Uma pessoa é considerada portadora de hipertensão arterial (HA) quando a pressão sistólica (também conhecida como máxima) apresenta valores iguais ou maiores que 140 mmHg e a diastólica (ou mínima) é igual ou maior que 90 mmHg – e isso de forma persistente em pelo menos duas ou mais ocasiões diferentes do dia.
Popularmente, nos referimos a esse parâmetro como “14 por 9”. A questão é que mais da metade da população desconhece essa informação.
Uma pesquisa recente da SOCESP (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) apurou que 53% dos entrevistados não sabiam identificar “os números” da pressão arterial elevada.
Entre os que erraram, 34,1% disseram que era “16 por 9” e 18,9% apostaram em “15 por 9”.
E aí mora o perigo: o desconhecimento pode levar mesmo aquele indivíduo que realiza a medição com frequência a acreditar que está tudo bem e, portanto, não é hora de procurar ajuda médica – isso quando a situação é de alerta vermelho.
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A pesquisa, que acaba de ser tabulada, foi realizada no final de 2022, com 2 236 pessoas nas cidades de Araçatuba, Araraquara, Bauru, Osasco, Ribeirão Preto, São Carlos, São José do Rio Preto, Sorocaba, Vale do Paraíba e na capital.
Ainda segundo o levantamento, apenas 36% apontaram a hipertensão como fator de aumento do risco de problemas cardíacos. Só que essa doença anda de mãos dadas com as enfermidades cardiovasculares (as DCVs).
A relação íntima entre hipertensão e problemas cardíacos
No Brasil, estima-se que 30% das mortes anuais – cerca de 1,3 milhão – são por motivos relacionados ao coração. A hipertensão está associada a 45% dessas mortes cardíacas e a 51% dos óbitos por outras causas, como o acidente vascular cerebral (AVC).
Temos 32,3% de brasileiros com hipertensão e, na faixa etária após os 60 anos, esse percentual sobe para 65%.
As crises hipertensivas são a terceira causa de atendimentos de emergência nos hospitais, de acordo com um estudo da American Heart Association junto a 20 milhões de pacientes nos Estados Unidos.
A conclusão foi de que um terço das visitas aos prontos-socorros estava relacionada à hipertensão e 13% dos diagnósticos relacionados ao coração (2,7 milhões) eram por pressão alta primária, quando não há relação com outras doenças.
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Apesar de o trabalho mencionado ter sido realizado em outro país, podemos afirmar, com base em experiência de campo, que as conclusões sobre a hipertensão nos Estados Unidos refletem a realidade dos serviços de emergência pelo mundo a fora, incluindo o Brasil.
O cenário denota a relevância de se investir em conhecimento sobre o tema. Por estar no grupo das “doenças silenciosas”, aquelas que vão fazendo estragos sem maiores sintomas, a hipertensão só é diagnosticada por aqueles que têm como hábito medir a pressão com regularidade.
Ao conhecer os riscos de manter a pressão em “14 por 9” ou acima disso, a ideia é que o paciente busque acompanhamento e tratamento médico.
Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial
Hoje, 26 de abril, é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial.
Durante este mês, a SOCESP tem promovido uma campanha com postagens em mídias sociais e entrevistas voltadas ao público leigo sobre prevenção e controle da pressão alta, incluindo dicas do Departamento de Nutrição sobre o consumo adequado de sal, entre outras ações.
O sal é o principal inimigo da pressão arterial. Por isso, tanto para pacientes com hipertensão como para a população em geral, a orientação é de consumir até 5 gramas por dia.
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Ficar dentro dessa meta não é simples, porque grande parte dos produtos industrializados contém o ingrediente na composição.
Evitar os ultraprocessados – como temperos e molhos prontos, salgadinhos, embutidos e enlatados, entre outros – é um excelente primeiro passo.
Substituir o sal por ervas aromáticas e outras opções naturais para não perder o sabor da comida e mantê-la saudável é outra boa pedida.
A adoção de dietas como a DASH e a Mediterrânea, ambas ricas em frutas, hortaliças e cereais integrais, também está entre as orientações dos nutricionistas.
Em movimento
Apesar de exercícios regulares serem imprescindíveis para manter a pressão nos eixos, a pesquisa da SOCESP apurou que 36,6% dos paulistas não praticam nenhuma atividade física, e 31,4% o fazem duas vezes por semana.
Somente 32% declararam que se exercitam quatro ou mais vezes por semana, rotina considerada ideal para prevenção de doenças cardiovasculares e de seus fatores de risco, como a hipertensão.
De acordo com a Diretriz de Prevenção Cardiovascular, pacientes com hipertensão devem praticar pelo menos 30 minutos de atividades aeróbicas de intensidade moderada (caminhada, corrida, ciclismo ou natação) de cinco a sete dias por semana.
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Em dois ou três dias por semana, é importante se dedicar aos exercícios de resistência, como musculação.
Os treinos podem ir se intensificando à medida em que o corpo se acostumar.
O acompanhamento de um profissional de educação física é sempre recomendável, tanto para aumento gradual de nível como para supervisão da performance, evitando lesões e detectando sintomas que indiquem problemas cardiovasculares.
Quem decide por uma vida mais equilibrada e saudável – com atividade física e pouco sal, por exemplo – terá o controle da pressão arterial como apenas um dos benefícios.
O leque é muito mais amplo, e inclui longevidade, sistema imunológico mais atuante, redução do excesso de peso, mais disposição e menos incidência de depressão. Como se vê, a relação custo-benefício vale muito a pena!
*Fernanda Consolim Colombo é presidente do 43º Congresso da SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, que será realizado nos dias 8, 9 e 10 de junho de 2023 no Transamerica Expo Center, em São Paulo. Luciano Drager é diretor de promoção e pesquisa da SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo
Maioria das pessoas não sabe quais os limites da pressão arterial Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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