quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Após pousar na Lua, Índia lançará missão espacial ao Sol

Na última semana, a Índia se tornou o quarto país a pousar na Lua (depois de Rússia, EUA e China) – e o primeiro a fazer isso no polo sul do nosso satélite. E, no próximo domingo (2), eles querem ir ainda mais longe: o país irá enviar, pela primeira vez, um satélite para estudar o Sol.

É um projeto com ares de sci-fi, como a do filme Sunshine – Alerta Solar (2007), do diretor Danny Boyle. Na história, astronautas embarcam em uma viagem só de ida para o Sol para evitar que ele apague. Mas fique tranquilo: a estrela (ainda) não está apagando. E, ao contrário do longa,  a missão indiana é não tripulada, claro.

O satélite recebeu o nome Aditya-L1 (“Aditya” quer dizer “Sol” em hindi) e tem como objetivo estudar as camadas mais externas da nossa estrela, como a fotosfera e cromosfera. Segundo a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO, na sigla em inglês), o equipamento irá fornecer dados sobre a atividade da superfície solar e sobre como os ventos solares afetam a meteorologia espacial. 

(Diferentemente da Terra, o clima espacial é caracterizado pelo estudo de condições envolvendo campos magnéticos, plasma, e outros materiais e elementos físicos. Por aqui, o Sol tem um grande papel na hora de definir a “previsão do tempo”.)

Vento solar, vale dizer, é o nome dado ao fluxo relativamente constante de partículas que emana da coroa solar. A coroa, por sua vez, é uma “aura” de partículas que fica acima da superfície do Sol – e que é muito mais quente do que ela.

Na superfície, os termômetros giram em torno de 5,5 mil graus. No interior da coroa, o calor passa fácil de 1 milhão de graus. É uma temperatura tão violenta que que acaba acelerando os prótons e elétrons e núcleos atômicos a uma velocidade de 1,5 milhão de km/h. Daí o surgimento dos ventos.

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Aditya-L1 estará equipado com diversos equipamentos, como um magnetômetro, para medir campos magnéticos interplanetários, e detectores de partículas como espectrômetros de raios X – tudo isso a uma distância de mais ou menos 1,5 milhão de quilômetros da Terra: o satélite ficará posicionado em uma região do Sistema Solar conhecida como primeiro ponto de Lagrange (L1), um dos cinco pontos do espaço descobertos pelo astrônomo italiano Joseph Louis Lagrange (1736-1813).

O que eles têm de especial? Lagrange descobriu que, nesses locais, o cabo de força gravitacional entre o Sol e a Terra se equilibra. Coisas colocadas nesses pontos, ou girando em torno deles, acompanham a Terra sem orbitá-la. No L1 costumam ficar satélites que estudam o Sol. O telescópio James Webb, que estuda o espaço profundo, está virado de costas para a estrela no L2.

Por que estudar o Sol?

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Antes da Índia, a NASA e a ESA (Agência Espacial Europeia), já haviam lançado missões para estudar o Sol. Estudá-la é importante não apenas para entender a estrela em si, mas também para compreender a atividade de outras espalhadas pelo Universo.

Além disso, as atividades solares têm impactos diretos em nossa vida aqui na Terra. Enquanto os ventos solares podem propiciar um dos mais belos fenômenos naturais (a Aurora Boreal), caso as erupções na coroa solar sejam muito fortes, elas podem causar distúrbios em nossos sistemas de comunicação. Em um mundo totalmente conectado e dependente da tecnologia, o Sol desligar tudo não é exatamente a melhor forma de aproveitar as férias de verão.

Caso queira saber mais sobre a missão, a ISRO disponibilizou um manual (em inglês) com todas as informações.

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Como a terapia gênica pode ajudar a oftalmologia

A terapia gênica tem se mostrado uma verdadeira revolução na medicina, proporcionando esperança para pacientes com doenças hereditárias, antes consideradas incuráveis. Na oftalmologia, a abordagem já permite tratar uma série de condições oculares.

Em 2021, a técnica foi utilizada pela primeira vez no Brasil, para tratar a Amaurose Congênita de Leber (ACL) – doença degenerativa hereditária da retina, caracterizada por grave perda de visão ao nascer – trazendo esperança às famílias e a comunidade médica.

Desde então, o procedimento foi aplicado em quatro pacientes, totalizando oito cirurgias, todas por meio do serviço público de saúde.

A terapia gênica consiste em corrigir ou substituir genes defeituosos responsáveis por doenças genéticas, permitindo que o organismo produza proteínas funcionais e, consequentemente, restaurando a função celular comprometida.

+ Leia também: Por que preciso de óculos? As dúvidas mais buscadas sobre saúde visual

Como é feita a terapia gênica

Um dos principais métodos é a aplicação de vírus modificados, utilizados como vetores, que são capazes de transportar o gene corretivo para dentro das células do olho.

Uma vez ali, o gene é expresso (entra em atividade), e a proteína defeituosa ou ausente que estava causando a doença é restaurada. Esse método visa frear a progressão da doença e, em alguns casos, até mesmo reverter parcialmente os danos causados.

Outras doenças

Além da Amaurose Congênita de Leber (ACL), a terapia gênica já está sendo estudada para tratar outras doenças oftalmológicas.

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Uma delas é a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), uma das principais causas de perda de visão em idosos.

Pesquisadores estão empenhados em desenvolver vetores virais eficazes para fornecer genes terapêuticos às células da mácula, com o objetivo de preservar a função visual e prevenir o avanço da doença.

A retinopatia diabética, complicação ocular decorrente do diabetes, é outra área de estudo promissora.

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+ Leia também: Glaucoma: doença silenciosa que pode levar à cegueira

Aqui, a abordagem visa oferecer novas alternativas para proteger e reparar os vasos sanguíneos danificados da retina, contribuindo para prevenir a cegueira e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos acometidos.

A terapia gênica na oftalmologia representa um avanço significativo no tratamento de doenças oculares genéticas e adquiridas. O marco histórico do procedimento bem-sucedido no Brasil para tratar a ACL evidencia o potencial transformador da técnica.

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Os resultados são promissores, mas ainda há desafios significativos, especialmente em relação aos custos envolvidos, que podem chegar a casa dos milhões.

No entanto, com o desenvolvimento tecnológico contínuo e a ampliação de seu uso para o tratamento de outras doenças, espera-se que o custo seja reduzido progressivamente, tornando-a mais acessível a um número maior de pacientes.

*André Maia é oftalmologista especialista em retina da Retina Clinic, do Grupo Fleury.

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Google desenvolve programa para identificar imagens feitas por inteligência artificial

Inteligências artificiais (IAs) capazes de gerar imagens estão ficando cada vez melhores em produzir seus pedidos. Se antes era fácil identificar sinais de que uma foto, ilustração ou montagem era obra de um robô, agora eles estão ficando mais e mais sutis.

O problema: softwares do tipo podem ser usados para disseminar desinformação, produzindo imagens falsas ou alterando fotos reais. Como identificar a autoria delas?

