Há 66 milhões de anos, um asteroide do tamanho de uma cidade atingiu a Península de Yucatán, no México, desencadeando consequências ecológicas que levaram à extinção dos dinossauros. No futuro, seria possível que outro asteroide dessa proporção atingisse a Terra?
É improvável. Hoje, há tecnologia suficiente para mapear ameaças que ultrapassam um quilômetro de largura. Na verdade, 90% destes asteroides já foram catalogados pela Nasa. O problema são os objetos celestes que se encontram em uma categoria intermediária: nem pequenos demais para serem queimados durante a passagem pela atmosfera terrestre e nem grandes o suficiente para serem notados pelos astrônomos. Falamos aqui de rochas entre 140 e 1.000 metros.
Apesar de serem relativamente pequenas quando comparadas àquela que desencadeou o fim dos dinossauros, esses pedregulhos ainda são capazes de dizimar cidades inteiras. Os pesquisadores da Nasa querem estar preparados para evitar acidentes do tipo e, para isso, irão lançar na próxima segunda-feira (24) uma sonda de 550 quilos que deve colidir com um asteroide no espaço, mudando sua rota.
Calma, esse asteroide não apresenta nenhum risco para a Terra, mas tem um tamanho ideal para servir de cobaia. Mais especificamente, 160 metros de diâmetro – pouco maior que a Grande Pirâmide de Gizé. O alvo é conhecido como Dimorphos e está ligado gravitacionalmente a um corpo de 780 metros de diâmetro chamado Didymos. Em resumo, é como se Dimorphos fosse a lua que orbita Didymos, e os cientistas querem interferir em seu movimento de translação.
O Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo (DART, sigla em inglês) custou US$ 325 milhões. A sonda será enviada em um foguete Falcon 9 da SpaceX, diretamente da Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia. A colisão entre a sonda e o asteroide deve ocorrer só no final de 2022. Alguns dias antes do episódio, a espaçonave implantará um CubeSat (satélite miniaturizado) construído pela agência espacial da Itália no Dimorphos, que deverá rastrear e registrar as consequências do impacto.
O DART atingirá o asteroide com uma velocidade de seis quilômetros por segundo, dez vezes mais rápido que um avião caça. O Dimorphos completa uma volta ao redor do Didymos a cada 12 horas ou mais, e o impacto da sonda deve reduzir o ritmo em cerca de 10 minutos, mudando sua rota padrão. Esses detalhes serão medidos por instrumentos de radar posicionados na Terra. Além disso, a poeira e a cratera resultantes da colisão devem ser registradas pelo CubeSat, revelando informações sobre a composição do asteroide.
Não é possível afirmar se uma única colisão será suficiente para mover o asteroide. Também há a possibilidade de a rocha se dividir em duas, indo contra os planos iniciais. De toda forma, essa será a primeira missão a fornecer dados do tipo – os quais esperamos que nunca precisem ser utilizados.
A Agência Espacial Europeia (ESA) também tem planos de atingir a mesma dupla de objetos celestes. Inicialmente, a missão Hera deveria chegar ao asteroide junto com o DART, mas foi adiada após a ESA se recusar a financiá-la em 2016. O jogo virou, e agora o lançamento está previsto para 2024, com a nova colisão agendada para 2026.
Missão de defesa planetária da NASA irá mudar rota de um asteroide Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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