O T.Rex talvez seja o primeiro dinossauro que venha à sua mente quando falamos em terópodes. A associação não está errada, mas a subordem de dinossauros não se limita a ele. Na verdade, até mesmo as aves entram nesse balaio, provando que há uma grande diversidade nesse grupo de animais.
A diversidade é tanta que há espaço até para o dino banguela Berthasaura leopoldinae. Seus fósseis, que descrevem uma espécie inédita no Brasil, foram encontrados em um sítio conhecido como Cemitério de Pterossauros, localizado em Cruzeiro do Oeste, no Paraná. O estudo completo foi publicado nesta quinta-feira (18) na revista Scientific Reports.
A denominação é uma homenagem tripla: Berthasaura vem de Bertha Lutz, que foi secretária e pesquisadora do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Leopoldinae se refere tanto a Maria Leopoldina, imperatriz que viveu no onde hoje é o museu (e também um entusiasta da ciência), quanto à Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, que teve como tema o Bicentenário do Museu Nacional no Carnaval de 2018. Este é o primeiro terópode a receber um nome feminino.
Bertha tinha cerca de um metro de comprimento e 80 centímetros de altura. Os pesquisadores não chegaram ao seu peso exato, mas estimam que o valor não passasse de dez quilos. O animal possuía espaços entre seus ossos, o que sugere que ele morreu ainda jovem e levaria mais tempo para se desenvolver.
As observações foram possíveis graças à boa preservação dos fósseis. Os cientistas do Centro Paleontológico da Universidade do Contestado, em Santa Catarina, e do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, puderam avaliar os ossos do crânio, mandíbula, coluna vertebral, cinturas peitoral e pélvica e membros anteriores e posteriores. Todos esses detalhes tornam o novo dino um dos mais completos já encontrados no período Cretáceo (145 a 65 milhões de anos atrás) brasileiro.
Sem dentes
Mas o que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi a ausência de dentes do animal. Na verdade, as marcas encontradas nos fósseis sugerem que ele possuía um bico córneo (de queratina), como as aves modernas. Existem outros dinos banguelas, como o Limusaurus inextricabilis, encontrado na China. A diferença é que o dinossauro oriental parecia ter dentes na infância, que eram perdidos ao atingir a maturidade. Bertha, por sua vez, era jovem e já não tinha arcada dentária. Isso torna o animal o primeiro dinossauro edêntulo (sem dentes) encontrado na América do Sul.
Os pesquisadores ainda não sabem dizer com certeza se Bertha utilizava seu bico para rasgar carne, como gaviões e urubus, ou apenas para cortar material vegetal. A hipótese que prevalece é que o dinossauro era onívoro, ou seja, consumia ambas as coisas. Isso porque, na época em que os fósseis foram datados (entre 70 e 80 milhões de anos atrás), a região em que viviam constituía um grande deserto, com pouquíssima oferta de alimento. É de se esperar que Bertha se alimentasse daquilo que aparecesse pela frente.
No futuro, é possível que os fósseis do novo dino sejam expostos no Museu Nacional, que planeja uma reabertura total em 2026.
Paleontólogos encontram primeiro dinossauro sem dentes da América do Sul Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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