sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Rolls-Royce aposta em motores nucleares para viagens a Marte

Nesta semana, a Agência Espacial do Reino Unido anunciou uma parceria com a fabricante de motores para aeronaves Rolls-Royce. O objetivo é explorar o uso de energia nuclear para propelir espaçonaves em futuras viagens a Marte. Hoje, o combustível mais popular no setor aeroespacial é a hidrazina, um composto químico altamente tóxico.

É bom deixar claro desde já que a energia nuclear só entraria cena quando o veículo estivesse no espaço aberto, distante da Terra, algum tempo após a decolagem. Todo veículo espacial decola acoplado a um foguete. Depois, o foguete é descartado. Só o módulo menor, que contém a tripulação e a carga, segue viagem. A energia nuclear serviria para impulsionar o módulo. O foguete continuaria utilizando combustível convencional para evitar acidentes graves.

De acordo com os pesquisadores, a tecnologia poderia reduzir o tempo de viagem ao Planeta Vermelho pela metade: com uma ajudinha atômica, a ponte aérea mais aguardada do Sistema Solar levaria algo entre três e quatro meses. Apesar dessa previsão de uso épica, ninguém descarta que a tecnologia possa se provar útil em viagens mais curtas ou até expedições não tripuladas. 

O contrato com o governo não é novidade para a Rolls-Royce, já que a empresa forneceu a tecnologia de propulsão nuclear usada para mover a frota de submarinos da Marinha Real por 60 anos. Além do desenvolvimento de motores junto à agência espacial, a Rolls-Royce também deverá construir em terra uma série de reatores modulares pequenos, que ajudarão a suprir uma demanda crescente por eletricidade no Reino Unido.

O emprego de energia nuclear em viagens espaciais não é inédito. A Nasa testou a tecnologia em suas espaçonaves na década de 1960, mas cortes no orçamento fizeram com que o programa fosse encerrado em 1972. No final de 2017, a agência americana anunciou que estava explorando esses motores novamente.

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