Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) notaram que o consumo de cerca de um copo de leite de vaca por dia pode reduzir o risco de mortes por doenças cardiovasculares.
O trabalho usou dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA Brasil), investigação que acompanha 15 mil brasileiros de todo país, com questionários e exames periódicos. Isso permite uma visão de longo prazo sobre a prevalência de doenças e os hábitos de vida que influenciam o funcionamento do corpo.
Nesse recorte específico, foram incluídos 6,6 mil participantes que não tinham doenças cardíacas no início da coleta de dados. O consumo da categoria foi avaliado por meio de questionário, e classificado em grupos distintos: laticínios totais (leite e seus derivados, do queijo ao sorvete), subgrupos com alto e baixo teor de gordura e somente leite.
Os pesquisadores então avaliaram o estado de saúde dessas pessoas, em um período de 8 anos, com foco em óbitos por doenças cardiovasculares. No fim das contas, a turma que ingeria laticínios no geral – e especialmente leite – tinha um menor risco de morrer por panes no coração.
No grupo do leite, o perigo foi 66% menor em quem tomava quantidades superiores a 260 ml (para homens) e 312 ml (para mulheres). É o equivalente a mais ou menos um copo por dia.
Como se trata de um estudo observacional, o trabalho não estabelece relação de causa e efeito. Mas os pesquisadores descartaram alguns fatores que poderiam influenciar os resultados, como idade, prática de atividade física, tabagismo e ingestão diária de vegetais.
O trabalho foi publicado no periódico científico European Journal of Nutrition e reconhecido em uma premiação da American Heart Association. Isso porque reflete com dados o que já vinha sendo apontado por outras pesquisas: o consumo adequado de laticínios pode trazer mais benefícios do que riscos à saúde.
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As gorduras saturadas do leite
Apesar de serem fonte de cálcio e proteínas de alto valor biológico, leite e derivados passaram por um período de ostracismo por causa da gordura saturada, que também está presente na categoria.
Mais ligado aos entupimentos em vasos e artérias e ao ganho de peso, esse nutriente deve ser limitado a cerca de 10% das calorias totais do dia.
Comer com equilíbrio, contudo, é diferente de excluir totalmente a categoria do cardápio — o que tem sido feito erroneamente por alguns profissionais de saúde e pessoas, seja com foco em emagrecimento, seja por uma suposta intolerância à lactose que não chega a ser de fato investigada.
O problema mesmo, reforçam os especialistas, está no consumo de gordura saturada em excesso, em especial a dos alimentos ultraprocessados. O estudo da UFMG também avaliou essa relação, e concluiu que a classe eleva o risco de morte por doenças crônicas — esses dados ainda não foram publicados.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em posicionamento do ano passado, não recomenda restringir os lácteos, e ressalta inclusive que há estudos relacionando laticínios com baixo teor de gordura a um risco menor de diabetes tipo 2. Os produtos com menor concentração de gordura saturada são os desnatados ou parcialmente desnatados.
Por fim, os autores do trabalho mineiro concluem que seus dados reforçam a importância de preferir produtos in natura ou minimamente processados. Eles destacam ainda que o consumo de laticínios entre os brasileiros é baixo em comparação com outros países, embora o país seja um grande produtor do alimento.
Tomar leite diariamente pode proteger o coração, sugere estudo Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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