Os números são expressivos: na eleição deste ano, que será realizada nos dias 2 e 30 de outubro, vamos às urnas para eleger 513 deputados federais, 1058 deputados estaduais ou distritais, 27 governadores e o presidente da República, além de renovar um terço das 81 cadeiras do Senado.
E quem pode votar? Ora, no Brasil o voto é obrigatório a todas as pessoas entre 18 e 69 anos, de acordo com o artigo 14, parágrafo primeiro da Constituição Federal. Desse grupo, quem não comparecer às urnas fica em débito com a Justiça Eleitoral e, em caso de repetições, pode ter sua inscrição eleitoral cancelada e alguns direitos civis prejudicados.
Houve uma exceção em 2020, em função da pandemia do coronavírus, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu os débitos para quem não votou naquele ano. Em todo caso, o ideal, se necessário, é checar e emitir certidão de quitação eleitoral, o que pode ser feito pela internet.
Mas há outro voto nessa história, o facultativo. E ele desperta atenção especial neste ano. Tanto entre os mais novos como entre os mais velhos. Aqui entram pessoas que podem (e devem) votar, ainda que não tenham a obrigatoriedade de fazê-lo. O grupo é composto de analfabetos, jovens de 16 a 18 anos e idosos acima de 70 anos.
Os idosos, considerando a faixa a partir dos 60 anos, representam atualmente uma grande força no país. Somos quase 20% dos brasileiros aptos a votar. Ou seja, mais de 27 milhões de votos, predominantemente femininos, superando em mais de 5 milhões o número de votantes entre 16 e 24 anos.
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Em uma eleição muito disputada como deverá ser a de 2022, o voto do eleitorado idoso poderá ser decisivo. Mas essa força eleitoral não emergirá somente este ano. Ela representa o começo de uma mudança que tende a progredir ao longo do século 21.
O chamado “voto grisalho” é crescente em todo o país, sendo mais expressivo nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, onde um em cada cinco eleitores tem mais de 60 anos. Estima-se que em 2030 tenhamos, em nossa população, cerca de 42 milhões de eleitores idosos, o dobro dos eleitores jovens.
Esse fenômeno convida os idosos a exercerem sua cidadania, organizando-se e participando das eleições de forma consciente. Pensando no hoje e no futuro que queremos.
Para isso, devemos garantir o direito ao voto e buscar a eleição de candidatos realmente comprometidos com as demandas desse grupo etário nas mais diversas áreas: saúde, previdência, trabalho, lazer, moradia etc. E checar o histórico dos postulantes aos cargos, suas propostas e formas de implementá-las considerando limitações de orçamento.
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Dizer apenas “prefiro não voltar em ninguém” ou “não vou desperdiçar meu tempo indo votar”, entre outras colocações, não ajuda em nada. Depois não adianta reclamar.
O processo eleitoral é uma construção coletiva, uma responsabilidade de todos nós. E, como cidadania não tem idade, é importante exercer o direito ao voto com consciência se quisermos colaborar com a construção do país em que almejamos viver.
* Yeda Duarte é enfermeira, professora da Universidade de São Paulo (USP), coordenadora do Estudo SABE – Saúde, Bem-estar e Envelhecimento em São Paulo e membro do Coletivo Velhices Cidadãs
Voto grisalho, voto consciente: cidadania não tem idade Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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