quarta-feira, 8 de junho de 2022

Fluconazol: o que é, para que serve e como funciona esse remédio

O fluconazol é um antifúngico que serve para combater a candidíase e outras doenças provocadas por fungos que pertencem à classe das leveduras. O remédio age contra doenças infecciosas na pele e em diversos órgãos internos – até por isso, pode ser incluído no tratamento de infecções hospitalares.

O princípio ativo fluconazol é produzido por diferentes farmacêuticas e tem vários nomes comerciais, como Zoltec, Fluconan, Pronazol e Candizol. Mas já está disponível como genérico – com o nome de fluconazol mesmo.

O uso inadequado pode gerar reações adversas como arritmia e mesmo resistência fúngica. Saiba mais:

O que é o fluconazol e para que serve?

O remédio é voltado para infecções causadas por fungos do gênero candida, que pertencem ao grupo das leveduras. A doença mais comum provocada por esses micro-organismos é a candidíase vaginal, mas há outros males relacionados a eles.

“São patógenos oportunistas, presentes naturalmente na microbiota do corpo humano e de animais. Eles colonizam a pele e a mucosas dos tratos digestivo, urinário e bucal”, explica Giselle Pratini, farmacêutica do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre.

O fluconazol é hoje o antifúngico mais usado no Brasil, porque grande parte dos fungos continua sensível a ele, completa a infectologista Dania Abdel Rahman, coordenadora do setor de Infectologia Clínica e Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Albert Sabin (HAS). “A infecção hospitalar mais frequente é provocada pela candida albicans, e o fluconazol é bastante eficaz contra ela”, reitera.

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O remédio age contra uma boa lista da mesma classe de fungos. Muitos desses patógenos estão presentes na microbiota de animais, que os depositam no solo através das fezes. “Por este motivo, pessoas que manipulam a terra ou trabalham com jardinagem podem desenvolver infecções nas unhas ocasionadas por esses fungos” explica Giselle.

O fluconazol também age contra a criptococose, que é uma infecção grave desencadeada pelo criptococo. O quadro pode deflagrar uma meningite e levar à morte.

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Como tomar ou aplicar? O uso de infusão, pomada, cápsulas etc

“Para escolher qual tipo será ministrado, o médico considera as características da infecção. As mais superficiais, como micoses de unha, podem ser resolvidas com uma loção. Já para infeccções urinárias, a via oral em geral é mais adequada”, exemplifica Dania.

O fuconazol está disponível no formato de pomada para os casos de infecção na pele por fungos. Já as administrações por via oral são empregadas em diferentes quadros, especialmente quando a infecção pode se tornar sistêmica ou aflige órgãos internos.

“As formas injetáveis, por sua vez, costumam ser usadas em casos graves”, ressalta Giselle. “São infecções sistêmicas como a sepse fúngica”, completa. Candidíase esofágica e quadros nos quais o fungo chega ao cérebro também exigem essa maneira de uso. O tal criptococo que mencionamos antes muitas vezes é tratado com fluconazol injetável.

No tratamento da candidíase vaginal, bastante comum, a via oral é uma opção às mulheres que não respondem bem ao tratamento com a pomada.

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O papel do medicamento no tratamento da Covid-19

Para deixar claro, não há comprovação de que esse medicamento combata quaisquer vírus, o que inclui o coronavírus.

Mas então por que fluconazol é receitado em certos casos de Covid-19? “Alguns indivíduos podem apresentar infecções fúngicas oportunistas”, explica Giselle. Nesse contexto, o medicamento serve para evitar ou conter esses quadros perigosos.

O uso prolongado dos corticoides – medicação útil para alguns casos graves de Covid – também favorece doenças fúngicas.

Uso em imunossuprimidos

Doenças relacionadas a esses fungos costumam tirar proveito de déficits na imunidade. Afinal, é o cenário ideal para os fungos se proliferarem. Nesse cenário, médicos podem receitar o fluconazol de maneira preventiva.

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É o caso da indicação em pacientes com câncer que estão passando por quimioterapia ou radioterapia. Pacientes com HIV ou submetidos a um transplante também recebem o medicamento para prevenir a recidiva da doença criptocócica.

Há indicação para crianças?

Sim. Até para infecções mais graves em bebês recém-nascidos. “Podem ser os mesmos tipos de doença que vemos em adultos, de micoses a infecção urinária”, aponta Dania.

Ora, as candidíases oral, vaginal e peniana e as micoses de pele também surgem em crianças. O uso do fluconazol é rotineiro nesses quadros, segundo Giselle.

Gravidez e lactação

O uso durante a gravidez deve ser evitado, exceto em pacientes com infecções fúngicas graves, nas quais o benefício supera o possível risco para o feto.

Aliás, devem ser consideradas medidas contraceptivas eficazes nas mulheres em idade fértil durante todo o tratamento com fluconazol. Isso porque há relatos de aborto espontâneo, além de anormalidades em mulheres que estão amamentando, segundo informa a bula.

Como o medicamento age no organismo

Ele impede a síntese do ergosterol, uma substância presente na membrana do fungo que é fundamental para sua reprodução. Ao inibir esse mecanismo de ação, o fluconazol bloqueia a disseminação do micro-organismo, que eventualmente morre.

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Quais os riscos de utilizar o remédio sem prescrição médica?

O maior risco desse medicamento é a intoxicação do fígado, órgão onde ele é processado. “Pacientes com doença hepática têm maior predisposição para sofrer com essa toxicidade, mesmo em doses normais”, alerta Giselle. Em pacientes com problemas no fígado, o médico deve buscar alternativas, ou optar por doses mais baixas.

“Há alguns casos de toxicidade no fígado entre indivíduos saudáveis. Aí também é preciso trocar de fórmula ou corrigir a dose”, completa Dania.

Ao consumir esse tipo de medicamento sem necessidade ou de forma errada, é possível que os fungos ganhem mais potência e resistência ao medicamento. Esse é um problema que, assim como a resistência bacteriana, preocupa as autoridades sanitárias.

No mais, cabe lembrar aos pacientes com diabetes que o fluconazol possui açúcar em sua composição

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Quais são os efeitos colaterais?

A bula indica que há boa tolerância geral. O cuidado maior, claro, envolve os indivíduos imunossuprimidos.

“Em pacientes cardiopatas, o uso do medicamento pode levar a uma série de condições graves, incluindo arritmias”, completa Giselle.

Quanto tempo pode durar o tratamento?

Isso varia consideravelmente. Há casos em que uma dose única dá conta do recado. Em outras, recorre-se a um tratamento estendido, de até 14 dias. E há situações de uso prolongado.

“Para meningite por criptococos, a gente vai tratar por meses. Já infecções urinárias são apenas sete dias”, exemplifica a infectologista.

Pode fazer sexo durante o tratamento contra candidíase?

Durante o tratamento não é indicado ter relações sexuais. “Até porque é preciso utilizar a pomada vaginal de sete a dez noites seguidas”, afirma Dania.

É importante lembrar que há indicação de tratar o parceiro sexual se o paciente tiver infecções recorrentes ou refratárias.

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