobro: 10 gramas diárias. 

Rastros da Covid-19

Desde o início da pandemia, as pessoas ficaram ainda mais sedentárias, ganharam peso e procuraram menos o médico. Um levantamento da SOCESP indica que, entre uma população que já não se caracteriza pela prática rotineira de atividade – 65,8% se dizem sedentários –, o isolamento social surtiu efeito ainda mais negativo: a maioria dos consultados, 44%, admitiu ter feito ainda menos exercícios. Nesse período houve também uma alimentação mais desregrada:  44,3% afirmaram que ganharam peso durante o combate à Covid-19.

Ter consciência sobre as consequências graves e até letais que essas negligências do cotidiano acarretam à nossa condição física é fundamental para tomar decisões acertadas para o bem da saúde do coração.

*Ricardo Pavanello é cardiologista e diretor da SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.

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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Como conviver com alguém que tem Alzheimer?

Imagine alguém que você ama um dia se esquecer de quem você é, das memórias que foram construídas no decorrer da vida entre vocês e apresentar mudanças no comportamento. Como você se sentiria? 

Pode ser estarrecedor refletir sobre esse cenário, mas, hoje, há milhares de pessoas que são familiares ou amigos de alguém com Alzheimer. Estamos falando do tipo de demência mais comum, em que a perspectiva é de que haja mais de 9,9 milhões de novos casos por ano, o que equivale a uma pessoa diagnosticada a cada 3,2 segundos, conforme os dados da Alzheimer’s Disease International (ADI @alzdisint) – organização internacional que reúne mais de 100 instituições mundiais com o propósito de conscientizar as pessoas sobre essa condição. 

Muito falamos sobre os aspectos que envolvem o paciente. Mas e quem cuida? Como fica aquele que ainda tem vivas as lembranças dentro de si e precisa encontrar meios de ressignificar a relação com seu ente querido?

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É preciso recomeçar. O ponto de partida é ter conhecimento do diagnóstico. Uma vez que sabemos com o que iremos lidar, dá para começarmos a traçar nossas estratégias. Encontrar meios de se reconectar leva tempo, demanda esforço físico, mental e emocional. 

Não há, ao menos até hoje, um meio de impedirmos que o paciente apresente mudanças de comportamento e de personalidade ou que não perca sua memória. O que podemos fazer, além de atentar às medicações e demais demandas de cuidados, é construir um ambiente seguro, pacífico, de acolhida e respeito. 

Para tanto, é preciso interiorizar que haverá aspectos que você não poderá resolver, mas poderá transformar ou adaptar. Um exemplo prático disso é o que houve com o ator Alexandre Borges. 

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Após o diagnóstico de sua mãe com Alzheimer, ele parou sua carreira e passou a cuidar dela integralmente. Em uma das entrevistas que concedeu, ele contou que muitas vezes a mãe ficava inquieta, querendo ir a uma festa. Para ela, era nítido que esta era sua agenda do dia. 

No começo, o Alexandre Borges relutava, dizia que não havia nenhuma festa. Até que um dia ele compreendeu que, se “cedesse” e embarcasse na “aventura”, isso poderia transformar a atmosfera. Então eles foram e deram uma volta no quarteirão. Retornaram. E isso bastou para que houvesse conforto à mãe dele. 

Em uma entrevista concedida à revista Veja em 2021, o ator compartilhou: “Nunca tentei corrigi-la. E assim fomos construindo uma relação de amparo e carinho, que lhe traz o conforto de que tanto necessita”, disse ele. A mãe de Borges, uma octogenária, veio a falecer há um ano, no dia 16 de setembro.  

Trago esta história de respeito e resiliência que ambos vivenciaram para que possamos compreender que não podemos impor que alguém que tem Alzheimer seja como sempre conhecemos. Isso não ocorrerá. 

Como já compartilhei em um dos artigos de minha coluna: “estudos apontaram que mesmo na ausência da memória, os sentimentos dos idosos com Alzheimer persistem. Por isso, criar uma atmosfera que gere alegria e segurança contribui inclusive com o tratamento e melhora da qualidade de vida”. 

E, para concluir, deixo aqui cinco recomendações para auxiliar no convívio com uma pessoa com Alzheimer:

  1. Não discuta ou tente argumentar com a realidade percebida por quem tem Alzheimer. Simplifique os diálogos. Encoraje e valide, realmente ouvindo e fazendo perguntas sobre a visão da pessoa. 
  2. Estimule passeios ao ar livre, junto à natureza. Além de auxiliar a manter a pessoa em movimento, isso contribuirá com a sensação de bem-estar. Evite ficar apenas em casa. 
  3. Ouça música junto com a pessoa. Estudos demonstram que esse é um recurso que contribui para acalmar o paciente e auxilia na melhora da atmosfera
  4. Demonstre em atitudes que a pessoa pode ser útil. Por exemplo, diga “Preciso de ajuda para arrumar a mesa para o almoço”. 
  5. Invista seus esforços na manutenção da relação humana e procure trazer à memória quem aquela pessoa que está diante de você representa. 
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Enquete: você lê os rótulos dos alimentos que leva para casa?