Nesta semana, o Google deu um passo importante na missão de tornar criações artificiais facilmente reconhecíveis. Desenvolvida pela Deepmind, equipe de IA da empresa, o SynthID é uma ferramenta que promete adicionar uma marca d’água imperceptível a fotos geradas pelo Imagen, a IA geradora de imagens da Google. Essa marcação passaria batido para nós, mas seria facilmente detectada por ela.

Uma marca d’água comum, daquelas que você encontra em imagens pela internet, é facilmente driblada com conhecimento suficiente de edição. Sejam com cortes ou técnicas de apagamento. Mas a marca do SynthID não sai. As mudanças na imagem são feitas a nível de pixel, então além de não comprometer a qualidade, elas ficam tão intrinsecamente vinculadas à original que modificações mais diversas – filtros, correção de cor ou perdas de compressão – não são suficientes para eliminá-la.

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Como uma I.A. constrói imagens?

Inteligências artificiais funcionam a partir do aprendizado de máquina. Elas são treinadas com milhões de dados para que possam aprender a reconhecer (e reproduzir) padrões. É um aprimoramento constante: conforme vão produzindo mais, vão ficando cada vez melhores.

Todas as imagens que uma geradora IA recebe são acompanhadas de uma descrição. Por exemplo, a imagem de uma gato cinza vai ter a legenda “gato cinza”. Dentro dessa quantidade estratosférica de dados, vão ter muitos gatos e muitos gatos cinzas. A IA pega essas informações e as traduz para conjuntos numéricos. Assim, ela “aprende” que determinadas características e determinados padrões numéricos estão relacionados a gatos cinzas. 

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Então, quando você digita “gato cinza” na aba, ela sabe exatamente como montar o seu pedido. De tanto ver imagens de gatos cinzas, ela agora “sabe” o que é um.

(Se quiser entender em maior profundidade como esse sistema, recomendamos a leitura desta reportagem da Super.)

Por ora, o Google não compartilhou muito do funcionamento do SynthID – provavelmente, para evitar que a ferramenta, ainda em versão beta, seja alvo de ataques hackers. Como desenvolvedores vão constantemente buscar formas de minar o programa (e vencer a marca d`água), o time da DeepMind também vai precisar mantê-lo sob vigia e atualização constante.

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O que sabemos é que o SynthID coloca uma camada imperceptível ao olho humano (mas visível à análise da máquina) nas imagens produzidas pelo Imagen. Depois, essa mesma ferramenta consegue investigar fotos atrás dessa impressão digital e apontar o quão provável é que ela tenha sido gerada artificialmente.

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As imagens com o filtro aplicado são idênticas ao olho humano comparadas às originais.Google DeepMind/Divulgação

Dentro de casa

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Existe aí uma questão, caro leitor, que você talvez tenha notado: todos os passos desse sistema passam necessariamente por produtos da Google, o SynthID e o Imagen. Imagens geradas pelo popular Midjourney, por exemplo, estão fora do escopo. Softwares como o Staple Diffusion e o Dall-E 2 também. Isso é um problema para uma ferramenta que visa, nas palavras da empresa, “informar as pessoas quando estão interagindo com mídias geradas e ajudar a prevenir a propagação de desinformação.”

A expansão do projeto para terceiros é um plano futuro. A equipe da DeepMind pensou o SynthID para ser usado em toda a internet, mas, primeiro, eles vão acompanhar a repercussão e feedbacks da versão beta para saber se as peças fundamentais da ferramenta funcionam bem. 

“O SynthID pode ser expandido para uso em outros modelos de IA e planejamos integrá-lo a mais produtos em um futuro próximo, capacitando pessoas e organizações a trabalharem de forma responsável com conteúdo gerado por IA,” afirma a companhia em um comunicado.

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O SynthID também não vai ser o elixir mágico para salvar contra notícias enganosas em grande escala – sua avó talvez não vá usar o programa para conferir se uma imagem que recebeu no WhatsApp é falsa. Mesmo assim, ter um jeito de identificar conteúdos gerados por inteligência artificial é importante para estabelecer confiança nas informações que trafegam por aí.

“Embora não seja uma resposta mágica para resolver o problema da desinformação, o SynthID é uma solução técnica recente e promissora para esta questão urgente de segurança da IA,” defende o Google.

Para além do SynthID, outros desenvolvedores tentam proteger imagens autênticas dos robôs I.A.. O Glaze, por exemplo, promete criar uma “camuflagem” nos arquivos – e, assim, evitar que artistas tenham o seu estilo copiado pelos softwares. Entenda como ele funciona aqui.

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Como você se alimenta e escolhe produtos no dia a dia? Queremos saber!

Alimentação saudável é um conceito amplo, que envolve muitas escolhas e, não raro, gera dúvidas nos consumidores.

Na hora de fazer as compras mercado, os detalhes dos rótulos ajudam, mas também escondem pegadinhas.

Pensando nisso, VEJA SAÚDE e a Academia da Nutrição se juntaram para entender melhor como anda a alimentação dos brasileiros e quais são as marcas favoritas dos leitores.

Partícipe da nossa pesquisa, que pode ser respondida abaixo, sobre hábitos de consumo, e nos ajude a traçar esse panorama.

A participação é rápida e os resultados serão divulgados em breve.

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Espetacular, “Starfield” é uma obra-prima da Bethesda – e um sopro de vida para o Xbox

Saga espacial, que está sendo lançada para PC e consoles da Microsoft, encanta pela variedade e pelo gigantismo; leia review

A atual geração de consoles está completando seu terceiro ano. Nesse tempo, o PlayStation 5 ganhou uma forte coleção de jogos exclusivos: Spiderman: Miles Morales, Ratchet & Clank, Horizon Forbidden West, Gran Turismo 7, God of War Ragnarok e The Last of Us: Part I.

Já o Xbox Series X/S teve bem menos: os principais foram Halo Infinite e Forza Horizon 5 (Gears e Sea of Thieves são da geração anterior, e Hi-Fi Rush é um título menor). Os consoles da Microsoft sofrem com a falta de games exclusivos.

Ela sabe disso, e vem comprando vários estúdios de games para tentar resolver o problema. Um deles é a Bethesda Softworks (autora das séries Fallout, Doom e Skyrim), que a Microsoft adquiriu por US$ 7,5 bilhões em 2021.

E, agora, esse esforço finalmente começa a dar frutos – com o RPG de ação Starfield, que foi desenvolvido pela Bethesda e está sendo lançado para PC e Xbox Series X/S. Nele você é um explorador espacial, que pilota sua nave por sistemas estelares e vai parando em planetas, nos quais desce e faz missões. 

Essa descrição é propositalmente vaga: nos primeiros 30 minutos de jogo, Starfield revela a verdadeira premissa da história, que é interessante e original. O que dá para adiantar, sem entrar em spoilers (até porque aparece no próprio trailer), é que Starfield aproveita sua divisão em planetas para combinar os cenários de vários jogos num só. 

