A Reeducação Postural Global, mais conhecida pela sigla RPG, nasceu na França em 1980, e vamos comemorar neste mês, no Instituto Philippe Souchard de São Paulo e no do Rio de Janeiro, 40 anos da presença do método no Brasil, juntamente com a publicação do livro Reeducação Postural Global: a Tradição, o Presente e o Futuro (Summus Editorial).
O nome do método se justificava, à época, pelo fato de que, resolvendo a rigidez corporal e analisando sua morfologia, poderíamos corrigir os desvios posturais, origem de tantas lesões e dores.
Desde então, fizemos uma grande evolução, ampliando a avaliação e o tratamento de outras patologias que pertencem ao domínio da fisioterapia. Incluo aqui deformações morfológicas, sequelas de traumatismos, problemas respiratórios, neurológicos ou reumáticos, alterações e doenças nas articulações e na coluna, disfunções temporomandibulares, fibromialgia, entre outros.
Hoje, o método se presta inclusive a lidar com problemas típicos da contemporaneidade, como o tech neck, expressão para as dores na cervical decorrentes do uso excessivo de celulares.
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A segunda palavra de definição do método, a globalidade, é fundamental, porque remete aos mecanismos de fuga e compensação do corpo frente à dor e à rigidez, num processo que pode favorecer outros incômodos e patologias. A globalidade, assim como a individualidade e a causalidade, é princípio-chave da RPG.
Nessas condições, não podemos imaginar que um único tratamento analítico estereotipado possa resolver problemas complexos. A complexidade do tratamento tem que “empatar” com a complexidade das queixas individuais.
Para os fisioterapeutas especializados em RPG, a prática do método vai além da profissão; vira paixão, mas amparada em ciência.
Em resumo, eu fixei três objetivos cruciais em nossa área: fazer progressos científicos na direção das intervenções baseadas em evidência (já temos mais de 100 publicações em periódicos revisados, por exemplo); aprimorar ainda mais os resultados clínicos; e abrir novos campos de aplicação dessa abordagem.
Agora que temos raízes profundas e um tronco sólido, podemos desenvolver novos ramos. Assim é que, no livro recém-lançado, mostramos diferentes aplicações da RPG, num trabalho que conta cada vez mais com estudos e estende o uso do método para o tratamento de problemas como escolioses, incontinência urinária, disfunções de movimentos oculares etc.
No mundo científico, qualquer que seja, nunca se pode considerar algo como definitivo. A Reeducação Postural Global vai continuar a progredir e a cumprir seu papel de melhorar a qualidade de vida de quem sofre com dores e outras queixas do corpo. Só a dedicação e a formação do terapeuta podem conseguir o sucesso do tratamento.
* Philippe E. Souchard é fisioterapeuta e criador da Reeducação Postural Global (RPG)
A evolução do RPG há 40 anos no Brasil Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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