Em um estudo publicado no periódico PNAS, 47 idosos com idades entre 60 e 79 anos foram divididos em dois grupos: um deles testou um jogo rítmico chamado Rhythmicity; enquanto o outro jogou um caça-palavras tradicional. Ambos desempenharam suas atividades durante 20 minutos por dia, cinco dias por semana por oito semanas.
Os cientistas desenvolveram Rhythmicity em parceria com o baterista Mickey Hart, antigo membro da banda de rock Grateful Dead. O jogo usava pistas visuais para treinar os participantes a tocar dentro de uma batida. Fatores como ritmo, complexidade e precisão dos toques eram ajustados à medida que os jogadores progrediam no jogo – assim como acontece com muitos games atuais.
Essa mecânica de dificuldade é essencial para o experimento já que ela permite adaptar o jogo ao jogador, alterando o nível de dificuldade para mantê-lo desafiador, mas sem torná-lo tão difícil a ponto de estragar a experiência.
Depois da jogatina intensiva, os pesquisadores conduziram análises por meio de eletroencefalografia (EEG) durante uma tarefa de reconhecimento facial. Aqueles que jogaram Rhythmicity tiveram mais estímulos de percepção visual e atenção seletiva, o que indiretamente afetou sua memória de curto prazo.
Os jogadores de Rhythmicity se saíram melhor em identificar rostos depois das oito semanas, e as leituras de EEG mostraram maior atividade no lóbulo parietal superior – a região do cérebro ligada à leitura inicial de música e à memória visual de curto prazo.
“Apenas o grupo de treinamento de ritmo exibiu melhora na memória de curto prazo, fornecendo evidências importantes de que esse treinamento pode beneficiar o desempenho em uma tarefa não musical”, escrevem os pesquisadores em seu artigo.
Esses cientistas já estão familiarizados com o campo dos jogos – para a terceira idade em especial. Entre seus trabalhos estão NeuroRacer, um jogo que melhorava significativamente as capacidades mentais comprometidas com a idade, a atenção sustentada e a memória; Body-Brain Trainer, capaz de melhorar a pressão arterial, o equilíbrio e a atenção dos mais velhos; e Labyrinth, uma experiência em realidade virtual envolvendo orientação espacial, que se provou capaz de melhorar a memória de longo prazo dos idosos.
É normal experimentar um declínio na cognição com o envelhecimento. Esses jogos são uma demonstração de que é possível manter nossa mente treinada.
“Todos eles têm os mesmos algoritmos e abordagens adaptativas, mas estão usando tipos de atividade muito, muito diferentes. Além disso, todos eles mostram que você pode melhorar as habilidades cognitivas nessa população”, conta Adam Gazzaley, um dos responsáveis pelo estudo.
Cientistas criam videogame que melhora memória de curto prazo em idosos Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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