segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Verme de 500 milhões de anos recebe nome em homenagem a “Duna”

Em Duna, a grande obra de ficção científica do escritor norte-americano Frank Herbert, a trama gira em torno do planeta deserto Arrakis (cujo apelido é, adivinha só, Duna). Lá, além dos povos conhecidos como fremen, as areias são habitadas (e dominadas) por vermes de areia gigantes, que chegam a ter mais de 400 m de comprimento. Para seus habitantes, tais criaturas são como deuses, os quais recebem o nome de Shai-Hulud.

Voltando aqui para Terra, longe das areias mortais de Duna, um grupo de pesquisadores de universidades dos EUA e da Alemanha, encontrou um verme de aproximadamente 500 milhões de anos. O achado foi feito em Spence Shale, região na fronteira entre os estados de Utah e Idaho. O local é famoso pela vasta quantidade de fósseis encontrados. 

O verme data do período Cambriano, há mais ou menos 500 milhões de anos, e seu nome, veja só, foi dado em homenagem aos grandes deuses do planeta deserto alienígena. O Shaihuludia shurikeni tem seu primeiro nome em referência direta a Duna, enquanto seu sobrenome vem da palavra shuriken, aquela famosa arma japonesa de arremesso em formato de estrela. Isso porque o verme foi fossilizado em um formato que lembra uma estrela.

Isso inclusive levou os cientistas a suspeitarem se o que haviam encontrado era de fato o fóssil de um animal ou um tipo de mineral. Eles utilizaram microscopia eletrônica de varredura, além de outras técnicas, como espectrometria de raios X dispersivos de energia. Essa técnica utiliza fluorescência de raios X em um objeto a fim de analisar a sua composição química. Assim, eles descobriram que a “estrela” na rocha era na verdade um animal.

 

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Para a sorte dos animais da época, o Shaihuludia shurikeni, diferentemente do seu primo colossal da ficção científica, é bem pequeno (o suficiente para caber na palma de uma mão). E claro, com outro detalhe: o nosso verme terráqueo aqui vivia no mar, e não no deserto. Em sua época, esta parte da américa do norte estava na verdade embaixo d’água. 

Para além da homenagem a uma das grandes sagas da ficção científica, essa descoberta também mostra como o planeta no passado era bem diferente da forma como o conhecemos hoje. “É muito legal pensar em nosso planeta como um registro da história e de todos os diferentes ambientes que ocorreram ao longo de bilhões de anos, tudo no mesmo solo em que pisamos”, disse Rhiannon LaVine, pesquisadora da Universidade de Kansas, nos EUA, e uma das autoras do estudo.

Sendo um grande berço de fósseis, uma volta pela região de Spence Shale pode fazer você acabar pisando sem querer em algum verme estranho do passado. Mas fique tranquilo, nesse caso, além de possivelmente ter feito uma grande descoberta, você não correrá o risco de ser engolido.

 

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