quinta-feira, 23 de junho de 2022

Congelar óvulos ou embriões? O que a ciência recomenda?

As técnicas de reprodução assistida passaram por avanços revolucionários e garantem hoje a fertilidade de inúmeros casais e o nascimento de milhões de bebês pelo mundo. Possibilitam, além disso, adiar ou postergar a maternidade para um período que a mulher julga mais propício.

Desde que o primeiro bebê nasceu por meio da fertilização in vitro, ainda em 1978, tivemos inovações e conquistas notáveis nesse campo da medicina. E elas envolvem também o congelamento de óvulos e de embriões.

O tema está na boca do povo agora, mas, afinal, pensando numa maternidade mais tardia, o que a ciência recomenda: congelar óvulos ou embriões?

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Em primeiro lugar, é importante ressaltar que essa é uma escolha individualizada, que deve levar em conta fatores pessoais e indicações médicas. O congelamento de óvulos é mais interessante para mulheres que não têm parceiro e desejam postergar a gestação, aumentando a chance de engravidar no futuro, seja com um futuro parceiro, seja numa maternidade solo.

Por outro lado, orientamos a realização da fertilização in vitro e o congelamento de embriões no caso de mulheres que têm relacionamento estável e procuram, dentro dos planos do casal, adiar a gestação. Ou ainda quando há a pretensão de se ter dois ou três filhos futuramente.

A vantagem do congelamento de óvulos é que eles pertencem apenas à mulher. Então é possível fazer a fertilização in vitro, posteriormente, com qualquer sêmen, sendo de um parceiro ou doador, e ela pode descartar o material guardado a qualquer momento.

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Pensando no congelamento do embrião, temos a vantagem de saber com antecedência se existem anormalidades genéticas capazes de comprometer a gestação ou a saúde da criança. O congelamento de óvulos não permite isso, uma vez que estamos na posse de apenas uma célula.

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Um embrião sem problemas do ponto de vista cromossômico nos dá, quando transferido para o organismo da mãe, uma chance de 60% de virar um bebê. Quanto aos óvulos, porém, essa estimativa vai depender muito da quantidade e qualidade das células, inclusive porque há maior risco de perder óvulos ou algo afetar seu desenvolvimento esperado no processo de descongelamento.

Portanto, só posso confirmar a qualidade do óvulo após ele ter sido fertilizado e avaliarmos o desenvolvimento do embrião.

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Para botar em números, a taxa de sobrevivência ao descongelamento é melhor em embrião (98% a 99%) na  comparação com os óvulos (92%).

Uma questão que não deve ser ignorada no congelamento de embriões é que eles pertencem ao casal e, havendo separação no futuro, será necessário um acordo entre a mulher e o ex-parceiro sobre qualquer decisão envolvendo os óvulos fecundados.

Fora isso, o embrião não pode ser descartado antes de três anos de congelamento e isso requer autorização judicial, segundo nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM). Portanto, a burocracia envolvida no descarte de embriões é muito maior do que a de óvulos.

Existem várias nuances que devem ser levadas em consideração ao partir para um ou outro caminho. O melhor a fazer é conversar com o médico especialista e pesar os aspectos pessoais e as evidências científicas antes da decisão.

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* Rodrigo Rosa é ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana. É membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), fundador e diretor clínico da Mater Prime e sócio-fundador do Mater Lab, em São Paulo

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