Uma planta de flores amarelas era um dos produtos mais procurados no mundo mediterrâneo 2,5 mil anos atrás. Seu nome era silphion: ela era útil como especiaria e remédio, e suas mudas chegaram a ter o mesmo valor da prata na época do reinado de Júlio César. Mas ela desapareceu.
Hoje não se sabe ao certo qual seria a tal espécie preciosa (nem se os antigos consumiram a silphion até o último exemplar). Mas o professor Mahmut Miski, da Universidade de Istambul, acredita que ela ainda está por aí – e se chama Ferula drudeana.
Ele encontrou a espécie há 40 anos nas encostas do Monte Hasan, na Turquia, e a estudou nas décadas seguintes. Ele descreve, em artigo publicado na revista Plants, as semelhanças entre a planta moderna e a lendária, baseando-se em textos antigos e representações da silphion que aparecem em moedas de Cirene – antiga cidade grega, onde hoje é a Líbia.
Silphion tinha mil e uma funções na Antiguidade. Usava-se a raiz seca ou a resina da planta, pura ou misturada com farinha, para temperar comidas ou tratar as mais diversas enfermidades. Médicos prescreviam a silphion para tudo: de dor de dente à calvície; dor de estômago à remoção de verrugas. Ela também foi usada como anticoncepcional e perfume. Em suma, era um produto versátil.
Mas ela sumiu do mapa. O historiador Plínio, o Velho, relatou no primeiro século d.C. que “apenas um talo foi encontrado e dado ao imperador Nero”. Segundo Miski, geralmente acredita-se que a planta entrou em extinção nessa época. “No entanto, existem poucas referências na literatura sobre a existência da silphion até o século 5”, escreve o pesquisador.
Desde o início do século 19, pesquisadores estudaram três espécies contemporâneas na tentativa de descobrir qual era a planta adorada pelos antigos. Mas nenhuma delas atendia aos três requisitos: ser comestível, ser uma planta medicinal e ter aparência e alcance correspondentes à silphion – que crescia principalmente no noroeste da África e na Península Ibérica.
A Ferula drudeana parece ser a candidata mais provável até então. Sua aparência dá match com as descrições antigas, e a planta já foi registrada em dois locais na Turquia que foram ocupados pelos gregos na Antiguidade.
Além disso, as análises de Miski revelaram a existência de compostos químicos de interesse médico – propriedades anti-inflamatórias, por exemplo. Ele acredita que outros ainda podem ser identificados na planta, em estudos futuros.
Esta é uma hipótese. Afinal, só poderíamos descobrir qual foi a planta valiosa, usada por médicos e cozinheiros, se tivéssemos resquícios identificáveis de silphion. No entanto, alguns acreditam que essa é a melhor hipótese atual.
Esta pode ser a antiga “planta milagrosa” dos gregos Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
Nenhum comentário:
Postar um comentário