Recentemente, cidades como São Paulo e Rio de Janeiro viveram altas temperaturas, seguidas por dias de frio mais intenso. Para esta semana, que começou com um clima mais ameno, a previsão é de que os termômetros voltem a subir.
Essas variações podem comprometer a saúde, especialmente quando acontecem no mesmo dia — neste caso, o fenômeno é conhecido como amplitude térmica.
O bom funcionamento do corpo humano depende de diversos mecanismos associados ao equilíbrio. Um deles diz respeito à nossa temperatura corporal.
Quando somos submetidos a mudanças bruscas, o organismo intensifica um processo chamado termorregulação, com o objetivo de manter essa harmonia interna.
O trabalho extra, somado às características climáticas, pode levar à queda da imunidade e ao surgimento de sintomas respiratórios, principalmente em pessoas mais vulneráveis como crianças, idosos e pacientes com doenças crônicas e inflamatórias.
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Defesas abaladas
O sistema imunológico nos defende contra diferentes micro-organismos que causam infecções, como vírus e bactérias, além de estar atento às células que prejudicam o corpo humano, como aquelas relacionadas ao câncer.
Oscilações térmicas exageradas também fazem com que o sistema imune tenha que agir para manter o equilíbrio.
Esse “gasto” leva a uma queda na imunidade, como explica a médica infectologista Raquel Muarrek, da Rede D’Or.
“As pessoas podem apresentar quadros clínicos, principalmente respiratórios. E o fato de ficarmos mais em ambientes fechados nessa época do ano favorece esse risco, pela baixa circulação do ar”, diz a médica.
Nesse contexto, é comum o aumento de casos de sinusite, gripes e resfriados, além do agravamento de condições como rinite alérgica, asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
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Porta de entrada para infecções
Além do impacto sistêmico, a alternância climática repentina provoca abalos locais.
Vejamos o nariz. O órgão é capaz de se adaptar a condições climáticas diversas, como o calor de um deserto ou o frio de uma região montanhosa, por exemplo. No entanto, nos tempos atuais, a situação muda.
“Dias de muita oscilação, em que temos a combinação de temperaturas elevadas, baixa umidade do ar, fuligem e poluição atrapalham muito nosso sistema respiratório, porque o nariz fica mais ressecado”, afirma o médico otorrinolaringologista Mohamad Saada, da Clínica Respirar.
O catarro, também chamado de muco ou secreção, é uma das formas de proteção do organismo (entenda mais aqui). Com a situação, ele muda de consistência e pode perder parte da sua eficácia.
“Com isso, ficamos mais suscetíveis a quadros virais, alérgicos e até bacterianos”, pontua Saada.
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Rinite ou sinusite: entenda as diferenças
Sinusite e rinite estão entre os incômodos mais frequentes associados à amplitude térmica. Elas são parecidas, contudo, afetam estruturas diferentes do trato respiratório.
A sinusite é uma inflamação dos seios nasais, cavidades internas localizadas próximas ao nariz. O problema, que pode ser causado por infecções virais ou bacterianas, provoca dor de cabeça e na região da face, congestão nasal e febre.
O cuidado inclui a administração de medicamentos, de acordo com a origem do quadro, com destaque para antibióticos, no caso de agentes bacterianos.
No estado de São Paulo, houve um aumento de mais de 90% dos atendimentos por sinusite entre janeiro e junho. O levantamento da Secretaria de Estado de Saúde considerou unidades públicas de saúde e equipamentos privados vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Nesse período, foram registradas 698 internações e notificados 51.154 atendimentos ambulatoriais. Considerando o mesmo período de 2022, foram 615 hospitalizações e 26.124 atendimentos.
No caso da rinite, a inflamação atinge a mucosa do nariz. Os sinais mais comuns são coceira no nariz, na garganta, no céu da boca e nos olhos. A região também pode apresentar sintomas como ardência e vermelhidão. As crises tendem a ser acompanhadas por espirros em sequência e obstrução nasal.
As causas são basicamente as mesmas — incluem infecções virais, bacterianas e reação alérgica. O tratamento inclui o uso de medicamentos e higienização nasal com soro fisiológico, como explica o otorrinolaringologista Marcel Menon, professor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
A lavagem diária do nariz, aliás, é indicada também para prevenir esses quadros.
“Com baixo volume de líquidos, ela pode ser feita com spray mirando a parte lateral do órgão. A única recomendação é não apertar o jato no septo, a parede que divide o lado esquerdo e direito do nariz, pois há risco de sangramento. Já o processo com alto volume deve ser aplicado com baixa pressão, sem apertar o aplicador com muita força”, explica Menon.
Como reage o coração
De acordo com o Instituto Nacional de Cardiologia, a redução brusca das temperaturas durante o inverno aumenta em 30% os riscos de problemas cardiovasculares.
Isso acontece devido ao esforço extra do coração para regular a temperatura corporal e manter o equilíbrio. Com a contração dos vasos sanguíneos, há um aumento da pressão, que ajuda a evitar a perda de calor excessiva.
Embora seja um mecanismo natural, a chamada vasoconstrição pode levar a encrencas como infarto, dor no peito e, em casos graves, a morte súbita.
Lembrando que o calor excessivo também é perigoso para quem já tem a saúde abalada.
Como se proteger
Com o objetivo de reduzir os riscos, a infectologista Raquel Muarrek recomenda evitar ao máximo a exposição ao choque térmico.
Para isso, vale sair de casa preparado para o “efeito cebola”, ou seja, com agasalhos e peças de roupa que podem ser retiradas ao longo do dia, de acordo com o aumento da temperatura. O cuidado também é válido ao entrar e sair de locais que utilizam ar condicionado.
É bom também dar uma mão ao sistema imune com seus principais aliados: bom sono, alimentação saudável e prática regular de exercícios físicos.
A formação da imunidade depende de uma série de reações bioquímicas associadas a nutrientes como vitaminas e minerais. Quanto mais coloridas forem as refeições ao longo do dia, maiores são as chances de fortalecimento das nossas defesas.
Alimentos como verduras, frutas e legumes costumam ser boas fontes de fibras e outras substâncias benéficas. Já os itens de origem animal fornecem proteínas e grande parte das vitaminas e minerais.
Igualmente importante é manter o acompanhamento médico em dia, especialmente quando já há a presença de alguma doença crônica, como a diabetes e a hipertensão.
Amplitude térmica: mudança brusca de temperatura faz mal à saúde Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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