Nos últimos anos, o meio acadêmico, o setor produtivo e a sociedade como um todo têm assistido, muitas vezes apenas como consumidores, à introdução massiva e crescente de tecnologias de inteligência artificial (IA) no cotidiano. Há claras evidências de que atingimos um ponto sem retorno, dada a velocidade com que tais tecnologias têm sido apresentadas e incorporadas.
Embora não seja exagerado ou prematuro afirmar que a IA representa um avanço tecnológico com alto poder de transformação social e econômica, é preciso levar em consideração o tempo e as discussões nos fóruns necessários para que se estabeleçam parâmetros, limites e critérios para a utilização dela no dia a dia.
Enquanto isso, é natural que governos, universidades e empresas se unam para conduzir pesquisas que dirijam tal impacto no sentido do bem-estar da população. E a área da saúde é uma das que mais podem se beneficiar dessa vanguarda.
É nesse contexto que o Centro de Referência em Inteligência Artificial (CEREIA), instalado em Fortaleza, inicia suas atividades em março de 2023 com foco no estudo e na aplicação de IA em saúde. Fruto da parceria entre a Universidade Federal do Ceará (UFC), o Grupo Hapvida NotreDame Intermédica e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o CEREIA segue em busca de soluções para problemas práticos e relevantes.
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Entre as linhas de pesquisa definidas, estão:
– Doenças Crônicas: como algoritmos podem ajudar a prever a ocorrência de doenças a partir do monitoramento da sequência de procedimentos médicos realizados por um paciente ao longo do tempo, por informações demográficas e condições pré-existentes;
– Exames radiológicos: por meio de métodos baseados em inteligência artificial, o objetivo é apoiar o diagnóstico em exames como tomografias por meio da detecção de anormalidades;
– Engajamento de pacientes: engloba o uso de Assistentes Virtuais Inteligentes como instrumento para auxiliar programas de prevenção e promoção à saúde, focando em técnicas que aumentem a adesão dos pacientes a tratamentos prolongados;
– Monitoramento remoto: consiste no desenvolvimento de sistemas de monitoramento inteligente em hospitais a partir de parâmetros vitais, como frequência cardíaca, pressão arterial e intracraniana, saturação de oxigênio, entre outros. Em conjunto com técnicas de monitoramento remoto, tais dados poderão reconhecer padrões para identificar ocorrências de quedas, espasmos e convulsões;
– Anamnese assistida: soluções baseadas em inteligência artificial para auxiliar o processo de avaliação médica focando em estruturar os dados, encontrar padrões e recomendar possíveis diagnósticos;
– Democratização da ciência de dados: tornar a ciência de dados em saúde mais amigável e acessível ao público leigo é a última e mais importante linha de pesquisa a ser realizada pelo CEREIA.
No centro, serão investigados temas como análise automatizada de imagens médicas, interfaces cérebro-máquina, detecção e classificação de patologias, análise de dados epidemiológicos, detecção e classificação de movimentos… Ao habilitar inovações com aplicabilidade prática, cada uma das linhas de pesquisa tem potencial para proporcionar uma melhor qualidade de vida para a população.
Por fim, vale ressaltar o impacto no mercado de trabalho. Ao capacitar profissionais na área da TI (tecnologia da informação) no Nordeste do país, a iniciativa tonifica a atividade econômica na região, criando oportunidades e estimulando o desenvolvimento da região.
* Francisco Rodrigo Porto Cavalcanti é pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará (UFC); Kenneth Nunes Tavares de Almeida é diretor-executivo de Pesquisa & Desenvolvimento e Educação do Grupo Hapvida NotreDame Intermédica
Inteligência artificial na saúde: o Brasil na rota das pesquisas Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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