Uma solução que faça o Brasil voltar a ser o país da vacina é o sonho de profissionais de saúde, principalmente os envolvidos com imunização. Sem apoio dos governos, algumas instituições resolveram tomar a frente e criaram o Plano de Reconquista das Altas Coberturas Vacinais, o PRCV.
O projeto envolve estudos profundos sobre as causas que levaram à queda vacinal e ações estratégicas para fazer chegar o recado em todos os cantos.
A iniciativa envolve discutir a inclui importância de imunização com padres católicos, pastores evangélicos, líderes de religiões de matriz africana. Ela passa por alunos e professores das escolas, reúne ONGs de diferentes segmentos, empresários, comunidades indígenas e de periferia, como a Central Única das Favelas (CUFA).
“E precisamos estar no WhatsApp desses grupos todos, porque esses líderes têm força. Se fizermos um vídeo sobre vacinação, ele não será tão impactante quanto um padre explicando na missa porque é importante imunizar seus filhos”, defende Isabel Cristina de Azevedo, líder do eixo de comunicação e educação do projeto.
Aliás, a iniciativa é da Bio-Manguinhos/Fiocruz com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Membros Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, também estão envolvidos.
“Evitar doenças é um dever do estado, mas o lado prático disso é pensar no papel que o nosso projeto tem no PNI. Nossas ações devem complementar as do SUS em cada localidade”, defende a enfermeira Maria de Lourdes de Sousa, coordenadora da assessoria clínica do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos/Fiocruz.
Para que a comunicação não se perca nesse caminho, o projeto pretende abordar médicos e criar cursos para enfermeiras. “Quem trabalha no posto não pode perder a oportunidade de falar sobre o calendário com os pais e os avós que levam a criança para vacinar, mas não estão com a própria imunização em dia”, afirma Maria de Lourdes.
O projeto está na fase 1. No momento, pesquisas, testes e treinamentos estão sendo conduzidos em dois estados. São 16 cidades do Amapá, estado com menor cobertura de sarampo e que registrou mais de 500 casos da doença no último ano. Outros 25 municípios da Paraíba com índices pequenos de imunização em geral também entraram na conta.
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A ideia é que toda estrutura esteja pronta para se disseminar pelo país a partir de junho de 2023.
Diarreias em bebês por rotavírus voltaram e já temos risco de paralisia infantil
Segundos dados do SUS reproduzidos pela campanha, a primeira dose contra poliomielite está em 51%. O risco de retorno da paralisia infantil é real, assim como o de outras doenças eliminadas no nosso território.
A tabela abaixo, divulgada pela equipe do projeto, destaca em vermelho os casos mais graves de baixos índices de imunização. Ela mostra, ainda, como essa queda não é culpa apenas da pandemia do coronavírus, já que antecede a pandemia. “Muita gente deixou de dar importância às vacinas simplesmente por não conviver com essas doenças. Não ver crianças na cadeira de rodas dá a falsa impressão de que estamos totalmente livres da pólio, por exemplo. Mas isso não é verdade”, reforça Maria de Lourdes.
O PRCV foi lançado durante a Jornada Nacional de Imunizações da Sbim, que ocorreu entre os dias 7 e 9 de setembro em São Paulo (SP). Nesse evento, também foram soados outros alertas, como o de que houveram notificações de raiva no Distrito Federal, onde a doença não dava notícia há 44 anos. Consultórios de pediatria estão recebendo casos de diarreia por rotavírus. Vacinas que nunca foram negligenciadas antes estão fazendo com que doenças extintas voltem a circular. É hora de atacarmos esse problema.
Projeto reúne diferentes grupos para subir índices de vacinação Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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