Há um hype enorme em torno do jogo, que está sendo lançado para PlayStation 4 e 5. Mas ele consegue superar essa expectativa – mesmo seguindo uma fórmula bem conhecida. Veja por que.
Super Mario Galaxy, no Wii. The Last of Us Part II, no PlayStation 4. GTA V, em todas as plataformas. De vez em quando aparece um game tão perfeito, em todos os aspectos, que se torna essencial: todo mundo, independente de preferências pessoais, deveria jogar. Títulos assim são bem raros, poucos na história – e God of War Ragnarok é um deles.
O hype em torno do game, que será lançado na próxima quarta-feira para PlayStation 4 e 5, é gigantesco. Os quatro títulos anteriores da série, que nasceu no PS2 e acompanhou a evolução dos consoles da Sony, venderam mais de 51 milhões de cópias. GoW Ragnarok está à altura deles, mas vai além. Entrega mais do que os fãs esperam – e é a expressão definitiva do que, em 2022, um jogo de ação pode ser.
Na apresentação do game, a Sony quis enfatizar que ele cobre todos os nove reinos da mitologia nórdica: Midgard, Alfheim, Helheim, Jotunheim, Muspelheim, Niflheim, Asgard, Vanaheim e Svartalfheim. Cada um tem seu significado, que o game explora razoavelmente bem.
Mas o que isso realmente significa é que GoW Ragnarok é enorme. Só a campanha principal, sem contar as missões secundárias, tem aproximadamente 35 horas. É quase o dobro dos outros jogos triple-A (superproduções de alto orçamento), como ele.
E a maior parte dessas 35h é uma experiência e tanto. O visual do game é incrível, tanto técnica quanto artisticamente. Veja, por exemplo, os dois vídeos abaixo. No primeiro, note como a caverna e sua iluminação beiram o fotorrealismo (veja em tela cheia, se puder, e na maior resolução possível).
No segundo, repare na quantidade de detalhes do cenário e na qualidade das animações.
Ambos foram capturados no PlayStation 5, onde há dois modos de jogo: “Resolução” (4K real, a 30 quadros por segundo) e “Performance” (sub-4K com upscaling, a 60 fps). Na prática, é bem melhor jogar no modo Performance – a perda de resolução é quase imperceptível, e a maior taxa de quadros dá bem mais fluidez à ação.
O jogo explora bem o controle do PS5 – e dá um passo à frente dos truques mais simples (como o gatilho resistindo quando você puxa alguma coisa ou usa um arco e flecha) presentes nos games lançados até agora. A tecnologia de resposta háptica consegue simular, com perfeição, o peso e as vibrações de cada arma.
Quando você golpeia um inimigo com a lança, por exemplo, realmente parece que está batendo nele com algo feito de madeira – uma sensação completamente diferente do machado, com lâmina de aço.
Isso, mais a inteligência e a variedade dos inimigos, produz resultados exemplares – com combates que são ao mesmo tempo divertidos e desafiadores. As lutas exigem alguma finesse e recompensam a técnica, conforme você vai aprendendo novos golpes e movimentos, mas nunca são punitivas ou com inimigos apelões (como em Demon’s Souls ou Returnal, por exemplo).
E você pode escolher entre cinco níveis de dificuldade, o que é ótimo – o terceiro nível, padrão, tem um equilíbrio perfeito para a maioria das pessoas (e o seguinte adiciona a quantidade exata de pimenta).
Ragnarok, na mitologia nórdica, é uma guerra que leva ao fim do mundo. E é isso que o protagonista Kratos, e seu filho Atreus, devem evitar. Sim, os criadores do game insistiram na polêmica inclusão do garoto, e você é obrigado a jogar algumas fases como ele. O problema é que Atreus é o oposto do pai: ele é frágil e luta com arco e flecha.
Uma experiência bem diferente, e até um pouco frustrante – você fica querendo voltar logo a ser Kratos. Mas as fases jogadas como Atreus não são tantas assim. E o menino tem um poder interessante, que desempenha (sem entrar em spoilers) papel central na história – e leva, lá pela metade do jogo, a uma reviravolta instigante. Então tudo bem.
Você joga contra ou ao lado de alguns deuses nórdicos, como Freya, Tyr, Heimdall, Thor e Odin. Os dois últimos são os mais desenvolvidos: Thor é um pai ausente e alcoólatra, e Odin lembra um magnata desonesto. As atuações são boas, com alguns momentos ótimos – retratados em cutscenes (filminhos que conectam as sequências de ação) de altíssima qualidade gráfica. Poderiam estar em filmes da Pixar, se a Pixar adotasse uma estética realista.
O jogo também tem, como é típico de God of War, alguns puzzles para resolver. Nenhum deles chega a ser difícil, mas dois ou três são um pouco herméticos – você chega a empacar totalmente, sem saber mais o que tentar para decifrá-los. Depois de um tempo, descobre.
God of War Ragnarok repete uma fórmula bem conhecida, mas ao mesmo tempo única: não existe nada parecido com ele. Tem mecânica de jogo afinada, um bom sistema de crafting (upgrade dos personagens), história bem contada e missões épicas – a última, que dura mais de uma hora, vai entrar para a história dos games.
Por tudo isso, GoW Ragnarok merece ser jogado. Inclusive no PlayStation 4, onde roda surpreendentemente bem. Testado em um PS4 “base” (não o Pro), ele carregou razoavelmente rápido (menos de 30 segundos para inicializar o jogo, e menos de 15 para recomeçar depois que você morre).
A resolução é mais baixa do que no PlayStation 5, mas isso não é tão perceptível – os gráficos continuam bem nítidos, sem serrilhamentos (que são um efeito colateral típico da falta de resolução), e praticamente todos os elementos do cenário estão presentes.
As principais diferenças estão na iluminação, que é visivelmente mais simples, sem tantos efeitos, e na taxa de quadros, que é de 30 por segundo (contra 60 fps no PS5). Você também perde a resposta háptica, que o controle do PlayStation 4 não tem. Mas, tirando essas coisas, a experiência está lá, em todo o seu esplendor. Conseguir isso num console que foi lançado em 2013, e está quase completando dez anos de idade, é um feito e tanto.
God of War Ragnarok vai além do esperado – e é o primeiro clássico definitivo da nova geração Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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