Tem faroeste, exatamente como nos EUA do século 18; cidades superfuturistas, como em Cyberpunk 2077; planetas selvagens, dominados por formas de vida alienígenas; e por aí vai. É uma sacada esperta, que dá ao game um escopo grande e variado. Veja alguns exemplos:   

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Ao apresentar o game, a Bethesda disse que ele tem mais de 1.000 planetas para explorar. Isso levantou comparações desfavoráveis com outro jogo, No Man’s Sky, que prometeu (e cumpriu) algo do tipo – mas com planetas meio vazios e aleatórios, sem muita coisa para ver ou fazer. Starfield não é assim. 

Sua história principal se desenrola em um número menor de planetas, uns 20 – mas eles transbordam de personagens, missões e histórias. É tanta coisa, com tantas possibilidades, que no começo chega a ser um pouco atordoante. Mas você logo pega o jeito. 

Além da campanha principal (que completei em 27 horas), as atividades paralelas também surpreendem pela profundidade. Não são missões secundárias tradicionais, que você vai lá e faz; abrem linhas narrativas próprias, que aí se desdobram por várias etapas (algumas chegam a ter 10 capítulos internos). 

Imagens de divulgação do Jogo Starfield.
<span class="hidden">–</span>Bethesda/Reprodução/Reprodução
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Starfield é gigantesco: segundo a Bethesda, tem mais de 250 mil linhas de diálogo. As falas são bem escritas, com personagens interessantes e um detalhe incomum: você escolhe suas respostas, e elas realmente influenciam o desenrolar dos acontecimentos. Em vez de atirar, geralmente é possível tentar levar a outra pessoa na conversa. 

Os gráficos do jogo são bons; em certos momentos, ótimos. Mas oscilam. As animações faciais dos personagens são só passáveis, nada demais. E alguns locais, como a cidade-mãe Nova Atlântida, poderiam ter recebido uma demão extra de capricho. Mas outros cenários, como a superfície da Lua, o planeta Neon e as ruínas de laboratórios, encantam por sua atmosfera, iluminação e riqueza de detalhes. Somando prós e contras, o resultado geral é satisfatório. 

A força gráfica de Starfield não está no uso de novas tecnologias de renderização, mas na direção de arte: a quantidade, às vezes impressionante, de elementos que os designers colocaram nos cenários. Veja abaixo um exemplo:

Nós testamos o game no PC, utilizando uma placa de vídeo GeForce RTX 3080Ti, da Nvidia – e conseguimos rodá-lo a 60 quadros por segundo, com todas as configurações gráficas no máximo, em resolução 4K (com upscaling via FSR 2, já que o game não oferece modo DLSS). A 3080Ti é um verdadeiro canhão, capaz de executar 34,1 teraflops (trilhões de operações matemáticas por segundo).

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Para ver como Starfield se sairia em hardware mais modesto, também rodamos o jogo numa AMD Radeon RX5500 XT: uma placa de 5,2 teraflops, patamar parecido com o do Xbox Series S (4 teraflops). Ela conseguiu entregar 30 quadros por segundo, com as configurações gráficas no nível Médio/Baixo. Fica menos bonito, mas continua jogável.

Imagens de divulgação do Jogo Starfield.
<span class="hidden">–</span>Bethesda/Reprodução/Reprodução

Não foi possível testar Starfield no Xbox Series X/S, pois a Bethesda ainda não liberou essa versão à imprensa. Normalmente, isso inspiraria certo receio. Mas, neste caso, provavelmente não haverá problemas – pois o jogo faz parte do serviço Xbox Game Pass. 

Ou seja, você não precisa comprá-lo a preço cheio, R$ 349. Basta assinar o Game Pass (ou o PC Game Pass), por R$ 33 mensais, para baixar e jogar Starfield. Isso significa que, se ele não rodar bem no Xbox, você não terá perdido muito. 

Mas ele provavelmente vai rodar bem: Todd Howard, diretor do jogo, disse que jogou no Series S durante a maior parte do processo de desenvolvimento (porque os filhos estavam monopolizando o Series X da família).  

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Imagens de divulgação do Jogo Starfield.
<span class="hidden">–</span>Bethesda/Reprodução/Reprodução

Um porém é que, tanto no Series S quanto no X, Starfield só vai rodar a 30 quadros por segundo – não haverá, segundo a Bethesda, a opção de sacrificar um pouco de qualidade visual para habilitar um modo 60 fps. 

Isso é decepcionante para os donos de Series X, cujo diferencial é justamente o poder de processamento gráfico, 12 teraflops. A Bethesda e a Microsoft deveriam dar a opção de 60 fps nesse console; provavelmente não o fizeram por alguma limitação no hardware dele (especula-se que seja a CPU). Pena.

Imagens de divulgação do Jogo Starfield.
<span class="hidden">–</span>Bethesda/Reprodução/Reprodução

Mas vale lembrar que Starfield não é um game de tiro competitivo, em que 60 fps ou mais fazem toda a diferença; é um jogo de exploração, cujo ritmo “cabe” em 30 fps. 

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E que ritmo. A história, os desdobramentos e as possibilidades do game encantam – e terminam num desfecho instigante, que fica na cabeça por um bom tempo. Starfield já nasce clássico, é uma obra-prima da Bethesda. Também é uma demonstração de força da Microsoft, e um sopro de vida para o Xbox – que finalmente volta a ganhar um blockbuster exclusivo. 

Starfield estará disponível a partir da próxima quarta-feira, dia 6 (a versão “premium”, que inclui alguns itens cosméticos a mais, será liberada antes, hoje à noite).

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A difícil tarefa de sermos pais dos nossos pais⁠

É muito provável que, algum dia, tenham ensinado a você que, no futuro, você teria a sua própria família para cuidar, certo?

Mas, o que nem sempre nos falam é que, muitas vezes, também teremos de cuidar dos nossos pais.

As pessoas que nos dão a vida envelhecem e, assim, necessitam de mais atenção. Precisam de ajuda para tomar um medicamento, ir a uma consulta médica, fazer compras no mercado, limpar a casa, entre outras coisas. Então, os papéis se invertem.

Quando esse momento chega, é importante que o filho saiba o jeito certo de lidar com os pais idosos, coisa que não nos é ensinada durante a vida. Não é fácil enfrentar a tarefa de sermos “pais” dos nossos pais, mas não é impossível.

Inclusive, com o envelhecimento populacional e muitas pessoas deixando para ter filhos mais tarde, criou-se um termo específico para isso. Trata-se da “geração sanduíche”, termo que abrange quem cuida, ao mesmo tempo, de pais idosos, dos próprios filhos e, às vezes, até mesmo dos netos.

+ Leia também: Estudo revela impacto da pandemia sobre cuidadores não profissionais

Como cuidar de idosos

Em um primeiro momento, é importante verificar se há mais pessoas que possam ajudar nessa tarefa, seja algum familiar, amigo, ou até mesmo um profissional da saúde, do SUS ou hospital particular.