Na reportagem de capa da última edição, VEJA SAÚDE contou tudo sobre a nova rotulagem dos alimentos industrializados que passa a vigorar no Brasil. Daí veio a dúvida: você costuma ler essas informações? Responda a enquete abaixo e veja o que dizem outros leitores.


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Pesquisadores encontram navio que tentou salvar o Titanic – e naufragou anos depois

O naufrágio mais famoso do mundo podia ter sido evitado. Em 14 abril de 1912, um navio que estava cruzando o Atlântico avistou o iceberg com o qual o Titanic colidiria mais tarde, na madrugada do dia 15, e enviou uma mensagem de rádio ao navio britânico de passageiros. Mas o alerta nunca chegou à ponte de comando.

Quem tentou salvar a tripulação foi o navio mercante SS Mesaba, que também acabou no fundo do mar, seis anos depois. Agora, pesquisadores da Universidade de Bangor (Reino Unido) conseguiram identificar os destroços da embarcação no Mar da Irlanda, usando um sonar multifeixe de última geração.

O sonar de última geração permitiu aos cientistas mapear 19 quilômetros quadrados do Mar da Irlanda.Universidade de Bangor/Reprodução

O SS Mesaba foi construído em Belfast (Irlanda), assim como o Titanic. Em 1918, último ano da Primeira Guerra Mundial, a embarcação foi atingida por um torpedo que partiu de um submarino alemão. O naufrágio causou 20 mortes.

Naquela época, o navio mercante fazia uma viagem de comboio partindo de Liverpool (Inglaterra) em direção à Filadélfia (EUA). O torpedo atingiu a embarcação quando ela estava próxima de Tuskar Rock, no sudeste da Irlanda.

A descoberta

Os pesquisadores da Universidade de Bangor encontraram 273 embarcações naufragadas no Mar da Irlanda com a ajuda do sonar multifeixe a bordo do navio de pesquisa Prince Madog. Depois de escanear 19 quilômetros quadrados do mar, eles cruzaram essas informações com dados do Escritório Hidrográfico do Reino Unido.

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As descobertas aparecem no livro Echos from the Deep (Ecos das Profundezas, em tradução livre), da arqueóloga marinha Innes McCartney, publicado nesta terça-feira (27).

O sonar de última geração a bordo do Prince Madog mapeia o fundo do mar em detalhes. Segundo os pesquisadores, as imagens produzidas por ele são tão úteis para a arqueologia marinha quanto uma fotografia aérea é útil para se estudar uma paisagem. Ele é considerado (com o perdão do trocadilho) um divisor de águas para as pesquisas no oceano.

(O curioso é que foi justamente o naufrágio do Titanic que motivou o uso dos sonares sob a água. A primeira patente de um dispositivo do tipo, que usa a emissão e a reflexão de onda sonoras para detectar objetos, foi registrada pelo britânico Lewis Fry Richardson um mês após o acidente, em 1912.)

Esta é mais uma imagem do SS Mesaba, obtida pelos pesquisadores da Universidade de Bangor.Universidade de Bangor/Reprodução

“Anteriormente, podíamos mergulhar em alguns locais por ano para identificar visualmente os destroços”, explica McCartney em comunicado. “Mas as capacidades únicas de sonar do Prince Madog nos permitiram desenvolver um meio de custo relativamente baixo para examinar os destroços.”

Segundo os cientistas, o sonar possibilita pesquisas científicas de alta qualidade de maneira econômica, e a identificação de naufrágios é só um exemplo desse potencial. “[Essa tecnologia] é de grande interesse para cientistas marinhos, agências ambientais, hidrógrafos, gestores de patrimônio, arqueólogos marítimos e historiadores”, afirma a pesquisadora.

Estudos como este, que identificou o SS Mesaba, não têm só interesse histórico. “Também examinamos locais de naufrágio para entender melhor como objetos no fundo do mar interagem com processos físicos e biológicos”, explicou Michael Roberts, também pesquisador da Universidade de Bangor. “Isso, por sua vez, pode ajudar os cientistas a apoiar o desenvolvimento e o crescimento do setor de energia marinha”.

