domingo, 16 de abril de 2023

Uso de paracetamol na gravidez pode trazer riscos ao feto

É muito comum o uso de paracetamol durante a gestação, para aliviar a dor e reduzir a febre. Entretanto, ainda há muitas dúvidas da ciência sobre seus possíveis efeitos colaterais tanto para a mãe quanto para o feto.

Estudos sugerem que mais de 65% das gestantes utilizam o medicamento em algum momento da gravidez nos EUA. Isso se deve, em parte, à crença de que ele é um fármaco seguro e sem riscos.

O paracetamol atua tanto no sistema nervoso central quanto no periférico. E, durante a gravidez, ocorrem alterações no metabolismo do paracetamol que podem tornar a gestante e seu feto mais vulneráveis a efeitos tóxicos.

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Por exemplo: o composto é rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal e atinge a concentração máxima no plasma em cerca de 30 minutos após a ingestão. Depois, é metabolizado no fígado e excretado principalmente pelos rins.

Durante a gestação, há um aumento no volume plasmático (a quantidade de plasma circulando no sistema circulatório) e na filtração glomerular (o sistema de filtração do sangue dentro dos rins), o que pode afetar a farmacocinética (a forma como age um medicamento) do paracetamol.

Na população em geral, em casos raros, o uso de paracetamol pode levar a hepatotoxicidade, especialmente em pessoas com doença hepática preexistente. Ele é a principal causa de insuficiência hepática aguda no mundo em adultos.

Outros efeitos colaterais relatados incluem náusea, vômito, dor abdominal, diarreia e reações alérgicas.

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Possíveis efeitos colaterais do paracetamol para o bebê

A placenta é um órgão importante na gravidez, responsável por fornecer nutrientes e oxigênio ao feto. Mas ela também pode permitir a passagem de vírus, bactérias, toxinas e medicamentos.

Portanto, o uso de remédios durante a gravidez envolve uma avaliação de risco e benefício, na qual há uma avaliação entre os benefícios potenciais para a mãe e o feto e os possíveis riscos para o feto.

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Sabe-se que o paracetamol atravessa prontamente a barreira placentária e hematoencefálica, que “isola” o cérebro do resto do corpo.

Um corpo crescente de pesquisas experimentais e epidemiológicas sugere que a exposição pré-natal ao paracetamol pode alterar o desenvolvimento fetal, o que, por sua vez, elevaria os riscos de certos distúrbios neurológicos, reprodutivos e urogenitais.

Um estudo recente sugere que o uso prolongado de paracetamol durante a gestação pode estar associado a um aumento do risco de transtornos do espectro autista (TEA) e transtornos de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) na prole.

É preciso lembrar que a gestação é um evento fisiológico, programado metabolicamente para manter a integridade da mãe e do bebê. Portanto, diante de qualquer sintoma adverso, como dor, a gestante deve ser avaliada pelo médico obstetra.

A prescrição de medicamentos é de responsabilidade do profissional que acompanha o pré-natal.

* Dra. Bruna Pitaluga é médica obstetra formada pela Universidade de Brasília – UnB, com mais de 20 anos de experiência profissional. Possui especialização em medicina funcional, pelo Instituto de Medicina Funcional (EUA) e é pós-graduada em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia – ABRAN.

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