Humanos conseguem facilmente identificar rostos conhecidos em fotografias. O mesmo vale para outros animais, como chimpanzés e macacos-rhesus. Até pouco tempo, os cientistas acreditavam que essa habilidade dependia de cérebros maiores e mais complexos, mas um estudo recente publicado na revista Proceedings of The Royal Society B contradiz essa ideia. Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos EUA, mostraram que as vespas também reconhecem rostos inteiros com facilidade, trazendo a primeira evidência de insetos capazes de identificar uns aos outros.
Para verificar a hipótese, os pesquisadores tiraram fotos de duas vespas separadamente. Então, editaram as imagens para que ambas ficassem com corpos iguais e apenas os rostos diferentes. Eles atribuíram valores “positivos” ou “negativos” aos rostos, e então condicionaram as vespas a aprender qual era qual. Para isso, os cientistas colocavam os insetos individualmente em pequenas caixas forradas por imagens de um daqueles rostos. O chão da caixa contendo o “rosto ruim” liberaria pequenos choques, causando desconforto nos animais, enquanto a outra caixa, com o “rosto bom”, não provocaria incômodo.
Depois disso, as vespas eram colocadas em uma caixa um pouco maior, tendo o rosto “ruim” em uma extremidade e o “bom” na outra. A vespa era posicionada pelo pesquisador no centro da caixa, onde teria 5 segundos para observar o espaço até ser solta e escolher seu caminho. Como já era esperado pelos cientistas, os insetos voavam em direção ao rosto positivo. Os testes foram realizados com vespas da espécie Polistes aurifer.
Em uma segunda etapa, os pesquisadores apresentaram aos insetos imagens de fragmentos dos rostos, como apenas os olhos ou narizes das vespas. Isso dificultou a vida dos animais, que não sabiam mais qual caminho seguir. O mesmo acontece com primatas e mesmo com humanos, que possuem mais dificuldade em identificar outra pessoa apenas pela foto do nariz, olho ou boca. O nome desse tipo de reconhecimento é processamento holístico, que nada tem a ver com misticismo. Trata-se da facilidade do cérebro em identificar o rosto completo, em detrimento de partes isoladas.
Os pesquisadores também testaram vespas da espécie Polistes dominula, mas essas se saíram melhor identificando marcas faciais específicas, o que leva a crer que não utilizam o processamento holístico. De acordo com pesquisadores, a evolução da P. aurifer para identificar rostos completos pode ser uma vantagem adaptativa, já que estes insetos vivem em uma hierarquia complexa e precisam reconhecer muitos rostos rapidamente.
Assim como os humanos, as vespas também podem reconhecer rostos Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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