O minoxidil é um medicamento prescrito recorrentemente contra a queda de cabelo – seu uso mais frequente é na versão tópica (uma aplicação direta no couro cabeludo, via uma loção, por exemplo). Mas vira e mexe uma polêmica sobre o uso do medicamento na forma oral para calvície ressurge. Isso porque o minoxidil é um anti-hipertensivo potente, que poderia trazer efeitos colaterais nesse formato, que vão de arritmias a inflamações no coração.
Conheça esse debate e os prós e contras de usar medicamento para a alopecia.
Por que um remédio para pressão é usado contra calvície?
Esse medicamento, antigo e barato, é indicado para quem sofre de hipertensão grave. Só que lá pelo fim dos anos 1970, um efeito colateral foi observado: o aumento de pelos no corpo. Assim surgiu uma versão tópica do remédio voltada para a calvície.
Essa loção é largamente usada pelo mundo. Mas, como nem todo paciente enxerga bons resultados com a estratégia, alguns médicos começaram a optar pelo minoxidil em comprimido mesmo frente à queda de cabelo. Nesse caso, no entanto, prescrito em baixíssimas doses.
Enquanto a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) defende o uso do fármaco na sua versão oral, desde que com cuidados, médicos da Sociedade Brasileira de Tricologia (SBTri) preferem não prescrevê-lo nesse formato em nenhuma circustância.
Ambas as entidades, contudo, concordam em um ponto: o maior risco é utilizá-lo sem acompanhamento médico. O ideal seria passar por um cardiologista antes de iniciar o tratamento, mas nem todo profissional faz esse encaminhamento.
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Quais são os efeitos colaterais?
O minoxidil favorece a dilatação dos vasos sanguíneos. Esse processo ocorre inclusive na pele e no couro cabeludo, o que abre espaço para que os fios brotem. O primeiro incômodo disso é a hipertricose: o crescimento de pelos exagerados pelo corpo todo.
“O uso tópico faz os vasos dilatarem só na cabeça, mas o medicamento oral estende isso ao corpo inteiro, principalmente às artérias relacionadas ao coração”, pontua Luciano Barsanti, presidente da SBTri. “Por isso a nossa preocupação com o seu uso”, completa.
As reações adversas mais sérias desse medicamento incluem a taquicardia, um tipo de arritmia, e a pericardite, uma inflamação do pericárdio, a membrana que envolve o coração e as raízes dos vasos. O produto ainda pode afetar o resultado de exames de eletrocardiograma e mudar a cor do cabelo.
Mas é importante destacar que esses efeitos estão descritos na bula do remédio em doses utilizadas contra a hipertensão resistente, aquela de difícil tratamento. Os dermatologistas, por outro lado, tendem a trabalhar com doses muito menores.
Conclusão: ainda se sabe pouco sobre os efeitos colaterais nesse contexto. Um estudo publicado no Journal of the American Academy of Dermatology observou pouco mais de mil homens e mulheres que usaram esse medicamento em baixas doses. A partir daí, os pesquisadores listaram as principais reações adversas e concluíram que nenhuma envolve risco de morte. São elas:
- hipertricose (15,1%)
- tontura (1,7%)
- retenção de líquidos (1,3%)
- taquicardia (0,9%)
- dor de cabeça (0,4%)
- edema periorbital (inchaço nos olhos) (0,3%)
- insônia (0,2%)
Quanto é a dose baixa e quem pode tomar?
Isso só um médico deve responder. É preciso avaliar o sexo, o peso, a idade e outras características antes de definir como será a prescrição do minoxidil. O tipo de queda de cabelo também interfere.
“A fórmula tem de ser definida pelo médico, de forma personalizada. Não é algo que dá para indicar ao amigo”, alerta Alessandra Anzai, assessora do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD. Sim, é uma prática recorrente partir para as farmácias de manipulação, que devem ser confiáveis.
Não tem como, então, definir uma concentração ideal para todo mundo. Uma revisão de estudos tentou fazer isso, mas se deparou com levantamentos que indicam de 1,5 a 5 mg. Ou seja, a dose variou demais.
Em nota, a SBD diz que é preciso avaliar o caso de alopecia antes de prescrever o remédio: “Seu uso criterioso, isolado ou associado a outras abordagens, ocorre por indicação médica. Avaliação clínica e cardiológica do paciente podem ser necessárias previamente ao seu uso. No cumprimento de seu papel, o médico dermatologista fará a indicação, a prescrição e o acompanhamento do tratamento”.
Contraindicações
Pela bula, a principal proibição é para quem apresenta reações alérgicas às substâncias da composição. E há também a necessidade de evitar certas interações medicamentosas. Diuréticos e outros anti-hipertensivos estão na lista, porque podem gerar uma queda abrupta da pressão.
O cardiologista Edilberto Castilho, do Hospital Santa Catarina, em São Paulo, entende que é importante passar por exames antes de tomar o minoxidil, mesmo em doses baixas. “Muitas pessoas descobrem que tem doenças coronárias nesses exames de rotina. Então, mesmo os indivíduos saudáveis deveriam fazer uma investigação prévia”, afirma o médico.
Quem tem doenças cardíacas, já é hipertenso ou apresenta pressão irregular corre maior risco ao tomar o medicamento indiscriminadamente.
Por que não ficar só no minoxidil tópico?
“Quem usa bem a loção começa a sentir a diferença com até três meses de uso. Mas se a prescrição for para sempre, é como filtro solar. Precisa passar todos os dias, e o produto deixa o cabelo com aspecto de sujo, além de às vezes causar coceira e descamação”, conta Alessandra.
Para esse público em tratamento crônico, o comprimido seria mais cômodo e fácil de aderir. É algo para discutir com o profissional de saúde, pesando os benefícios e os riscos.
Anvisa e outras agências internacionais não aprovam uso
O uso do minoxidil na forma oral como tratamento para queda de cabelo não foi autorizado por nenhuma agência no mundo, inclusive a nossa Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas é comum que médicos utilizem remédios no modo off-label.
Ou seja, eles prescrevem o fármaco com base em efeitos secundários, que não foram submetidos ao crivo das agências reguladores. No caso do minoxidil, é o efeito colateral de crescimento dos pelos.
A Anvisa atua na fiscalização e proíbe produtos que usam o nome da substância minoxidil para prometer melhoras contra a calvície.
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Minoxidil oral contra calvície: os benefícios e os riscos envolvidos Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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