As memórias são relações de afinidade entre os neurônios. Quando você vive alguma experiência marcante, ela excita um determinado conjunto de neurônios; quando você se lembra daquilo, mais tarde, o cérebro aciona aquele mesmo grupo.
Mas também faz outra coisa. Ao gravar as memórias, atribui a cada uma um valor emocional bom ou ruim – e, agora, a ciência descobriu o mecanismo envolvido. Ele é controlado pela neurotensina, uma substância produzida no tálamo, uma das regiões mais centrais e antigas do cérebro, presente em todos os mamíferos.
Pesquisadores do MIT ensinaram ratos (1) a associar determinado som a uma situação agradável (ganhar comida) ou desagradável (levar um choque). Mais tarde, tocaram novamente aquele som.
Nos animais que tinham uma memória positiva dele, de receber alimento, os níveis de neurotensina aumentavam – já nos outros, que se lembravam do castigo, eles caíam.
Os cientistas também criaram ratos geneticamente alterados para produzir mais ou menos neurotensina. Resultado: quanto maior a quantidade dessa substância, mais felizes as lembranças dos ratos se tornavam – a partir de certo nível de neurotensina, eles se tornavam incapazes de formar memórias ruins.
Fonte 1. Neurotensin orchestrates valence assignment in the amygdala. KM Tye e outros, 2022.
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