Pesquisas de opinião apontam frequentemente a saúde como prioridade na vida dos brasileiros, ao lado de quesitos como segurança, educação e estabilidade financeira.
Na última sondagem do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) sobre desejos para 2023, por exemplo, o item mais citado foi “investimentos em saúde” — por 23% dos entrevistados.
Todo mundo conhece o ditado “o seguro morreu de velho”. Na saúde, ele é ainda mais verdadeiro. No entanto, outros estudos revelam que a maior parte da população brasileira, não tem seguido à risca esta sabedoria popular e centenária.
Recentemente, realizamos um levantamento em quatro regiões metropolitanas do Brasil, com mais de três mil entrevistados, entre adultos, homens e mulheres, que identificou as diferenças no perfil de cuidado do brasileiro com a própria saúde.
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O malabarista
Após a análise das entrevistas, foram identificados seis perfis referentes à forma de se relacionar com a saúde: exigentes; motivados; simplistas; malabaristas; carentes e desinteressados.
São tipos que conseguimos reconhecer facilmente em alguém da nossa família, ou em nós mesmos.
Em primeiro lugar no ranking da pesquisa, com 23%, está o perfil malabarista: aquele para quem a saúde é importante, mas que não têm tempo de se cuidar.
Este grupo não prioriza exames ou consultas médicas regulares porque entende que a jornada de cuidado exige muita dedicação e é difícil de ser coordenada, além de desejar flexibilidade para que a saúde se adapte à sua rotina – e não o contrário. Se reconheceu?
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O agravante é que 61% dos malabaristas possuem alguma condição de saúde que pode levar a patologias mais graves.
Um grande alerta vermelho é que os cuidados não necessariamente aumentam mesmo com a presença de alguma doença crônica, como hipertensão, obesidade ou diabetes.
Entre muitos que estão nestes grupos, acompanhamento básico, com exames periódicos, não são prioridade. A falta de controle pode significar complicações sérias no médio e longo prazo.
Dos simplistas aos exigentes
Em segundo lugar (21%), está o grupo dos simplistas, que fazem apenas o que é “indolor” e descomplicado em relação à saúde e fogem dos acompanhamentos periódicos necessários.
Em seguida, estão os carentes (20%), que se submetem a poucos exames, mas se sentem mal e gostariam de adotar uma postura mais proativa em relação ao cuidado.
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Os desinteressados (16%), aparecem em quarto lugar e não realizam exames ou consultas periódicas antes de apresentarem sintomas relevantes
Motivados (12%) e exigentes (9%) são aqueles que melhor representam o ditado popular sobre o seguro. Eles fazem acompanhamento médico periódico, são proativos e exigentes em relação aos serviços de saúde, mas, infelizmente estão atrás no ranking.
Apenas 21% da amostra é disciplinada na rotina de exames e consultas, e sente satisfação em se cuidar. E esse protagonismo não tem a ver com alguma condição pré-existente de saúde, pois o principal foco desses dois grupos é a precaução e a longevidade.
Longe do ideal
Essas informações mostram como os brasileiros ainda têm um comportamento distante do ideal em relação à prevenção de doenças.
Mesmo habitantes de grandes metrópoles, com mais acesso a serviços médicos – inclusive com facilidades, como atendimento domiciliar – apresentam atitudes pouco saudáveis.
O melhor desfecho clínico de doenças depende da adoção de um estilo de vida saudável e do engajamento na conduta médica de tratamento e realização de exames periódicos, tema interessante para um próximo artigo.
Como diz um outro provérbio, “prudência não faz mal a ninguém”.
*Claudia Cohn é diretora executiva da Alta Diagnósticos.
Dia Nacional da Saúde: o seguro e a prudência Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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