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O suporte pode ser financeiro, emocional ou até mesmo uma rede de apoio para ajudar em outras atividades, como ficar com o idoso enquanto você resolve algum problema pessoal.

Converse no seu trabalho e explique a situação, já que você terá que se ausentar algumas vezes para ser acompanhante em locais como médicos, fisioterapeutas ou farmácias.

Também é importante que você entenda sobre os problemas de saúde que a pessoa pode vir a apresentar, como os sintomas e possíveis tratamentos.

Além disso, não se esqueça de que o idoso a ser cuidado já possui seus próprios hábitos! Então, ele não precisa ser educado novamente e nem reaprender nada (salvo em casos de Alzheimer).

Apenas tenha calma e paciência, já que, neste momento, é provável que o idoso esteja executando as ações diárias um pouco mais lentamente.

Recompensas a longo prazo

Tornar-se cuidador é um ato também de amor e gratidão por todos os anos em que os pais cuidaram de nós.

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Por mais que seja uma tarefa desafiadora, é importante lembrar que eles também fizeram isso por nós. Foram noites em claro quando estávamos adoecidos, preparo de alimentação, cuidados médicos e de higiene, entre tantas outras coisas.

Retribuir tudo o que eles fizeram é uma recompensa que pode ser observada a curto, médio e longo prazo, mesmo que venha junto do cansaço.

Por isso, busque ter maior apoio nesta caminhada para não ficar tão sobrecarregado e encontre formas de apreciarem, juntos, essa jornada!

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quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Amplitude térmica: mudança brusca de temperatura faz mal à saúde

Recentemente, cidades como São Paulo e Rio de Janeiro viveram altas temperaturas, seguidas por dias de frio mais intenso. Para esta semana, que começou com um clima mais ameno, a previsão é de que os termômetros voltem a subir.

Essas variações podem comprometer a saúde, especialmente quando acontecem no mesmo dia  — neste caso, o fenômeno é conhecido como amplitude térmica.

O bom funcionamento do corpo humano depende de diversos mecanismos associados ao equilíbrio. Um deles diz respeito à nossa temperatura corporal.

Quando somos submetidos a mudanças bruscas, o organismo intensifica um processo chamado termorregulação, com o objetivo de manter essa harmonia interna.

O trabalho extra, somado às características climáticas, pode levar à queda da imunidade e ao surgimento de sintomas respiratórios, principalmente em pessoas mais vulneráveis como crianças, idosos e pacientes com doenças crônicas e inflamatórias.

+ Leia também: Com mundo mais quente, aumenta o impacto das mudanças climáticas na saúde

Defesas abaladas

O sistema imunológico nos defende contra diferentes micro-organismos que causam infecções, como vírus e bactérias, além de estar atento às células que prejudicam o corpo humano, como aquelas relacionadas ao câncer.

Oscilações térmicas exageradas também fazem com que o sistema imune tenha que agir para manter o equilíbrio.

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Esse “gasto” leva a uma queda na imunidade, como explica a médica infectologista Raquel Muarrek, da Rede D’Or.

“As pessoas podem apresentar quadros clínicos, principalmente respiratórios. E o fato de ficarmos mais em ambientes fechados nessa época do ano favorece esse risco, pela baixa circulação do ar”, diz a médica.

Nesse contexto, é comum o aumento de casos de sinusite, gripes e resfriados, além do agravamento de condições como rinite alérgica, asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

+ Leia também: Como consumir mais vegetais no inverno

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Especialistas recomendam evitar ao máximo a exposição ao choque térmicoFoto: Tomaz Silva/Agência Brasil/Divulgação

Porta de entrada para infecções

Além do impacto sistêmico, a alternância climática repentina provoca abalos locais.

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Vejamos o nariz. O órgão é capaz de se adaptar a condições climáticas diversas, como o calor de um deserto ou o frio de uma região montanhosa, por exemplo. No entanto, nos tempos atuais, a situação muda.

“Dias de muita oscilação, em que temos a combinação de temperaturas elevadas, baixa umidade do ar, fuligem e poluição atrapalham muito nosso sistema respiratório, porque o nariz fica mais ressecado”, afirma o médico otorrinolaringologista Mohamad Saada, da Clínica Respirar.

O catarro, também chamado de muco ou secreção, é uma das formas de proteção do organismo (entenda mais aqui). Com a situação, ele muda de consistência e pode perder parte da sua eficácia.

“Com isso, ficamos mais suscetíveis a quadros virais, alérgicos e até bacterianos”, pontua Saada.

+ Leia também: Onda de frio: a alimentação ajuda a afastar infecções respiratórias?

Rinite ou sinusite: entenda as diferenças

Sinusite e rinite estão entre os incômodos mais frequentes associados à amplitude térmica. Elas são parecidas, contudo, afetam estruturas diferentes do trato respiratório.

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A sinusite é uma inflamação dos seios nasais, cavidades internas localizadas próximas ao nariz. O problema, que pode ser causado por infecções virais ou bacterianas, provoca dor de cabeça e na região da face, congestão nasal e febre.

O cuidado inclui a administração de medicamentos, de acordo com a origem do quadro, com destaque para antibióticos, no caso de agentes bacterianos.

No estado de São Paulo, houve um aumento de mais de 90% dos atendimentos por sinusite entre janeiro e junho. O levantamento da Secretaria de Estado de Saúde considerou unidades públicas de saúde e equipamentos privados vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Nesse período, foram registradas 698 internações e notificados 51.154 atendimentos ambulatoriais. Considerando o mesmo período de 2022, foram 615 hospitalizações e 26.124 atendimentos.

No caso da rinite, a inflamação atinge a mucosa do nariz. Os sinais mais comuns são coceira no nariz, na garganta, no céu da boca e nos olhos. A região também pode apresentar sintomas como ardência e vermelhidão. As crises tendem a ser acompanhadas por espirros em sequência e obstrução nasal.

As causas são basicamente as mesmas — incluem infecções virais, bacterianas e reação alérgica. O tratamento inclui o uso de medicamentos e higienização nasal com soro fisiológico, como explica o otorrinolaringologista Marcel Menon, professor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

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A lavagem diária do nariz, aliás, é indicada também para prevenir esses quadros.

“Com baixo volume de líquidos, ela pode ser feita com spray mirando a parte lateral do órgão. A única recomendação é não apertar o jato no septo, a parede que divide o lado esquerdo e direito do nariz, pois há risco de sangramento. Já o processo com alto volume deve ser aplicado com baixa pressão, sem apertar o aplicador com muita força”, explica Menon.

Como reage o coração

De acordo com o Instituto Nacional de Cardiologia, a redução brusca das temperaturas durante o inverno aumenta em 30% os riscos de problemas cardiovasculares.

Isso acontece devido ao esforço extra do coração para regular a temperatura corporal e manter o equilíbrio. Com a contração dos vasos sanguíneos, há um aumento da pressão, que ajuda a evitar a perda de calor excessiva.

Embora seja um mecanismo natural, a chamada vasoconstrição pode levar a encrencas como infarto, dor no peito e, em casos graves, a morte súbita.

