quarta-feira, 27 de julho de 2022

“Necrobótica”: Aranhas mortas viram garras mecânicas em laboratório.

O laboratório de Daniel Preston, na Universidade Rice (Estados Unidos), está cheio de pequenos cadáveres de aranhas-lobo. Ele e a estudante de engenharia Faye Yap transformaram os aracnídeos em garras mecânicas, dando início à chamada “necrobótica” – junção de “necro”, cadáver ou morte, e “robótica”.

“O conceito de necrobótica aproveita designs únicos criados pela natureza que podem ser complicados ou até impossíveis de replicar artificialmente”, eles explicam no estudo publicado na última segunda-feira (25) na revista Advanced Science.

Os pesquisadores inseriram uma seringa no cadáver para injetar ou retirar ar de uma câmara próxima à cabeça das aranhas, que comanda a movimentação de suas pernas. Assim, mostraram que uma aranha morta poderia manusear objetos pequenos e eletrônicos delicados – e suportar o peso de outra aranha do mesmo tamanho. Confira o vídeo:

As aranhas funcionariam como garras mecânicas e poderiam ser usadas na manipulação de microdispositivos eletrônicos. Como são biodegradáveis, reduziriam a quantidade de resíduos na robótica.

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Uma desvantagem do mecanismo é que a aranha começa a sofrer desgastes após mil ciclos de abertura e fechamento das pernas. “Achamos que isso está relacionado a problemas de desidratação das articulações”, explica Preston em comunicado. “Achamos que podemos superar isso aplicando revestimentos poliméricos [ao cadáver].”

Aranhas e pressão hidráulica

O projeto começou em 2019. Na época, Faye prestou atenção em uma aranha morta no chão da universidade, que estava com as pernas curvadas, e se perguntou por que o animal ficava nessa posição. A resposta está em sua anatomia.

As aranhas não têm pares de músculos opostos, como nós. Em humanos, o bíceps e o tríceps, por exemplo, trabalham em conjunto para dobrar e estender o braço. As aranhas só têm músculos flexores (que permitem que suas pernas dobrem), e o resto do trabalho é feito por pressão hidráulica.

Uma câmara perto da cabeça se contrai para enviar sangue aos membros, e assim os força a se estender. Quando a pressão é aliviada, as pernas se contraem. Após a morte, o animal perde a capacidade de pressurizar ativamente seu corpo, por isso fica enrolado.

Faye e Preston acharam esse mecanismo interessante e deram início ao trabalho recém-publicado – inserindo uma seringa nesta câmara secreta de movimentação do aracnídeo para ativar a pressurização do corpo.

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