Estados Unidos, década de 1950. Em um torneio oficial de xadrez, dois jogadores se enfrentam e são classificados segundo seu desempenho acima ou abaixo da média da competição. Um jogador (e professor de física) estava insatisfeito com o sistema e resolveu inventar o seu próprio. O que ele certamente não imaginava é que este se tornaria o mais utilizado no mundo.
O nome do professor era Arpad Emrick Elo, nascido na Hungria em 1903. Na época, ele dava aulas de física e astronomia na Universidade Marquette, em Milwaukee (então uma das principais cidades do xadrez nos EUA), e já tinha disputado com alguns dos melhores enxadristas do país. Ele chegou a enfrentar o famoso Bobby Fischer em 1957, por exemplo, pouco antes de o garoto se tornar um grão-mestre (um faixa preta) do xadrez.
Elo, que foi presidente da antiga Federação Americana de Xadrez entre 1935 e 1937, queria um sistema de classificação mais objetivo e matemático. Daí surgiu o Rating Elo, que conquistou o universo do xadrez e depois se espalhou para outros jogos competitivos, como beisebol, basquete e jogos online. Mas como ele funciona?
O sistema avalia o quão bom é um competidor a partir de fórmulas que preveem o resultado de uma disputa e dizem como atualizar o rating de um jogador (a “medida” de sua habilidade) após uma partida ou torneio. Um jogador novo tem rating de mil pontos. Se ele ganha partidas, seu rating aumenta; se ele perde, seu rating diminui. (O maior rating já alcançado foi de 2882, pelo norueguês e atual campeão mundial Magnus Carlsen.)
A ideia de Elo era que a habilidade de um jogador forma uma curva em um gráfico que indica sua força de jogo. O desempenho dos jogadores oscila, já que todos têm dias em que jogam melhor ou pior, mas também têm uma média de desempenho (o centro da curva). A média de desempenho, mais alta ou mais baixa, seria o rating da pessoa.
Se um jogador tem rating 400 pontos maior do que seu concorrente, significa que tem dez vezes mais chance de vencer uma disputa. Elo criou uma fórmula que prevê essa probabilidade de um jogador ganhar, segundo seu desempenho médio. Mas o que acontece se o resultado da partida é diferente do esperado?
O rating dos jogadores é atualizado seguindo outra fórmula proposta por Elo, baseada na diferença entre a pontuação esperada e a pontuação real. Ele pode aumentar ou diminuir no máximo 32 pontos. (E 32 não é um número especial, trata-se de uma convenção.)
Nesse sistema, com o passar do tempo, o rating se tornaria um reflexo da habilidade de um jogador relativa à habilidade dos outros jogadores. Foi uma grande sacada: a Federação de Xadrez dos Estados Unidos (USFC, na sigla em inglês) adotou o método em 1960, e a Federação Internacional de Xadrez (FIDE) na década seguinte.
O sistema de Elo se tornou a base para atribuição de títulos, classificação de torneios e de jogadores de xadrez em todo o mundo. O professor participou ativamente da USFC depois que a organização adotou seu sistema, ajudando a desenvolvê-lo e popularizá-lo. Até meados dos anos 1980, ele mesmo fazia os cálculos.
Arpad ainda criou um programa de xadrez para as crianças de Milwaukee, que serviu de modelo para outros programas em dezenas de cidades americanas. Ele morreu aos 89 anos, vítima de um ataque cardíaco.
Conheça Arpad Elo, inventor do melhor sistema de classificação do xadrez Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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