segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Para a cura do câncer infantil, diagnóstico deve ser rápido e preciso

As doenças oncológicas são a segunda maior causa de óbitos na faixa etária entre crianças e adolescentes no Brasil, ficando atrás apenas das razões externas (traumas, acidentes, afogamento, etc). Portanto, se considerarmos somente os óbitos por doença, o câncer é a primeira causa.

De acordo com estimativas projetadas pelo do Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 8% dos óbitos por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos são causados por doenças oncológicas.

Para reduzir essa estatística é muito importante investirmos em prevenção e diagnóstico precoce, pois, quanto antes o câncer for detectado, maiores são as chances de cura.

O Sabará Hospital Infantil e o A.C.Camargo Câncer Center contam com uma parceria, desde o início de 2021, para oferecer aos pacientes pediátricos com câncer um diagnóstico e tratamento com base na especialização de ambas as instituições. A parceria uniu conhecimento científico, especialistas, estruturas, tecnologias, ensino e pesquisa que se complementam em toda a jornada do paciente.

Uma das ferramentas mais importantes no combate ao câncer infantil é a informação. Por esse motivo, conversamos com o oncologista pediátrico Carlos Eduardo Ramos Fernandes, membro da equipe de profissionais do Sabará Hospital Infantil e do A. C. Camargo Cancer Center.

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Qual a diferença entre tumor e câncer?

Melhor entender que a semelhança entre os dois está no caso de tumores sólidos malignos.

O conceito de tumor diz respeito a um agrupamento células que levam ao crescimento de uma massa no corpo humano e pode ser classificado em dois tipos: benignos e malignos.

Já o câncer pode não ter propriamente uma “massa”. Isto é, nem todo câncer chega a formar tumor. Esse é o nome que leva o tecido formado, a massa tumoral.

A leucemia, por exemplo, uma neoplasia hematológica, não forma tumor: a doença é microscópica dentro da medula óssea

Por sua vez, a diferença entre benigno e maligno está na capacidade de metástase, ou seja, de se disseminar para outros órgãos através dos vasos sanguíneos e linfáticos. Apenas o tipo maligno tem essa capacidade.

O lipoma é um exemplo de tumor benigno formado por células de gordura. Ele não tem capacidade de lançar células no sangue e se espalhar para outros órgãos. Por outro lado, o sarcoma é um tumor maligno. Ele pode aparecer na perna e as células migrarem para pulmão e ossos, dando metástase.

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Quais são os principais cânceres infantis?

O neuroblastoma é o tipo de câncer mais comum entre crianças de até 1 ano. Linfomas são tumores hematológicos que afetam o sistema linfático. Os gliomas são tumores sólidos do sistema nervoso central.

Em crianças de 1 a 4 anos, o câncer mais frequente são as leucemias. Entre 5 e 9 anos, as leucemias e os tumores de sistema nervoso central predominam. Em adolescentes, os tipos mais comuns são os linfomas e os carcinomas.

Existem também as neoplasias renais, como o tumor de Wilms, que afeta crianças menores de 5 anos. E, por fim, os casos de tumores ósseos e partes moles, como osteossarcoma e sarcoma de Ewing (com maior incidência em crianças e adolescentes entre 10 e 15 anos).

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Os cânceres pediátricos estão ligados a uma questão hereditária?

A formação do câncer na pediatria é diferente da do adulto, quando a célula sofre alterações por fatores ambientais (como exposição ao sol sem proteção) ou sociais (como alimentação), provocando mutação no DNA da célula e propiciando o surgimento de tumores.

Na criança, as células são jovens e possuem características embrionárias. Ou seja, estão em formação. Por isso, elas podem sofrer, nesse processo de amadurecimento, algumas falhas, criando um ciclo de células cheias de mutações, com maior risco de gerar um tumor.

Na maioria dos casos, não conhecemos como funciona esse mecanismo. Mas muitos estudos sobre as possibilidades e teorias que levam a essa falha genética estão em andamento.

