Na última sexta (4), o Twitter, agora sob o comando de Elon Musk, mandou embora metade dos seus 7,5 mil funcionários em todo mundo. No Brasil, foram 150 demissões – via e-mail.
Musk comprou o Twitter por US$ 44 bilhões, em uma negociação que durou seis meses. Ele chegou a desistir da aquisição, mas a empresa entrou na justiça americana para que o acordo fosse cumprido. Todo esse imbróglio afetou o valor das ações da plataforma.
Uma das primeiras atitudes do bilionário foi demitir o alto escalão da companhia. Mas ele não parou por aí. Antes do corte de sexta-feira, Musk já havia declarado o que número de funcionários do Twitter era muito alto. Segundo ele, foi uma medida necessária para reduzir custos.
Do início
A aquisição por Musk é mais um capítulo na história da rede social. A trajetória do Twitter começou em 2005, com uma plataforma de podcasts chamada Odeo.
O desenvolvedor de software americano Noah Glass tinha o projeto de uma plataforma de áudio: você ligaria para um número e ele transformaria sua mensagem em um arquivo MP3 hospedado na internet. Uma mão na roda para quem desejasse produzir podcasts.
A ideia de Glass atraiu alguns investidores, como o ex-membro do Google Evan Williams, que mergulhou de cabeça no projeto – tanto que, à certa altura, abrigou a startup em um antigo apartamento dele.
Foi algo temporário. A empresa cresceu, mudou-se para um novo escritório e contratou mais gente, como o web designer Jack Dorsey (guarde esse nome). O problema é que a Odeo encontrou uma pedra no meio do caminho. Ou melhor: uma maçã.
Quando a Apple anunciou que o iTunes também funcionaria como uma plataforma para podcasts (e que estaria junto de um dos seus produtos mais populares, o iPod), foi praticamente a sentença de morte para a pequena Odeo.
Para piorar, o cenário dos podcasts, diferentemente de hoje, não era grande o suficiente para abrigar várias empresas similares. Os próprios funcionários da Odeo admitiram não consumir o próprio produto.
Passarinho, que som é esse?
A companhia precisava de novos rumos. Os funcionários, então se dividiram em grupos para bolar novas ideias de negócio. Assim, Glass começou a se aproximar de Dorsey que, segundo ele, era uma das “estrelas da companhia”.
Dorsey tinha uma ideia que fugia bastante do que a Odeo fazia. Em vez de áudios, o seu plano era focar textos curtos, no formato de status.
O sistema era simples. Você mandava uma mensagem para um número e, a partir daí, ela seria encaminhada para todos os seus amigos – uma forma de contar para todos o que você estava fazendo. Assim nasceu o Twttr – sem as vogais mesmo.
A ideia da plataforma foi de Dorsey, mas Glass também era fanaticamente empolgado com o que se tornaria o Twitter. Tanto que era conhecido como o “líder espiritual” da empreitada. Segundo ele, a proposta de compartilhar o momento com seus amigos traria, “todo um impacto emocional, como se eles estivessem lá com você”.
Glass acabaria demitido por Evan Williams, que assumiu grande parte da companhia depois de ter comprado de volta as ações dos investidores. Ele mudou o nome da Odeo para Obvious Corporation. Em 20o7, o Twitter se separou da Obvious para se tornar uma empresa independente, e passou a negociar ações na bolsa em 2013. Williams, contudo, permaneceu no conselho da plataforma até 2019.
E agora, Elon?
Jack Dorsey ocupou o cargo de CEO do Twitter até o final de 2021. Foi substituído por Parag Agrawal, então chefe de tecnologia da rede – e um dos demitidos por Musk.
O que será do Twitter agora? Além dos cortes, Musk deu a entender que o selo de verificação custará $8 mensais (hoje, é de graça). Também designou funcionários para buscar formas da empresa fazer mais dinheiro (em toda a história da empresa, ela teve lucro em apenas apenas dois anos: 2018 e 2019).
O comandante da Tesla e SpaceX também deu sinais de afrouxar a moderação da rede. Antes de comprar a empresa, ele já havia criticado repetidamente o que considerava um controle excessivamente agressivo do conteúdo do site.
Musk defende que os usuários possam falar mais livremente, e disse que até reverteria os banimentos permanentes de figuras como o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, cujos tuítes eram frequentemente sinalizados (por propagar notícias falsas, por exemplo) e deletados.
Grupos de segurança online, contudo, defendem que isso pode ser um grande tiro no pé, permitindo que o abuso e o assédio aumentem no site. Tal medida poderia, inclusive, afastar marcas e potenciais anunciantes.
Em uma tentativa de segurar esses patrocínios, o bilionário anunciou que formará um novo conselho de moderação de conteúdo – composto por figuras de todo o setor – e nenhuma decisão importante será tomada antes que esse grupo esteja em vigor.
O Twitter nasceu de uma plataforma de podcasts que deu errado Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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