Muito se fala dos efeitos da semaglutida para doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade. E muito se fala do seu mau uso, com objetivos estéticos de perda de peso.
A insuficiência cardíaca é uma doença gravíssima, com prognóstico sombrio e alta taxa de mortalidade a médio prazo, comparável a diversos cânceres.
E se usássemos uma dose semanal de semaglutida em pessoas com obesidade e insuficiência cardíaca sem diabetes?
Esta foi a pergunta respondida pelo estudo STEP-HFpEF, apresentado no Congresso Europeu de Cardiologia (ESC), que acontece entre os dias 25 e 28 de agosto em Amsterdã, na Holanda.
O trabalho incluiu 529 pessoas com um tipo específico de insuficiência cardíaca chamada de “fração de ejeção preservada”. É uma versão relativamente comum em pessoas acima do peso e que representa 50% de todos os casos no mundo.
Nesta situação, o o coração tem uma capacidade menor de relaxar para receber o sangue oxigenado dos pulmões e em seguida bombeá-lo para o restante do corpo.
As pessoas incluídas no estudo tinham índice de massa corporal (IMC) médio de 37 kg/m2 e circunferência abdominal de 119cm.
Ao longo de um ano, aqueles que usaram semaglutida, na dose de 2.4mg aplicada por via subcutânea, em dose semanal, tiveram redução de 13,3% do peso corporal e melhora significativa da qualidade de vida.
Além disso, eles melhoraram sintomas relacionados à doença, como a queda na aptidão física. No teste de caminhada de 6 minutos, a distância percorrida aumentou em mais 21 metros (o que é um grande avanço neste cenário).
+ Leia também: Semaglutida reduz em 20% risco de eventos cardiovasculares graves
Os benefícios da semaglutida na insuficiência cardíaca certamente vão além dos 13% de perda de peso. Provavelmente, incluem redução do status pró-inflamatório destes indivíduos, melhora na pressão cardíaca, aumento da dilatação dos vasos sanguíneos, etc.
Este estudo mostra que a semaglutida e outros tratamentos anti-obesidade representam muito mais do que a redução estética do peso.
A obesidade pode trazer consequências gravíssimas e o seu devido controle é fundamental para prevenção e tratamento de muitas destas consequências, inclusive da insuficiência cardíaca.
Vale destacar que, no Brasil, temos apenas a semaglutida subcutânea na dose de 1mg semanal. A dosagem de 2.4 mg semanais foi aprovada em 2023, mas a comercialização ocorrerá apenas em 2024.
E, em nosso país, a aprovação formal pela Anvisa da dose de 1mg ainda é apenas para tratamento do diabetes tipo 2.
Semaglutida demonstra benefícios em pessoas com insuficiência cardíaca Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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