Na rotina da redação, há basicamente dois caminhos para caçarmos e criarmos as pautas que se materializam na revista e no site. Um deles é chafurdar o terreno médico e científico, acompanhando o noticiário especializado e os novos estudos publicados, cobrindo congressos e conversando com os profissionais da área.
O outro é ouvir a audiência, os assinantes e internautas que interagem com a gente por e-mail e redes sociais. Uma máxima de autoria desconhecida que circulava há anos na Editora Abril parafraseava um versículo bíblico dizendo: “O leitor é meu pastor”. Sem querer ferir o respeito ao texto original, ela traduz a ideia de que atender e surpreender o público está na essência de um veículo de imprensa — que hoje compete com o mundo e o submundo da internet.
Os caminhos para as pautas se cruzam: precisamos de ciência e audiência para um conteúdo nascer, prosperar e fazer diferença na sociedade. Comparo nosso exercício de produção jornalística a um cabo de guerra em que precisamos manter certo equilíbrio entre os dois lados.
Se a gente pende totalmente para o polo científico, enverga um viés e uma linguagem tecnicistas e não se faz entender nem se interessar pelos cidadãos. Se a gente só pensa em audiência (mais no sentido numérico do que no humano), escorrega para o sensacionalismo, que nada constrói.
É trazendo os dois lados para a mesa que a informação e a discussão vicejam, e a metáfora do cabo de guerra se transforma na de uma ponte. Todo esse preâmbulo para chegar à menopausa.
Esse é um dos temas mais pedidos por nossas leitoras nos últimos meses, e finalmente, após reunirmos pesquisas, entrevistas e novidades na área, produzimos um dossiê sobre essa fase tão comum, tão sensível e tão negligenciada em vários sentidos — missão cumprida pela repórter Chloé Pinheiro.
As mulheres formam a maioria na população (e na nossa audiência) e vivem mais que os homens. Ainda assim, andam sub-representadas em estudos e carentes de soluções para os percalços da queda dos hormônios — imagine uma vida toda sob a sua influência e, em pouquíssimo tempo, eles desaparecem.
Mas a coisa começa a mudar: ampliam-se grupos de discussão focados no climatério, startups com serviços e produtos para essa etapa da vida e o número de mulheres que já não aceitam mais sofrer caladas com ondas de calor, insônia e até depressão.
Apesar dos desafios impostos pelo machismo explícito e subliminar que a nossa sociedade herdou, o sexo feminino vem derrubando barreiras no mercado de trabalho, nos esportes, na expressão cultural… Nada mais justo que as demandas do corpo e da alma sejam examinadas e atendidas. Durante a menopausa — e depois dela.
Para dar voz ao paciente e ao cuidador
Diabetes, fibrose cística, asma, alergia alimentar, hemofilia… Todas essas condições já protagonizaram trabalhos do núcleo de pesquisa de VEJA SAÚDE. Nesta edição, é a vez do Alzheimer.
Entrevistamos mais de mil brasileiros, entre familiares e pacientes, que convivem com a doença para entender as dificuldades e necessidades dessas pessoas diante de uma condição com prevalência crescente. A premissa é uma só: ao darmos voz a quem vive um problema, encontramos melhores formas de solucioná-lo.
As leitoras que mandam: menopausa na capa! Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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