O ano é 2021, e a corrida espacial está a todo vapor. Dessa vez, a briga não é de Estados Unidos contra União Soviética, mas de três bilionários que querem muito ir para o espaço. Elon Musk com a SpaceX, Jeff Bezos com a Blue Origin e o menos famoso Richard Branson, fundador da Virgin Galactic, eram expoentes do chamado “turismo espacial”, que se propunha a levar civis comuns para um rolê fora da Terra.
Deu razoavelmente certo. Naquele ano, os três conseguiram alavancar seus projetos: Branson foi o primeiro; a bordo da VSS Unity junto de outros tripulantes, realizou um voo suborbital de 20 minutos e 86 km de altitude. Bezos veio logo em seguida, com um voo mais curto, porém mais alto, com 107 km. Musk demorou mais dois meses; mas, diferente dos concorrentes, colocou a tripulação em órbita por três dias.
A corrida do turismo espacial virou uma caminhada – deu uma esfriada nos últimos anos. Contudo, Branson não quer deixar a peteca cair. Depois de quase dois anos após o voo pioneiro, a Virgin Galactic retomou o turismo espacial. O VSS Unity decolou de novo, dessa vez, com uma tripulação de dois pilotos e quatro funcionários da Virgin Galactic.
É o mesmo tipo de voo realizado em 2021, chamado de voo suborbital. É diferente de uma ida à Lua ou à ISS – está mais para um bate-volta do que uma viagem.
Voo suborbital?
Funciona assim: primeiro, um avião modificado, batizado de Eve, carrega a nave espacial até 15 km de altitude; depois, o VSS Unity se lança horizontalmente a partir da Eve e sobe sozinho o resto da distância. Bem diferente dos lançamentos verticais que costumamos associar a voos espaciais.
O novo lançamento repetiu o marco do primeiro, chegando a 80 km de altitude. A nave, dependendo da legislação, até alcançou o espaço – segundo a Federação Internacional de Aeronáutica (FIA), a fronteira é 100 km de altura, mas os EUA são um dos poucos países que já consideram 80 km fora do planeta.
Seja como for, nessa altura já é possível confirmar que a Terra não é plana – e sentir, no retorno, a imponderabilidade, que é o nome cientificamente mais preciso para a ilusão de gravidade zero.
Quando a nave alcança o ápice da trajetória, ela entra em queda livre, e tudo dentro dela começa a ir em direção ao chão. Tudo mesmo. Até o ar acompanha o movimento. É por causa disso que os tripulantes não sentem o próprio peso, e podem flutuar livremente.
Para alguns endinheirados, essa experiência justifica o preço da passagem: uma bagatela de US$ 450 mil, mais de R$ 2 milhões. A Virgin Galactic já vendeu 800 passagens para futuros passageiros.
A empresa de Branson espera que o sucesso desse segundo teste marque o início das viagens para pagantes, possivelmente no final de junho. A companhia ainda não iniciou os voos comerciais, o que é preocupante: nos últimos anos, ela vem perdendo dinheiro.
A Virgin Orbit, uma empresa irmã da Virgin Galactic focada no lançamento de satélites, entrou com pedido de falência em abril. Em janeiro, ela falhou em colocar em órbita o primeiro foguete lançado a partir do Reino Unido. Nesta semana, foi anunciada a venda dos ativos da Virgin Orbit para várias outras empresas espaciais comerciais.
A Virgin Galactic não é a única que deu uma pausa no turismo espacial. Sua concorrente direta, a Blue Origin, não faz outro lançamento desde que seu foguete explodiu em 2022, durante um voo não tripulado. A empresa de Bezos completou cinco voos tripulados para o espaço – além do primeiro, que contou com Bezos na tripulação.
Virgin Galactic retoma testes de voo turístico à fronteira do espaço Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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