Poder, pode. Mas seria trágico. Dinheiro recupera poder de compra quando os preços baixam. Ou seja, quando rola deflação. Deflação é uma boa quando vem na sequência de inflações pesadas. Foi o que aconteceu entre julho e setembro no Brasil: uma queda acumulada de 1,33% no IPCA. Antes desse tombo, a inflação em 12 meses roçava em intragáveis 12%. Depois, caiu a 7% (o número final é menor do que parece porque o IPCA já vinha desacelerando antes de entrar no terreno negativo).
O problema é quando os preços entram numa espiral descendente sem fim. Foi o que aconteceu nos EUA da Grande Depressão. A quebra da bolsa em 1929 levou a uma sequência de falências bancárias. Com menos bancos, o crédito ficou escasso. Empresas, que dependem de crédito para respirar, começaram a fechar as portas. Menos companhias, menos trabalho. Em 1933, o desemprego chegaria a 25% por lá.
Isso arrasou o mercado consumidor. Com menos gente comprando, os preços desabaram. Entre 1930 e 1933, a deflação acumulada foi de 24%. E o PIB caiu na mesma toada: -25%: a maior recessão da história americana.
Preços em baixa persistente, então, significam a morte da economia. A moeda até passa a valer mais, só que cada vez menos gente tem acesso a ela. O ideal para qualquer país, no fim das contas, é que haja alguma inflação: tipo 2% ao ano. Porque, se nenhum preço jamais sobe, significa que o mercado consumidor está evaporando.
Em 1994, R$ 50 valiam R$ 370 de hoje. Para que essa realidade volte, precisaríamos de uma deflação de 86%. E isso implicaria uma Grande Depressão brasileira. Esquece.
Uma nota de R$ 50 pode voltar a ter o poder de compra que já teve? Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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