Lembrando que o calor excessivo também é perigoso para quem já tem a saúde abalada.

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Como se proteger

Com o objetivo de reduzir os riscos, a infectologista Raquel Muarrek recomenda evitar ao máximo a exposição ao choque térmico.

Para isso, vale sair de casa preparado para o “efeito cebola”, ou seja, com agasalhos e peças de roupa que podem ser retiradas ao longo do dia, de acordo com o aumento da temperatura. O cuidado também é válido ao entrar e sair de locais que utilizam ar condicionado.

É bom também dar uma mão ao sistema imune com seus principais aliados: bom sono, alimentação saudável e prática regular de exercícios físicos.

A formação da imunidade depende de uma série de reações bioquímicas associadas a nutrientes como vitaminas e minerais. Quanto mais coloridas forem as refeições ao longo do dia, maiores são as chances de fortalecimento das nossas defesas.

Alimentos como verduras, frutas e legumes costumam ser boas fontes de fibras e outras substâncias benéficas. Já os itens de origem animal fornecem proteínas e grande parte das vitaminas e minerais.

Igualmente importante é manter o acompanhamento médico em dia, especialmente quando já há a presença de alguma doença crônica, como a diabetes e a hipertensão.

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A dieta planeterrânea

Entre os preceitos dos povos que vivem às margens do mar que banha o sul da Europa, o norte da África e um pedaço do Oriente Médio, um dos mais célebres é propagar receitas de geração em geração, compartilhando e perpetuando sabores e tradições.

Espalhar saberes oriundos daquela região, desta vez aos quatro cantos do globo, é também o que permeia o projeto Planeterrânea, concebido pela cátedra Unesco de Educação para a Saúde e Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Nápoles Federico II, na Itália.

O propósito dos seus mentores é exportar ideias e benesses colhidas com a dieta mediterrânea, cardápio que, com frequência, é eleito, com base em condecorações científicas, o mais proveitoso ao bem-estar. “Ele já é associado a menor risco de obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer”, sintetiza a nutricionista Claudia Vetrani, uma das autoras do programa.

Sinônimo de plano alimentar ideal, o menu mediterrâneo junta o colorido de frutas vermelhas, figos, uvas, berinjelas, tomates e favas ao perfume de manjericões e sálvias, passando pela crocância de nozes e grãos integrais, pela consistência do iogurte e pelo gostinho dos pescados, tudo regado a azeite de oliva extravirgem e dentro do devido equilíbrio.

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Clique para ampliarIlustração: Éber Evangelista/SAÚDE é Vital

Adaptando o padrão mediterrâneo

Quem vive em nações como Itália, Espanha, Grécia, Líbano e Tunísia, entre outras agraciadas pelas ondas daquele mar, tem à mão esses ingredientes frescos.

Aqui, deste lado do oceano, feiras livres e hortifrútis podem até exibi-los, mas nem sempre eles são acessíveis ou caem nas graças da família.

Para transpor obstáculos sociais e culturais, a equipe responsável pela Planeterrânea dediciu utilizar o menu original como inspiração para outros cantos do mundo, mas dando a liberdade de se valer de itens e temperos locais, com propriedades nutricionais semelhantes às da dieta exemplar.

Sim, a ideia é adaptar a mediterrânea.

Com esse objetivo em vista, os estudiosos italianos se debruçaram em centenas de artigos, coletaram informações sobre comidas típicas e entrevistaram nativos a respeito de hábitos e preferências em cinco continentes: América do Norte, América Latina, África, Ásia e Oceania.

O resultado desse esforço, publicado no periódico Frontiers in Nutrition, é uma carta de navegação para tornar os princípios da festejada dieta parte do cotidiano de brasileiros, australianos, sul-africanos e grande elenco.

E já ganha fãs por aqui. “A Planeterrânea estimula escolhas locais, respeita tradições e se adéqua às questões de sustentabilidade”, avalia a nutricionista Carolina Pimentel, doutora em ciências pela Universidade de São Paulo (USP).

Na prática, a ideia é levada a cabo com a criação de pirâmides alimentares idealizadas para cada uma das cinco regiões contempladas no projeto.

O lema é democratizar sem padronizar, preservar a saúde dos comensais e poupar o planeta. “A dieta mediterrânea original preza muito o respeito pela biodiversidade, incentivando a sazonalidade no consumo de vegetais e pescados”, nota a nutricionista Lara Natacci, colunista de VEJA SAÚDE.

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+ Leia também: Comida de época: por que respeitar a sazonalidade dos alimentos

Nesse sentido, não se trata de apenas um cardápio, mas de estilo de vida. “Ele envolve cuidados com o ambiente, a celebração da cultura e a promoção de atividade física, lazer, descanso e interações sociais”, resume a nutricionista Juliana Watanabe, que mora na Espanha e vivencia os ensinamentos de perto.

A dieta mediterrânea tem estofo e história, a ponto de ser considerada Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco. “Suas origens remontam aos padrões da antiga tradição romana, que, por sua vez, se baseia no modelo grego. Nele, trigo, vinho e azeite de oliva eram considerados símbolos da agricultura, da vida rural e cultural e da espiritualidade”, conta Juliana, que tem mestrado sobre esse padrão alimentar pela Universidade Internacional de Valência, em solo espanhol.

É, portanto, um precioso legado dos povos que se desenvolveram na bacia fértil do velho mar.

Nem tudo, claro, é unanimidade em meio às prescrições históricas. O vinho é considerado o personagem mais controverso do menu. Embora integre a mesa das comunidades mediterrâneas, de acordo com recomendações internacionais, não existe consumo seguro de álcool.

Tamanha apreensão se dá porque há indivíduos suscetíveis ao alcoolismo, entre outras mazelas físicas e mentais.

As taças costumam ser liberadas, caso a caso, junto às refeições, de preferência em ocasiões especiais — com parcimônia e se não houver contraindicações. Para aqueles que não se enquadram nesse perfil, é melhor obter as substâncias protetoras da uva por meio do suco integral.

Como não dá para copiar ipsis litteris o modelo do outro lado do Atlântico, a turma da Planeterrânea advoga adequá-lo de acordo com a realidade geográfica, econômica e social. “É desejável que cada país redescubra suas heranças para desenvolver um padrão saudável baseado em comidas tradicionais e locais, preservando sua identidade, a comunidade e o meio ambiente”, sugere Claudia.

Profissionais de saúde vêm assinando embaixo. “Esse projeto pode se tornar uma ferramenta para resgatar e renovar a alimentação em diferentes lugares”, elogia a nutricionista Denise Kunitake Maeno, de São Paulo.

Um dos alimentos preconizados para a pirâmide asiática, por exemplo, é a soja. “Ela faz parte do cardápio de países de tradição budista, que privilegiam o consumo de proteínas vegetais”, comenta Denise, que passou uma temporada de estudos no Japão.

Por lá, a leguminosa aparece em diversas roupagens, em grãos cozidos, em preparações fermentadas como o missô e o nattô e, ainda, sob a forma de tofu, uma espécie de queijo.

