sexta-feira, 5 de maio de 2023

Como saber se tenho arritmia cardíaca?

Arritmias cardíacas são alterações elétricas que provocam modificações no ritmo dos batimentos cardíacos.

Elas são bastante frequentes na população em geral, mas há uma predileção pelo paciente mais idoso.

Embora não sejam necessariamente associadas a alguma cardiopatia ou ao aumento no risco de doenças cardiovasculares, algumas anormalidades do ritmo podem ter consequências sérias – por isso, precisam de diagnóstico e tratamento imediatos.

Os sintomas de uma arritmia

Eles são muito variados, mesmo porque a percepção dos batimentos cardíacos é algo individual.

São observados desde casos assintomáticos até quadros dramáticos, como a morte súbita.

As palpitações são os sintomas mais frequentes, normalmente percebidos na região do tórax ou na base do pescoço.

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As arritmias são comumente relatadas como “falhas no batimento”, “pulos no coração”, “batidas rápidas” ou mesmo “pausas no batimento”.

Elas podem vir acompanhadas de sinais de instabilidade circulatória, a exemplo de tontura, sudorese fria, escurecimento visual e sensação de desmaio.

A ocorrência do desmaio, também chamado de síncope, pode sinalizar uma maior gravidade da arritmia, e é algo que merece atenção do paciente, dos seus familiares e da equipe médica.

Vale destacar que a síncope é definida como uma perda transitória da consciência de início súbito, curta duração e recuperação completa e espontânea.

Em outras palavras, para se definir que houve um desmaio, o paciente precisa recuperar a consciência espontaneamente, sem nenhuma sequela.

Dor no peito e falta de ar também podem estar associados a arritmias e, nesses casos, é fundamental afastar a possibilidade de infarto agudo do miocárdio ou insuficiência cardíaca.

Complicações

Em alguns casos, a arritmia pode evoluir com parada cardiorrespiratória numa condição chamada morte cardíaca súbita. A morte súbita é totalmente inesperada e, infelizmente, pode ser o primeiro sintoma de uma arritmia cardíaca.

Em 2/3 dos pacientes, a morte ocorre por uma arritmia secundária ao infarto agudo do miocárdio.

Todavia, em pacientes abaixo de 40 anos, outras causas são prevalentes, como a miocardiopatia hipertrófica e arritmias associadas a mutações genéticas.

O acidente vascular cerebral (AVC) pode ser uma manifestação clínica de uma anormalidade do ritmo cardíaco, chamada fibrilação atrial.

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Trata-se de uma arritmia em que os batimentos são substituídos por movimentos vibratórios nos átrios, e o escoamento de sangue não é realizado adequadamente.

Como consequência, ocorre um represamento sanguíneo dentro do coração, levando à formação de um trombo que, ao se deslocar, pode ser alojado na circulação cerebral.

O que fazer diante da suspeita de uma arritmia

O primeiro passo é procurar um médico. Ele irá não apenas estabelecer o diagnóstico, mas também estratificar o risco, ou seja, verificar a gravidade do caso.

A confirmação da condição é realizada quando se documenta o traçado eletrocardiográfico no momento da arritmia.

Como as alterações do ritmo podem ser esporádicas e de duração curta, conseguir realizar o eletrocardiograma nesse momento é desafiador e, por isso, muitos pacientes ficam longos períodos sem a certeza do diagnóstico.

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Felizmente, com os atuais dispositivos que realizam o eletrocardiograma pelo celular, ou mesmo com a ajuda do relógio de pulso, a documentação ficou mais fácil e constitui uma ferramenta diagnóstica promissora para os próximos anos.

Ao perceber a arritmia, o próprio paciente pode realizar o registro e encaminhar para seu médico, tornando o processo mais rápido.

Como é o tratamento da arritmia

O tratamento deve ser iniciado com medidas de melhoria da qualidade de vida.

Entre elas, estão maneirar no álcool, abolir totalmente o cigarro, dormir bem, fazer atividade física e comer de forma equilibrada. Isso será fundamental para o sucesso da terapêutica.

As taquicardias podem ser tratadas com algumas medicações chamadas de fármacos antiarrítmicos, que auxiliam no controle do ritmo.

No entanto, a ablação por cateter é uma alternativa bem atrativa. Essa estratégia visa eliminar o foco arritmogênico e, muitas vezes, pode oferecer a cura da arritmia.

Em alguns casos de arritmias ventriculares associadas à doença cardíaca, o tratamento pode ser complementado por um cardioversor desfibrilador implantável (CDI).

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O CDI é um dispositivo que monitora o ritmo cardíaco e, na ocorrência de um evento arrítmico grave, ele dispara um choque para o retorno ao ritmo normal, evitando a morte do paciente.

O marcapasso também é uma possibilidade nos casos em que os batimentos estão muito lentos ou há pausas inapropriadas.

*Fatima Dumas Cintra é cardiologista, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas – SOBRAC

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