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Diabetes é a variável que mais impacta número de mortes por infarto

Já são conhecidos vários fatores que aumentam o risco de infarto, como glicose elevada (hiperglicemia), obesidade, colesterol alto, hipertensão e tabagismo. E agora um estudo publicado na revista PLOS ONE mensurou o impacto de cada um nas estatísticas de morte por doença cardiovascular. A hiperglicemia, um marco do diabetes, mostrou uma associação com esse desfecho de cinco a dez vezes maior do que outros fatores.

Foram usados dados de fontes como os ministérios do Desenvolvimento Social e da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrados entre 2005 e 2017. Os números foram confrontados com informações de outros bancos, como o Global Health Data Exchange (GHDx) e o repositório do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), da Universidade de Washington (Estados Unidos).

Por meio de métodos estatísticos, os pesquisadores determinaram o número de óbitos atribuídos a cada fator de risco. O objetivo da pesquisa, apoiada pela FAPESP, foi ajudar a encontrar estratégias mais eficazes para reduzir a incidência de doenças cardiovasculares – que ainda são as maiores causas de morte no país.

“Independentemente do controle que usávamos – e testamos diferentes tipos de variável, modelos estatísticos e métodos – o diabetes sempre se associava à mortalidade por doenças cardiovasculares. Mais do que isso: é uma associação que não se restringia ao ano analisado, mas perdurava por até uma década”, explica Renato Gaspar, pós-doutorando no Laboratório de Biologia Vascular do Instituto do Coração (InCor), viculado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP).

Estudos anteriores estabeleceram uma equação para calcular o número de mortes prevenidas ou adiadas devido a mudanças em fatores de risco. Assim, foi possível analisar também as taxas de mortes “prematuras”, calculadas em relação à expectativa de vida padrão. Os autores concluíram que cerca de 5 mil pessoas não teriam morrido por doença cardiovascular no período analisado caso os índices de diabetes fossem menores na população. Por outro lado, a pesquisa também permitiu concluir que pelo menos 17 mil mortes foram evitadas somente pela diminuição do consumo de cigarros durante esses 12 anos.

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“Nossos achados fornecem evidências de que as estratégias para reduzir o tabagismo foram fundamentais para a redução da mortalidade por doença cardiovascular”, apontam os autores.

Outro ponto que chamou a atenção dos cientistas foram as diferenças de gênero. “As disparidades sexuais reiteram outros estudos que apontam o diabetes e a hiperglicemia como fatores de risco mais fortes para doença cardiovascular em mulheres do que em homens”, advertem.

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Impacto socioeconômico

A mortalidade e a incidência de doenças cardiovasculares diminuíram 21% e 8%, respectivamente, entre 2005 e 2017 no Brasil. Além da redução do tabagismo, o maior acesso à saúde básica é listado como um dos responsáveis pela melhora nos índices. Essa observação levou em conta a questão da hipertensão, frequentemente associada a problemas cardíacos.

No entanto, ela representou sete vezes menos mortes por doenças cardiovasculares do que a hiperglicemia. Uma das possibilidades é que o acesso ao sistema de saúde universal, com aumento na cobertura de atenção primária, tornou alta na população a taxa de controle da hipertensão.

Corrobora esse achado o fato de que a associação entre hiperglicemia e mortalidade por doença cardiovascular foi independente do nível socioeconômico e do acesso aos cuidados de saúde. Os pesquisadores inseriram covariáveis nos modelos analisados para contabilizar dados como renda familiar, benefício do Bolsa Família, produto interno bruto (PIB) per capita, número de médicos por habitantes e cobertura de atenção primária.

“Além de aumentar a renda, diminuir a desigualdade e a pobreza e ampliar a qualidade e o acesso à saúde, precisamos olhar para o diabetes e para a hiperglicemia de maneira específica”, aponta Gaspar, ressaltando que o país tem discutido pouco questões como o alto consumo de açúcar.

“Precisamos de uma política de educação nutricional. Debater se vale a pena colocar uma tarja nos produtos açucarados com um alerta, como nas embalagens de cigarro, ou taxar produtos com açúcar adicionado de forma a incentivar as indústrias a reduzir esse ingrediente. São questões bastante debatidas em outros países e que precisam ser pautadas aqui.”

Para mitigar os índices de doença cardiovascular no Brasil, as políticas de saúde devem ter como objetivo reduzir diretamente a prevalência de hiperglicemia, seja pela educação nutricional, pela restrição a alimentos com açúcar adicionado ou pelo mais amplo acesso às novas classes de medicamentos capazes de diminuir a chance de o paciente diabético morrer por infarto.

*Este conteúdo é da Agência Fapesp.

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