terça-feira, 25 de outubro de 2022

Urticária: crianças e idosos podem sofrem mais até descobrir a doença

“Sabe a sensação de ser picado constantemente por borrachudos? É isso que sente alguém com urticária”, compara o médico Luis Felipe Chiaverini Ensina, coordenador do Departamento Científico de Urticária da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). A doença é caracterizada por vermelhidões, coceira e até inchaço na pele.

Esses sintomas podem se manifestar em locais diferentes do corpo, por períodos distintos. Se eles durarem menos de seis semanas, o quadro é considerado agudo. Em caso de persistência por mais de seis semanas, trata-se de um problema crônico.

O tratamento não leva à cura, mas reduz esses incômodos, capazes de afetar demais a qualidade de vida do paciente. Atualmente, o que dificulta o controle da doença é chegar ao diagnóstico correto. Para reduzir o longo caminho percorrido pela população até a confirmação do quadro, a Asbai lançou um Guia Prático destinado aos médicos.

O documento traz especificidades sobre crianças, idosos e gestantes, grupos que mais sofrem com a confusão dos diagnósticos. “Nesses públicos, a dificuldade é que a urticária pode ser confundida com outras doenças que causam lesões de pele semelhantes”, afirma o alergista. Outro problema citado no protocolo é que há poucos estudos dedicados a esses pacientes.

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Nas crianças, em geral é possível excluir a urticária quando as lesões são fixas, duram mais de 24 horas, e o problema de pele vem acompanhado de outros sinais, como febre, dor nas articulações e perda de peso. As urticárias normalmente desaparecem rápido e não deixam marcas.

No que diz respeito aos idosos, é fundamental considerar a possibilidade de urticária por medicamentos, já que esse grupo normalmente utiliza diversos remédios de maneira recorrente.

Mas vale lembrar que os mais velhos podem apresentar vasculites (ou seja, inflamações dos vasos sanguíneos), uma situação que traz sinais parecidos aos da urticária: lesões vermelhas que coçam. Ocorre que as vasculites não somem com o tempo — ao contrário das urticárias.

Em relação às grávidas, o médico afirma que o mais urgente é disseminar a informação de que é possível controlar bem a doença nessa fase, sem riscos para a mãe ou o bebê. Aliás, é comum que a mulher com histórico de urticária melhore ou piore de vez na gestação.

“O importante, nesses casos, é saber que o tratamento, em geral, pode ser igual ao utilizado em outros grupos, e tem eficácia de 85%”, explica o médico.

Tipos de urticária

O engano mais comum, segundo o médico, é que sintomas como vermelhidão e coceira na pele são automaticamente ligados a um processo de alergia. Aí, a pessoa fica investigando qual pode ser o agente: um alimento, um produto de beleza, etc.

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A urticária até pode ser resultado de uma reação do organismo a alguns alimentos, medicamentos ou por contato com frio. Nesse caso, basta interromper a exposição ao alérgeno para resolver a doença.

Por outro lado, ela se torna crônica ou intermitente quando não se descobre a causa, e os sintomas permanecem.

+ Leia também: Urticária: os diferentes tipos e o jeito de lidar com cada um

Há ainda aquela chamada de urticária crônica espontânea. Essa é uma doença autoimune, ou seja, disparada pelo próprio sistema de defesa do organismo. Por isso, não há um agente causador da irritação, e essa sensação pode durar muitos anos.

“Quando o problema não cessa, a pessoa segue tentando identificar o causador da suposta alergia. Até identificar que não se trata disso, ela já sofre há anos”, descreve o médico.

Para ter ideia, um estudo de 2019 indicou que 79% de 183 pacientes com urticária receberam o diagnóstico errado de uma alergia comum antes de finalmente descobrirem o motivo real da coceira e da vermelhidão.

Como chegar ao diagnóstico e escolher o tratamento?

O médico precisa examinar as lesões e saber como elas se comportam: se somem e depois reparecem, se mudam de lugar, etc. “Com esse histórico e a ajuda do paciente, que pode levar fotos da pele, conseguimos fazer o diagnóstico sem o apoio de nenhum exame, a não ser que haja suspeita de outras doenças”, afirma o alergista.

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O tratamento, que é medicamentoso, não cura a doença, mas pode dar ao indivíduo uma melhor qualidade de vida, já que ajuda a conter os sintomas.

O remédio tem como missão bloquear a liberação das substâncias que provocam essa inflamação e é indicado a pessoas de qualquer idade ou condição.

“Manter essa urticária controlada ajuda a pessoa a ter uma vida normal. Quem não cuida, deixa de trabalhar, de dormir direito e até de socializar, já que há lesões que deformam corpo. Isso também leva à depressão e à ansiedade”, alerta o médico.

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Urticária: crianças e idosos podem sofrem mais até descobrir a doença Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br

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