A frequência de excesso de peso na população brasileira é de 57%, sendo maior entre homens (59,9%) do que em mulheres (55%). É o que mostram os dados da última pesquisa Vigitel. Nos últimos treze anos, houve aumento de mais de 72% no diagnóstico de obesidade no país.
As projeções são desastrosas, e os gastos, astronômicos. Em 2030, 68% da população deverá estar com excesso de peso e 26% com obesidade.
A condição está associada ao desenvolvimento de outras doenças crônicas não transmissíveis, como exemplo, diabetes tipo 2, 13 tipos de câncer, hipertensão arterial, problemas de respiração, apneia do sono, doenças cardiovasculares e até mesmo depressão.
De acordo com a pesquisa A Epidemia de Obesidade e as DCNT – Causas, custos e sobrecarga no SUS, em 2019, o gasto anual direto com doenças crônicas não transmissíveis foi de R$6,8 bilhões.
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Nela, os pesquisadores mostraram que 22% deste valor, ou seja, R$1,5 bilhão podem ser atribuíveis ao excesso de peso e obesidade. Os custos atribuíveis foram mais elevados nas mulheres (R$762 milhões) do que nos homens (R$730 milhões).
Segundo o Ministério da Saúde, a obesidade é influenciada por fatores biológicos e contextuais.
Por isso, são necessárias ações estruturantes e políticas públicas para promoção da saúde, implementação de medidas de prevenção do ganho de peso excessivo, diagnóstico precoce e cuidado adequado às pessoas com excesso de peso, bem como o estabelecimento de políticas intersetoriais e outras, que promovam ambientes e cidades saudáveis.
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Nova campanha em apoio a políticas públicas
Com o intuito de conscientizar a população de que o desenvolvimento da obesidade não se restringe ao sedentarismo e à alimentação inadequada, a Coalizão Vozes do Advocacy em Diabetes e Obesidade promove a campanha: Saúde é um direito e a obesidade precisa de tratamento integral.
A iniciativa reforça a importância do acompanhamento multidisciplinar e traz a questão da gordofobia, forma de discriminação que atinge muitas pessoas com obesidade no mundo todo.
Essa situação pode afetar negativamente a saúde mental e física das pessoas com obesidade, tornando mais difícil para elas controlarem seu peso e manterem hábitos saudáveis.
Esse preconceito pode ser configurado como crime em algumas circunstâncias, como injúria e difamação.
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Para ajudar no reconhecimento dos direitos da pessoa com obesidade e combater a gordofobia, a Campanha apoia a atualização do Projeto de Lei que cria o Estatuto da Obesidade.
O texto em tramitação promove inclusão, proteção à saúde e a direitos, tratamento adequado, combate ao preconceito, assistência social e trabalho.
Além disso, para ajudar a reverter este cenário, uma das políticas públicas que está em discussão é a reforma tributária, que inclui o aumento de tributos para alimentos ultraprocessados e diminuição dos impostos dos itens in natura.
Há ainda outras questões que podem ajudar na tarefa de reduzir a incidência da obesidade e promover melhor tratamento.
Entre elas, o aprimoramento do protocolo de obesidade do SUS com a inclusão de medicamentos, que ajudem a população a reduzir o peso; o combate à gordofobia; e a criação de políticas públicas que envolvam esporte, educação, infraestrutura (segurança para atividade física) e saúde.
Por fim, é preciso capacitar os profissionais de saúde para que possam disponibilizar o tratamento adequado e digno para os brasileiros com obesidade no país!
*Vanessa Pirolo é coordenadora da Coalizão Vozes do Advocacy em Diabetes e Obesidade
É preciso criar políticas públicas para barrar a obesidade no país Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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