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Clique para ampliarIlustração: Éber Evangelista/SAÚDE é Vital
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Aliás, a soja é matéria-prima de um óleo popular aqui no Brasil, e que pode entrar no lugar do azeite de oliva no dia a dia. Bom exemplo da ideia de flexibilizar as escolhas sem perder a essência nutricional. “O preço de determinados ingredientes tende a ser um empecilho para a adesão à dieta mediterrânea”, diz a nutricionista Amália Almeida Bastos, da Faculdade de Saúde Pública da USP.

E, aí, basta comparar o preço do óleo que vem da oliva com o que procede da soja no mercado. Embora o Brasil produza azeite de excelente qualidade, ainda não há quantidade suficiente para suprir a demanda. Assim, ele precisa vir de fora, numa operação de custos salgados.

Conhecido como “ouro líquido”, apelido dado por Homero, poeta grego que teria vivido entre os séculos 8 e 9 a.C, para muitos o alimento vindo da oliveira é a estrela maior da dieta do Mediterrâneo.

O extravirgem — que é o puro suco da azeitona — presenteia o organismo com um arranjo harmonioso de ácidos graxos, isto é, de partículas de gordura, sendo a maior parte de monoinsaturados, associados à saúde das artérias.

Sem contar a bela concentração de antioxidantes. Coroando toda essa riqueza, esbanja sabor e aroma e transforma uma singela salada de folhas em um primor.

Diante de tantos predicados, parece difícil competir, mas análises asseguram que tanto o óleo de soja quanto o de canola apresentam uma mistura adequada de ácidos graxos. Então, se não der para ser sempre azeite, tudo bem…

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Por falar em gordura, ao que tudo indica, foi a proporção no consumo desse nutriente que deu pistas sobre os benefícios do menu mediterrâneo.

Acredita-se que os atributos do modelo começaram a ser notados na década de 1950 por um fisiologista americano, Ancel Keys (1904-2004), que, pelo tempo que viveu, deve ter seguido à risca os aprendizados.

Um dos trabalhos do cientista longevo revelou maior proteção cardiovascular entre gregos, espanhóis, italianos e franceses que viviam ao sul de seus países. E uma das hipóteses levantadas por Keys foi justamente a ingestão de maior quantidade de gordura monoinsaturada, em detrimento da saturada, aquela de carnes, laticínios e outros itens de origem animal.

Décadas de pesquisas têm mostrado que o excesso de ácidos graxos saturados financia o aumento das taxas de LDL, o colesterol ruim.

Também há evidências de que exageros sirvam de estopim para inflamações, numa cascata de efeitos que machuca os vasos e pode obstruir a passagem do sangue.

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Os próprios mediterrâneos provam que não é preciso abolir as fontes de gordura saturada do cotidiano — até porque existem versões mais esbeltas dos produtos no mercado.

Mas o que seria do espaguete ao sugo dos italianos sem o parmesão ralado no final? Ou dos gregos sem aquele iogurte cremoso no café da manhã? Nem só de nutrientes se vive, convenhamos. E o prazer à mesa é uma das receitas desses povos.

Como a civilização mediterrânea se moldou em meio às oliveiras, o azeite emergiu como o maior fornecedor de gorduras ali, mas ele, obviamente, tem companhia nessa função. Nozes, amêndoas e toda a sorte de nuts também são deliciosas provedoras de ácidos graxos.

Se por lá sobram opções, por aqui temos as nossas. “Que tal alternar a castanha-do-brasil e a castanha-de-caju, além do amendoim?”, sugere Lara, que concluiu seu pós-doutorado na Faculdade de Saúde Pública da USP sobre o elo entre alimentação e saúde mental e pretende adaptar a dieta mediterrânea às cores tupiniquins.

No terreno das oleaginosas, cabe notar que todas oferecem um punhado de vitaminas, sais minerais e, para completar, incrementam as refeições com pequenas porções de proteína.

Séculos antes de termos como plant-based ou flexitarianismo darem as caras, os mediterrâneos já convidavam para a mesa menos carne vermelha e mais fontes de proteína vegetal. Hoje, rebatizado, esse modelo desponta como aliado do corpo e do planeta.

Nas últimas versões das pirâmides nutricionais — um símbolo que baliza as melhores escolhas no prato —, ganhou relevância a questão da sustentabilidade. Hoje as representações trazem ícones sobre o impacto ambiental de cada um dos grupos alimentares colocados.

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E pedem atenção à sazonalidade, muito embora os antigos já se valessem dessa premissa. O recado é atual: itens de época tendem a ser cultivados com menor quantidade de pesticidas e fertilizantes. São saborosos e nutritivos, já que saem do pé na hora certa.

Além de frutas, verduras e legumes, defende-se respeitar a sazonalidade inclusive em relação aos pescados. A atitude tem tudo a ver com a reprodução e o tamanho das espécies. Não só colabora para a fauna aquática como é garantia de peixe fresco.

Aliás, o que é sazonal costuma ter melhor preço — outro argumento em prol da democratização das propostas mediterrâneas. Apesar do tamanho da nossa costa e da quantidade de rios dentro do país, o brasileiro, em geral, come pouco pescado. “Um dos motivos é o alto custo”, repara a nutricionista Maísa Mota Antunes, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Privilegiar o que é produzido localmente é sugestão reforçada no projeto Planeterrânea. Esses alimentos não precisam viajar muito para chegar ao consumidor, reduzindo desperdícios na cadeia de produção. E, quanto menor a distância, menos emissão de carbono e de outros poluentes.

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Juliana Watanabe conta que, em alguns supermercados da Espanha, no setor de hortifrúti, há avisos sobre produtos cultivados nas imediações. “São identificados como KM zero”, detalha. A proximidade promove a valorização do que é regional e dá um chega pra lá na monotonia alimentar. Atualmente, devido ao fenômeno da globalização da dieta, muita gente come sempre a mesma coisa.

Em passeio pelo Mato Grosso, a professora Maísa se surpreendeu em um rodízio só de pescados, preparados de tudo quanto é jeito. “Saboreei pintado, pirarucu, pacu, mas o melhor foi a piraputanga, espécie de que nunca tinha ouvido falar”, relata.

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É um aperitivo do potencial brasileiro. Com a maior biodiversidade do mundo, não temos desculpa para deixar de ampliar o cardápio. A lista de escolhas nativas é enorme — dentro e fora da água.

Abacaxi, cacau, cupuaçu, goiaba, guaraná, jabuticaba, maracujá, pequi e umbu são só algumas das frutas lotadas de substâncias que resguardam nossas células e ajudam a reduzir o risco de males associados ao envelhecimento. Sem contar as plantas alimentícias não convencionais, as PANC, caso de taioba, ora-pro-nóbis e beldroega.

No modelo da Planeterrânea, a pirâmide da América Latina traz o açaí como um dos representantes do Brasil.

