terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Doenças cardiovasculares podem ser prevenidas e tratadas de forma simples

Em 2020, após o avanço do novo coronavírus, o índice de óbitos no país cresceu intensivamente. O que poucos têm conhecimento é que, fora da pandemia, a maior causa de morte no país – assim como no resto do mundo – são as doenças cardiovasculares,¹ que já resultaram em mais de 380 000 mortes no Brasil apenas no ano passado.² A grande diferença entre esses dois cenários é que as doenças cardiovasculares não são virais como a Covid-19 e contam com métodos de prevenção e de tratamento bem mais simples, viáveis e acessíveis para a população.

Para o dr. Jairo Lins Borges, professor da disciplina de cardiologia da Unifesp e consultor científico da Libbs Farmacêutica, o estilo de vida atual dos brasileiros pode dificultar a implementação das mudanças de hábitos necessárias para prevenir as principais doenças do coração. “A conveniência encontrada nos fast-foods, o consumo exagerado de álcool e a rotina estressante, sem um espaço de tempo dedicado à atividade física, são alguns dos pontos que dificultam uma vida mais saudável. Essa rotina contribui para o aumento dos níveis de colesterol no sangue”, comenta o médico cardiologista.

Mais conhecido como “colesterol ruim”, o LDL lentamente vai se acumulando e formando placas em veias e artérias. “É um importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças e complicações cardiovasculares potencialmente fatais, como o infarto do miocárdio (ataque cardíaco) e o acidente vascular cerebral.”

A boa notícia é que grande parte das doenças pode ser prevenida, controlada e até mesmo revertida com simples mudanças nos hábitos de vida, como adotar uma alimentação balanceada, não fumar, não exagerar no consumo de bebidas alcoólicas e energéticos, cuidar da saúde emocional, evitando o estresse excessivo, praticar atividade física regularmente e ter horas de sono adequadas.

“Também é importante prestar atenção aos sinais do coração, como irregularidades nos batimentos, e consultar um médico cardiologista pelo menos uma vez ao ano para realizar exames preventivos”, recomenda o dr. Borges. Além disso, a mudança no estilo de vida pode ser acompanhada de tratamento medicamentoso, sempre de acordo com a recomendação de um profissional. 

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“Inclusive, o avanço da medicina tem possibilitado a praticidade de formulações que reúnem dois medicamentos em uma mesma cápsula, o que pode ajudar os pacientes na adaptação ao tratamento do colesterol alto”, reitera o médico.

Mas, afinal, como o LDL é produzido?

De todo o colesterol LDL que circula no organismo, 30% vêm da alimentação e do estilo de vida. Os demais 70% são produzidos pelo fígado. Na necessidade de tratamento, é ali que atuam os medicamentos isolados ou em combinação. As estatinas, por exemplo, reduzem a produção de colesterol pelo fígado enquanto outra classe de medicamentos diminui a absorção do colesterol pelo intestino. “Com a combinação dos dois remédios, os efeitos positivos são potencializados porque os mecanismos de compensação do organismo são neutralizados. Assim, conseguimos reduzir a produção do chamado colesterol ruim”, ressalta o médico.

Quais são os índices ideais de LDL para uma vida saudável?

Em geral, uma pessoa apresenta o nível de LDL por volta de 130 miligramas por litro de sangue, com variação de 30 mg/l para mais ou para menos. O ideal, para a média da população, seria manter esse nível abaixo de 100 mg/l.

Para pacientes mais graves, que têm maior propensão a sofrer de doenças cardiovasculares, o valor aceitável fica abaixo de 70 mg/l. Para quem já sofreu um infarto, o nível de colesterol LDL por litro de sangue não deveria passar de 50 mg. “Um infarto do miocárdio reduz a expectativa de vida de uma pessoa em, em média, cinco anos”, diz Jairo Lins Borges.

Além disso, diz o cardiologista, nenhum remédio substitui o ganho proporcionado por hábitos saudáveis: “Alimentação balanceada e atividades físicas constantes continuam sendo fundamentais”. Os cuidados na rotina e o tratamento contínuo são a chave para uma vida longa e saudável.

Referências

  1. Ministério da Saúde (BR). Saúde Brasil 2018. Uma análise da situação de saúde e das doenças e agravos crônicos: desafios e perspectivas. Brasília, 2019.
  2. Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Cardiômetro. Mortes por doenças cardiovasculares no Brasil. [internet] 2020. Disponível em: http://www.cardiometro.com.br/. Acesso em: 10 dez 2020.
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Doenças cardiovasculares podem ser prevenidas e tratadas de forma simples Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br

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