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Existe, sim, o câncer hereditário, que corresponde a cerca de apenas 10% dos casos infantis, sendo o mais conhecido aquele que se herda do pai e da mãe. Nesse caso, a célula, mesmo jovem, já tem uma mutação sendo carregada – e, com alguma contribuição externa, pode surgir a doença.

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Quais são os tratamentos mais recentes?

Atualmente, os métodos terapêuticos mais comuns são a quimioterapia e radioterapia, mas muitas alternativas vêm sendo estudadas, algumas em estágio muito avançado.

Entre essas alternativas podemos citar as terapias-alvo – ou medicina de precisão, como é popularmente conhecida. Esse tratamento se refere à utilização de alguns medicamentos de forma bem personalizada de acordo com o diagnóstico do paciente.

Com isso, o indivíduo muitas vezes tem uma estagnação ou até remissão total do câncer, e com menos efeitos colaterais. O grande desafio para a criação de novas terapias é descobrir o que chamamos de mutações “drivers”, responsáveis pela gênese do tumor.

Muitos estudos estão em andamento para se entender cada alteração genética encontrada. Só assim é possível criar esses medicamentos que atacam o problema ainda no início, o que beneficiaria muito as crianças – principalmente aquelas que são pequenas e teriam dificuldades para uma cirurgia.

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Quais são os principais sintomas que devem ser observados pelos pais?

Não é fácil diagnosticar um câncer sem uma investigação minuciosa.

Mas vamos focar na leucemia, por exemplo, o tipo de câncer mais comum. Nesse caso, é importante ficar de olho em sintomas como palidez, anemia, hematomas, dores nos membros e dores de cabeça e na barriga. Tudo isso é motivo para uma investigação mais profunda.

Infelizmente, os tumores ósseos chegam com o diagnóstico mais tardio porque as dores nos ossos são comuns na fase do crescimento.

Por isso, o mais indicado é manter as consultas de rotina com o pediatra, que pode verificar qualquer alteração no desenvolvimento da criança e do adolescente. Esse é o profissional que deve saber diferenciar sintomas de doenças comuns na infância dos casos mais complicados, com risco de câncer, por exemplo.

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Qual é a importância da integração de uma equipe multidisciplinar para o paciente oncológico pediátrico?

É fundamental, porque a medicina se desenvolveu muito, e está segmentada. Nós precisamos eliminar a doença e cuidar da pessoa ao longo da vida.

Não basta só curar o tumor: é importante que a criança tenha uma boa qualidade de vida conforme seu crescimento. O adolescente precisa ter vitalidade para realizar atividades como qualquer outra pessoa. É nesse ponto que o papel da equipe multidisciplinar é tão crucial: ela olha para a criança em sua totalidade.

No Sabará, temos uma equipe totalmente voltada para esse cuidado. Por exemplo: se a criança chega ao pronto-socorro e o médico, após solicitar um exame, percebe alguma alteração, ele já entra em contato com outros profissionais para avaliar qual a melhor conduta a se tomar a partir dali.

Com esse diagnóstico rápido e assertivo, a criança passa por menos procedimentos. Sem falar que o processo se torna menos estressante e traumático, diminuindo ainda os riscos à exposição de anestesia e radiação.

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Esse acompanhamento segue durante todo o tratamento, uma vez que, caso a criança apresente algum tipo de sequela ao longo da vida, ela terá acesso a uma rede de suporte composta por especialistas para ampará-la nas necessidades apresentadas, como fisioterapeutas, fisiatras, fonoaudiólogos e psicólogos.

Existe alguma forma de prevenir o câncer infantil?

O ideal é manter as consultas pediátricas periódicas, já que o médico está acostumado com a criança desde o nascimento e tem acompanhado o seu desenvolvimento.

Dessa forma, ao detectar qualquer anormalidade ele conseguirá encaminhar ao especialista mais indicado com rapidez.

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Para a cura do câncer infantil, diagnóstico deve ser rápido e preciso Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br

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