O naufrágio mais famoso do mundo podia ter sido evitado. Em 14 abril de 1912, um navio que estava cruzando o Atlântico avistou o iceberg com o qual o Titanic colidiria mais tarde, na madrugada do dia 15, e enviou uma mensagem de rádio ao navio britânico de passageiros. Mas o alerta nunca chegou à ponte de comando.
Quem tentou salvar a tripulação foi o navio mercante SS Mesaba, que também acabou no fundo do mar, seis anos depois. Agora, pesquisadores da Universidade de Bangor (Reino Unido) conseguiram identificar os destroços da embarcação no Mar da Irlanda, usando um sonar multifeixe de última geração.
O SS Mesaba foi construído em Belfast (Irlanda), assim como o Titanic. Em 1918, último ano da Primeira Guerra Mundial, a embarcação foi atingida por um torpedo que partiu de um submarino alemão. O naufrágio causou 20 mortes.
Naquela época, o navio mercante fazia uma viagem de comboio partindo de Liverpool (Inglaterra) em direção à Filadélfia (EUA). O torpedo atingiu a embarcação quando ela estava próxima de Tuskar Rock, no sudeste da Irlanda.
A descoberta
Os pesquisadores da Universidade de Bangor encontraram 273 embarcações naufragadas no Mar da Irlanda com a ajuda do sonar multifeixe a bordo do navio de pesquisa Prince Madog. Depois de escanear 19 quilômetros quadrados do mar, eles cruzaram essas informações com dados do Escritório Hidrográfico do Reino Unido.
As descobertas aparecem no livro Echos from the Deep (Ecos das Profundezas, em tradução livre), da arqueóloga marinha Innes McCartney, publicado nesta terça-feira (27).
O sonar de última geração a bordo do Prince Madog mapeia o fundo do mar em detalhes. Segundo os pesquisadores, as imagens produzidas por ele são tão úteis para a arqueologia marinha quanto uma fotografia aérea é útil para se estudar uma paisagem. Ele é considerado (com o perdão do trocadilho) um divisor de águas para as pesquisas no oceano.
(O curioso é que foi justamente o naufrágio do Titanic que motivou o uso dos sonares sob a água. A primeira patente de um dispositivo do tipo, que usa a emissão e a reflexão de onda sonoras para detectar objetos, foi registrada pelo britânico Lewis Fry Richardson um mês após o acidente, em 1912.)
“Anteriormente, podíamos mergulhar em alguns locais por ano para identificar visualmente os destroços”, explica McCartney em comunicado. “Mas as capacidades únicas de sonar do Prince Madog nos permitiram desenvolver um meio de custo relativamente baixo para examinar os destroços.”
Segundo os cientistas, o sonar possibilita pesquisas científicas de alta qualidade de maneira econômica, e a identificação de naufrágios é só um exemplo desse potencial. “[Essa tecnologia] é de grande interesse para cientistas marinhos, agências ambientais, hidrógrafos, gestores de patrimônio, arqueólogos marítimos e historiadores”, afirma a pesquisadora.
Estudos como este, que identificou o SS Mesaba, não têm só interesse histórico. “Também examinamos locais de naufrágio para entender melhor como objetos no fundo do mar interagem com processos físicos e biológicos”, explicou Michael Roberts, também pesquisador da Universidade de Bangor. “Isso, por sua vez, pode ajudar os cientistas a apoiar o desenvolvimento e o crescimento do setor de energia marinha”.
Pesquisadores encontram navio que tentou salvar o Titanic – e naufragou anos depois Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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