E veja só: o suco feito com o frutinho amazônico possui 33 vezes mais antocianinas, um tipo de antioxidante, do que o vinho. “Mas a forma como ele é consumido em várias partes do país é bem diferente da Região Norte, berço da espécie”, observa a nutricionista Adélia da Costa Arruda Neta, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Pois é, digamos que a tradição não vê com bons olhos um pote de açaí cheio de leite condensado. O modo de preparo pode pôr as virtudes a perder.

E, quem diria, o puxão de orelha vale até para a população mediterrânea dos dias atuais, que, encantada com a praticidade, em meio à correria tem recorrido cada vez mas a produtos prontos industrializados.

Juliana, que também é chef, constatou em seu mestrado na Espanha que as habilidades culinárias colaboram para a adesão ao modelo mediterrâneo.

O processo envolve desde o planejamento das compras, passando pela seleção de itens na gôndola do mercado ou na banca da feira, até a confecção das receitas.

Na cozinha a mágica acontece.Vale até botar a criançada para participar. “Quanto mais cedo ocorre o aprendizado, mais chance de os hábitos se enraizarem”, afirma Adélia.

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Como você deve se lembrar, a convivência e as trocas entre as gerações estão entre os pilares do estilo de vida mediterrâneo. Tudo temperado com a alegria típica daqueles povos. Vai dizer que não vale importar e nacionalizar essas ideias?

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Clique para ampliarIlustração: Éber Evangelista/SAÚDE é Vital

Para todo mundo

Na dieta planeterrânea, há adaptações para diversas culturas. Veja exemplos:

África: pela extensão do continente, existem distinções entre as regiões. Na pirâmide elaborada, destaca-se o teff, um grão rico em fibras, proteínas e cálcio.

América Latina: um dos ingredientes que aparecem no menu é a quinoa, que, além de carboidrato, fornece fibras. O abacate, fonte de gordura boa, também marca presença.

América do Norte: o óleo de canola entra no lugar do azeite. Os cientistas recomendam ainda maior consumo de leguminosas, sobretudo de feijão, valorizado nos EUA.

Oceania: na Austrália, a macadâmia pede passagem por fornecer gorduras saudáveis. Frutas como ameixa e certos tipos de pimenta dão
o ar da graça.

Colheita de benefícios

Pesquisas ligam a dieta mediterrânea a menor risco de várias encrencas.

Obesidade: Tanto o equilíbrio das porções quanto a variedade de opções do cardápio (com direito a muita hortaliça) favorecem o controle do peso.

Diabetes: O mix de ingredientes, sobretudo as fibras vindas de frutas, verduras e grãos integrais, ajuda a afastar e frear o diabetes tipo 2.

Coração: Um dos benefícios mais celebrados é o controle dos níveis de colesterol na corrente sanguínea e a proteção das artérias e do peito.

Câncer: Há evidências de que aderir ao cardápio rico em fitoquímicos protetores diminua a propensão a câncer de mama e de intestino.

Cérebro: Graças à grande oferta de antioxidantes, a massa cinzenta é defendida de males como AVC e Alzheimer.

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A difícil arte de perdoar

Vinicius de Moraes disse, no clássico “Água de beber”, composto em parceria com Tom Jobim, nunca ter feito coisa tão certa quanto entrar para a escola do perdão.

Pensar o perdão como uma atividade que marca uma escola é propor o perdão como algo a ser aprendido. Essa ideia pode ser de extrema utilidade, sobretudo – e isso talvez o poetinha não vislumbrasse – em um país tão cindido e extremado.

No Brasil, já há algum tempo, ouvimos falar dos inúmeros casos de famílias divididas pela política, das manifestações agressivas e da intolerância que se abateu sobre a vida social. Atravessamos tempos de relações despedaçadas e convivências interrompidas.

O ressentimento é a marca de um cenário que, para muita gente, ainda não apresenta um horizonte passível de reparação.

O perdão, nesse contexto, se apresenta como um problema complexo, pois provoca conflitos internos nas mentes e corações das pessoas, além de toda ordem de cobranças morais e religiosas.

O perdão talvez seja um dos artifícios civilizatórios mais antigos que existem. Enquanto habilidade de convívio, é anterior às religiões e à artimanha da culpa imperdoável pelo pecado original.

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Perdoar é uma arte de aperfeiçoamento da nossa humanidade. Quando exercida, eleva espiritualmente tanto aquele que concede o perdão quanto aquele que é perdoado.

Ela expande a nossa capacidade de simbolização com as frustrações da vida, assim como em relação às nossas faltas com os outros e as faltas dos outros para conosco.

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Além de tudo isso, alguns autores vêm ressaltando uma espécie de efeito terapêutico que a arte de perdoar exerce sobre nós, reduzindo o estresse, auxiliando na regulação da pressão arterial, atuando na melhoria da qualidade do sono e favorecendo sentimentos positivos de paz e felicidade.

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Mas, diante dos acontecimentos que testemunhamos nos últimos anos em nosso país, o conhecimento de todos os benefícios que o perdão propicia parecem insuficientes para convencer muita gente a se lançar neste trabalho tão profundo, propondo questionar se existiria, ou não, um limite para o perdão.

Seria possível, por exemplo, perdoar a barbárie e o nazismo?

Em livro recentemente lançado, intitulado Perdoar, uma loucura do impossível (7 Letras), o psicanalista Victor Maia discorre sobre a temática elencando os obstáculos para a concessão do perdão.

Em certa passagem, o autor lembra que para o filósofo Vladimir Jankélévitch não se pode perdoar aquilo que interrompe a história. Não se pode “deixar para lá” ou esquecer certas coisas.

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O perdão não é sinônimo de esquecimento, mas justamente o seu contrário. Ele só pode ser concedido mediante a lembrança do erro, à atualização, no presente, daquele mal do passado.

E não há o que perdoar quando o que está em jogo é aquilo que Hannah Arendt chamou da irreversibilidade do mal. Ou seja, diante daquilo que é da ordem do inominável, que extingue a história, que aniquila a dimensão humana da existência. Políticas de extermínio de povos ou mesmo de negligência com a vida se enquadram neste caso.

São exemplos disso o holocausto, a suspeita de genocídio de povos indígenas que pesa sobre o Brasil e, até mesmo, poderíamos dizer, o descaso e o deboche com os cuidados relativos à saúde durante a pandemia.

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Talvez um dos grandes desafios para a reparação de parte das relações abaladas pela sanha odienta dos últimos anos teria sido convencer aqueles que financiaram a barbárie a pedir perdão.

Tarefa impossível, posto que uma das marcas do radicalismo é a incapacidade de considerar a dignidade daquele que é tachado como diferente. O processo do perdão, e de seu pedido é, por outro lado, uma abertura total à alteridade.

A certeza, ou a promessa, de que não repetiremos os erros do passado pode ser o primeiro caminho para o perdão. Neste sentido, do ponto de vista social, o clamor da massa que grita não à anistia não se dá por vingança, mas por reparação histórica: o esforço de barrar a repetição do mal.

Mas e do ponto de vista das relações pessoais?

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A reparação das relações fraternas e familiares nunca esteve tão dependente da nossa capacidade de reparação histórico-institucional, tão ameaçada pelo radicalismo financiado que opera sub-repticiamente. Mas também depende daquilo que cada um de nós vai conseguir extrair do que Vinícius de Moraes poeticamente nomeou como a escola do perdão.

Ou seja, a difícil arte de transitar pelos nossos limites morais e humanos para criar sentidos de continuidade entre o tolerável e o intolerável, o crucial e o trivial, o principal e o acessório.

Quando o que está em jogo são as nossas relações pessoais, vale sempre lembrar que a história só existe porque existe o perdão.

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terça-feira, 29 de agosto de 2023

Fumar na adolescência está associado a menor massa cinzenta do cérebro, diz estudo

Que fumar não é exatamente sinônimo de hábito saudável, você já tá cansado de saber. Há inúmeras as pesquisas sobre as consequências da nicotina e outros compostos ao organismo. A mais recente foi publicada no periódico Nature, no último dia 15: pesquisadores descobriram que o hábito de fumar pode diminuir a massa cinzenta do cérebro em adolescentes.

Antes de entrar em detalhes da pesquisa, vamos a uma rápida explicação. A massa cinzenta do cérebro é a parte onde fica concentrada a maior parte dos neurônios. É nessa região que fica o córtex cerebral – basicamente o centro de operações do corpo –, responsável por controlar nossa capacidade de linguagem, pensamento, memória e percepção. Provavelmente, é essa a região que o famoso detetive belga Hercule Poirot (personagem dos mistérios de Agatha Christie) se vangloria tanto de ter, e que o ajuda a resolver os crimes.

A equipe de cientistas descobriu que quanto mais cedo começa o consumo de tabaco em adolescentes, maiores podem ser os efeitos na tomada de decisão e autocontrole quando adultos. Isso porque essas são capacidades que dizem respeito exatamente à parte cinzenta de nosso cérebro.

Liderados pelo pesquisador de bioinformática Tianye Jia, da Universidade Fudan (China), e pelo neurocientista cognitivo Shitong Xiang, os cientistas compararam imagens de ressonância magnética de mais ou menos 800 pessoas, espalhados por países como Alemanha, França, Reino Unido e Irlanda.

Junto à análise, os voluntários responderam a questionários sobre seus traços de personalidade, de forma que os cientistas pudessem observar como o hábito de fumar influenciou a vida dessas pessoas ao longo dos anos. Depois, os resultados dos fumantes que começaram a fumar com 14, 19 e 23 anos foram comparados aos não fumantes. 

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Aqueles que começaram a fumar aos 14 anos apresentaram menos massa cinzenta na região do córtex pré-frontal ventromedial esquerdo. Essa é uma das partes do córtex ligada ao controle de emoções, na tomada de decisões e também ao prazer. 

A psiquiatra Barbara Sahakian, da Universidade de Cambridge, é uma das pesquisadoras do estudo e explica: “O córtex pré-frontal ventromedial é uma região-chave para a dopamina, o neurotransmissor do prazer no cérebro. Além de ter um papel em experiências gratificantes, a dopamina também é conhecida por afetar o autocontrole.”

Os questionários aplicados ajudaram os cientistas a fazer essa correlação. Aqueles que apresentaram menos matéria cinzenta no córtex pré-frontal direito, por exemplo, foram justamente aqueles que tinham maior tendência a procurar e experimentar novas sensações. Já o lado esquerdo indicava uma maior disposição a assumir riscos. A junção de ambos pode fazer exatamente com que a vontade de fumar dos adolescentes aumente.

Parte dos voluntários estudados havia começado a fumar aos 19 anos. Essas pessoas já apresentavam menos massa cinzenta no córtex pré-frontal esquerdo antes de começarem a fumar. Já o lado direito dessas pessoas era igual ao dos não fumantes, até começarem o hábito. Os pesquisadores acreditam que a redução do lóbulo frontal esquerdo pode indicar uma tendência prévia ao vício. Por enquanto, é possível apontar a correlação (mas não a causalidade) entre o tabagismo na adolescência e redução de massa cinzenta.

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“O tabagismo é talvez o comportamento viciante mais comum no mundo, e uma das principais causas de mortalidade em adultos. O início do hábito de fumar é mais provável de ocorrer durante a adolescência. Qualquer maneira de detectar uma maior probabilidade disso, para que possamos direcionar intervenções, poderia ajudar a salvar milhões de vidas”, diz o psicólogo e um dos pesquisadores, Trevor Robbins.

Segundo dados da OMS, nove em cada dez pessoas começam a fumar antes de completarem 18 anos. E com os resultados obtidos no novo estudo, os pesquisadores pretendem descobrir se os efeitos ao cérebro também acontecem para os que utilizam o vape, o famoso cigarro eletrônico. Com a falta de regulação no país, o consumo de vape no país triplicou entre os anos de 2018 e 2022. 

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Os perigos do tabagismo na adolescência

Em 29 de agosto é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, como forma de chamar a atenção para os prejuízos do tabagismo. E esse é também um assunto dos pediatras.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 38 milhões de crianças, de 13 a 15 anos, consomem tabaco. Mas existe um outro grande vilão que já faz parte da vida de muitos adolescentes e que já está preocupando os especialistas.

Um crescente números de jovens tem feito uso dos e-cigarros, também conhecidos como vape ou cigarro eletrônico.

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Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatra (SBP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), o uso do dispositivo em qualquer faixa etária traz graves prejuízos para a saúde individual e coletiva.

O cigarro eletrônico traz em sua composição altos índices de nicotina e de outras substâncias nocivas que podem gerar doenças cardiovasculares e pulmonares, dependência química e, em casos mais graves, levar à morte.

A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) emitiu alertas sobre como o hábito de usar esses produtos desencadeia sintomas agudos, como tosse, falta de ar, dor no peito, náusea, vômito, diarreia; febre e calafrio podendo evoluir para um quadro de pneumonia.

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O cigarro eletrônico contém uma solução líquida que é vaporizada, para depois ser inalada. Além da nicotina e de outros compostos químicos, pode conter extratos de ervas ou outros tipos de saborizantes, que incentivam o uso entre os jovens.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) realizada em 2019, sobre a saúde de adolescentes de 13 a 17 anos de idade matriculados nas redes pública e privada, 22,6% dos estudantes nessa faixa etária já experimentaram cigarro pelo menos uma vez; 26,9% usaram o narguilé e 16,8% o cigarro eletrônico.

O material ainda mostra que adolescentes que fumam narguilé ou cigarro eletrônico têm quatro vezes mais chances de consumirem cigarro de tabaco no futuro.

O tabagismo é considerado um dos maiores problemas de saúde pública, tamanho o impacto que o uso traz à saúde e à economia da sociedade.

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Por esse motivo, o acompanhamento e orientação vinda dos pais e das escolas são fundamentais para que os adolescentes não façam de algo que eles compreendem como “diversão”, um vício.

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